Estudando
as relações entre a comunidade paracatuense e a mineradora RPM/Kinross
Márcio
José dos Santos
Em 18
de março passado, fomos surpreendidos pela convocação de uma audiência pública
para a apresentação de um estudo epidemiológico a respeito de contaminação por
arsênio em Paracatu. Tomamos conhecimento dos resultados através da imprensa:
não há contaminação ambiental em Paracatu e, muito menos, pessoas vitimizadas
por ela. O jornal O Movimento foi o único a levantar questionamentos; de resto,
a imprensa “chapa branca” deixou claro que a sociedade paracatuense pode ficar
tranqüila, porque temos um meio ambiente saudável e puro, apesar de vivermos ao
lado da maior mina de ouro a céu aberto do mundo.
Através
de um vídeo que circula na Internet, temos os depoimentos de agentes públicos,
que também asseguram a tranquilidade. O promotor de meio ambiente em Paracatu
comentou: “Naquilo que estava a sociedade alarmada, com câncer, com arsênio
causando câncer, isso a sociedade pode ficar tranqüila, porque nessa pesquisa
não houve qualquer indicador que pudesse trazer preocupação.”
Quer
dizer então, caro leitor, que foi tudo alarme falso? A confiarmos naquilo que
foi apresentado, sim. Mas, siga comigo nos questionamentos seguintes.
A
Prefeitura Municipal (administração anterior, 2010) contratou, para a
realização do estudo epidemiológico a Fundação de
Ciência, Aplicações e Tecnologia Espaciais (FUNCATE), instituição que não tem
estrutura e nem quadros qualificados, e que jamais realizou tal tipo de
trabalho. Por não ter competência para a realização de estudo epidemiológico, a
FUNCATE fez parceria com o CETEM - Centro de Tecnologia Mineral – que também
não tem competência nesta área, uma vez que sua especialidade são estudos de
beneficiamento mineral. Daí, nosso primeiro questionamento: por que contratar empresas sem qualquer experiência documentada em
estudos clínico-laboratoriais de intoxicação crônica de populações humanas por
arsênio e outros contaminantes ambientais?
Entretanto,
poderíamos relacionar dezenas de instituições brasileiras com experiência e
competência em estudos epidemiológicos, em especial universidades públicas e a
Fundação Osvaldo Cruz. Mas, a Prefeitura contratou, sem licitação e sem apresentação de orçamento detalhado, duas empresas sem competência nesta
área. Uma delas, o CETEM, que desde o início da lavra na Mina Morro do Ouro em
Paracatu até os dias atuais, tem prestado serviços como contratado da
mineradora Rio Paracatu Mineração e sua sucessora Kinross. Essa relação
histórica, direta, estreita, intensa e persistente entre Kinross e CETEM
claramente o desqualifica para executar um estudo cujos resultados poderiam, em
princípio, trazer enorme prejuízo à Kinross. O conflito de interesses aqui é
evidente.
Pelo
fato de contratar sem licitação, utilizando recursos do governo federal para a
realização do estudo epidemiológico, o Ministério Público Federal abriu o Inquérito Civil Público número
1.22.006.000288/2010-20,
ao qual responde a Prefeitura Municipal.
Nenhum
de nós, cidadãos comuns de Paracatu, jamais teve acesso ao relatório do estudo
epidemiológico. Esta é uma situação que fere um princípio da Ciência, porque
qualquer trabalho que se pretenda científico tem que ser apresentado em fórum
adequado para que seja analisado, contestado ou validado. Levado a uma
“audiência de cartas marcadas” de um grupo disposto a acreditar, a “publicação” dos resultados e conclusões do
estudo foi precipitada, ferindo a ética e o modus
operandi da Ciência.
Também
feriu o princípio da transparência da administração pública, pois o estudo foi
contrato pela Prefeitura, usando recursos públicos, e, como tal, uma cópia de
inteiro teor deveria ser disponibilizada ao público. Aí, então, poderíamos
avaliá-lo, porque nesta questão do arsênio não somos apenas interessados,
podemos também ser vítimas. Uma audiência pública
com a presença de leigos, promotores desinformados e políticos sugestionados, sem
documentos que possam ser analisados, não é fórum adequado para assunto desta
relevância.
Pelo
que pudemos saber a partir daquilo que foi divulgado, um dos procedimentos
metodológicos da pesquisa – dosagens de arsênio em amostras de cabelo humano –
não é confiável, porque estão sujeitas a erros
sistemáticos e não permitem a reprodução das análises. Por isto, nenhum estudo
epidemiológico clínico-laboratorial sério pode ser baseado em medições feitas a
partir de amostras de cabelos, como se fez em Paracatu.
