Blog do Professor Márcio

Seja bem vindo. Gosto de compartilhar ideias e sua visita é uma contribuição para isto. Volte sempre!

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Bem-vindo 2011

Hoje o dia amanheceu trazendo uma chuva pesada, que se estendeu pra lá da hora do almoço. Pouca gente nas ruas, a água escoando sobre as calçadas. Ainda assim, havia fila nas casas lotéricas, a Mega-Sena da Virada prometendo 200 milhõess aos sortudos. Existe algo mais poderoso do que a esperança? Dizem que é a última que morre. Mesmo diante da improbabilidade de acertar míseros seis números, lá está ela, nos seduzindo com a força capaz de nos levantar da cama numa manhã tempestuosa, só porque há uma remotíssima chance da gente começar o Ano Novo com uma conta bancária astronômica.

Se é que não vou mesmo ganhar a loteria, ficarei com esta linda, reflexiva e sonharoramente realista mensagem de Ano Novo do mineiro poeta Carlos Drummond de Andrade:

"Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para adiante vai ser diferente".

Portanto, mesmo que não acredite, não deixe que a esperança morra, porque um Ano Bom pode estar lhe