Uma situação
intrigante é constatar que, enquanto a representante do CETEM na Audiência
afirmou que “a população
não está exposta a níveis de arsênio acima dos limites estabelecidos”, o
prefeito municipal, entrevistado pela imprensa, disse que existem “áreas de
contaminação a índices aceitáveis” e que “vamos começar a trabalhar para que
esse índices comecem a baixar”. Ora, tem algo turvo nestas afirmações: o que
seriam essas áreas de contaminação? Se estão contaminadas, isto seria
aceitável?
Mas,
as pérolas que reservamos para o final deste texto são os depoimentos de dois
vereadores. Um deles afirmou: “Como comentei na Tribuna, são pessoas de má-fé
que alarmam a nossa comunidade; nós, vereadores, estamos cobrando, e você em
casa pode ficar tranqüilo, porque em relação ao arsênio nós estamos
controlados”. Pois bem, senhor vereador, “pessoas de má-fé” são pessoas como
eu, que exercem seu direito de cidadão de questionar o poder de mando que
subjuga nossa cidade? Os vereadores estão cobrando – cobrando o quê? – se o
senhor mais não faz que tentar ofender a quem cobra àqueles que contaminam para
auferir lucros?
Outro
vereador afirma, cheio de fé: “Hoje, aquele medo, aquele mito, foi de fato
extinto, porque em pesquisa, com dados, a gente não questiona. Pesquisa a gente
respeita e aceita.” A fé não comporta dúvida. Então, pesquisa é como um
documento religioso, sagrado: não pode ser questionada e aceitá-la é um ato de
fé.
Disciplina,
obediência e dominação – são os aspectos do exercício do poder, de acordo com o
sociólogo alemão Max Weber. Nada mais simbólico do poder da Kinross sobre a sociedade
paracatuense do que a Audiência Pública de 18 de março.
Este texto foi publicado no jornal O Movimento, ed. 457, de 16 de maio a 20 de junho, pág. 2.
Este texto foi publicado no jornal O Movimento, ed. 457, de 16 de maio a 20 de junho, pág. 2.
3 comentários:
Diagnóstico
Arsénio pode ser medido no sangue ou urina para monitorar a exposição ambiental e ocupacional excessiva, confirmar um diagnóstico de envenenamento em vítimas hospitalizadas ou para ajudar na investigação forense em um caso de sobredosagem fatal. Algumas técnicas analíticas são capazes de distinguir orgânica de formas inorgânicas do elemento. Compostos de arsénio orgânicos tendem a ser eliminada na urina na forma inalterada, enquanto que as formas inorgânicas são em grande parte convertidos em compostos de arsénio orgânicos no corpo antes da excreção urinária. O índice de exposição biológica atual de trabalhadores norte-americanos de 35 ug / L arsênio urinário total pode facilmente ser ultrapassado por uma pessoa saudável de comer uma refeição de frutos do mar.
Os testes estão disponíveis para diagnosticar envenenamento por arsênico na medição de sangue, urina, cabelo e unhas. O exame de urina é o teste mais confiável para a exposição ao arsênico nos últimos dias. O exame de urina precisa ser feito dentro de 24-48 horas para uma análise precisa de uma exposição aguda. Testes em cabelos e unhas pode medir a exposição a altos níveis de arsênico nos últimos 6-12 meses. Estes testes podem determinar se um tiver sido expostos a níveis acima da média de arsênico. Eles não podem prever, no entanto, se os níveis de arsênico no corpo irá afetar a saúde. Arsénio exposição crónica pode permanecer nos sistemas do corpo por um longo período de tempo de um prazo mais curto ou mais isolados de exposição e pode ser detectada num período de tempo mais longo após a introdução do arsénio, importante na tentativa de determinar a fonte da exposição.
O cabelo é um bioindicador potencial de exposição ao arsênico, devido à sua capacidade de armazenar elementos traço de sangue. Elementos incorporados manter a sua posição durante o crescimento do cabelo. Assim, para uma estimativa temporal da exposição, um doseamento da composição do cabelo tem de ser efectuada com um único fio de cabelo, que não é possível com as técnicas mais antigas que requerem homogeneização e dissolução de vários fios de cabelo. Este tipo de biomonitoramento foi atingido com mais recentes técnicas de microanálise como X baseado espectroscopia de fluorescência de raios radiação síncrotron e emissão de raios X Microparticle induzida .O feixes altamente focadas e intensas estudar pequenas manchas de amostras biológicas que permitem analisar a nível micro, juntamente com a especiação química. Num estudo, este método tem sido utilizado para seguir nível de arsénio antes, durante e após o tratamento com óxido de arsénio em pacientes com leucemia promielocítica aguda.
Tratamento
Quelação
Os métodos químicos e sintéticos são utilizados para tratar o envenenamento. Dimercaprol e ácido dimercaptossuccínico são agentes que sequestram o arsénio distância a partir de proteínas de sangue e são utilizados no tratamento de envenenamento agudo arsénio quelantes. O efeito colateral mais importante é a hipertensão. Dimercaprol é consideravelmente mais tóxico do que o succimer. Monoésteres DMSA, e.g. MiADMSA, são antídotos promissoras para o envenenamento por arsênico. Edetato de sódio e cálcio também é utilizada.
Diagnóstico
Arsénio pode ser medido no sangue ou urina para monitorar a exposição ambiental e ocupacional excessiva, confirmar um diagnóstico de envenenamento em vítimas hospitalizadas ou para ajudar na investigação forense em um caso de sobredosagem fatal. Algumas técnicas analíticas são capazes de distinguir orgânica de formas inorgânicas do elemento. Compostos de arsénio orgânicos tendem a ser eliminada na urina na forma inalterada, enquanto que as formas inorgânicas são em grande parte convertidos em compostos de arsénio orgânicos no corpo antes da excreção urinária. O índice de exposição biológica atual de trabalhadores norte-americanos de 35 ug / L arsênio urinário total pode facilmente ser ultrapassado por uma pessoa saudável de comer uma refeição de frutos do mar.
Os testes estão disponíveis para diagnosticar envenenamento por arsênico na medição de sangue, urina, cabelo e unhas. O exame de urina é o teste mais confiável para a exposição ao arsênico nos últimos dias. O exame de urina precisa ser feito dentro de 24-48 horas para uma análise precisa de uma exposição aguda. Testes em cabelos e unhas pode medir a exposição a altos níveis de arsênico nos últimos 6-12 meses. Estes testes podem determinar se um tiver sido expostos a níveis acima da média de arsênico. Eles não podem prever, no entanto, se os níveis de arsênico no corpo irá afetar a saúde. Arsénio exposição crónica pode permanecer nos sistemas do corpo por um longo período de tempo de um prazo mais curto ou mais isolados de exposição e pode ser detectada num período de tempo mais longo após a introdução do arsénio, importante na tentativa de determinar a fonte da exposição.
O cabelo é um bioindicador potencial de exposição ao arsênico, devido à sua capacidade de armazenar elementos traço de sangue. Elementos incorporados manter a sua posição durante o crescimento do cabelo. Assim, para uma estimativa temporal da exposição, um doseamento da composição do cabelo tem de ser efectuada com um único fio de cabelo, que não é possível com as técnicas mais antigas que requerem homogeneização e dissolução de vários fios de cabelo. Este tipo de biomonitoramento foi atingido com mais recentes técnicas de microanálise como X baseado espectroscopia de fluorescência de raios radiação síncrotron e emissão de raios X Microparticle induzida .O feixes altamente focadas e intensas estudar pequenas manchas de amostras biológicas que permitem analisar a nível micro, juntamente com a especiação química. Num estudo, este método tem sido utilizado para seguir nível de arsénio antes, durante e após o tratamento com óxido de arsénio em pacientes com leucemia promielocítica aguda.
Tratamento
Quelação
Os métodos químicos e sintéticos são utilizados para tratar o envenenamento. Dimercaprol e ácido dimercaptossuccínico são agentes que sequestram o arsénio distância a partir de proteínas de sangue e são utilizados no tratamento de envenenamento agudo arsénio quelantes. O efeito colateral mais importante é a hipertensão. Dimercaprol é consideravelmente mais tóxico do que o succimer. Monoésteres DMSA, e.g. MiADMSA, são antídotos promissoras para o envenenamento por arsênico. Edetato de sódio e cálcio também é utilizada.
http://finslab.com/enciclopedia/letra-e/envenenamento-por-arsenico.php
Grato, Galeno, pelo comentário esclarecedor. Você, com seus conhecimentos do assunto, poderia indicar aos leitores algum laboratório, em MG, bem qualificado para realização de exames de As e metais pesados?
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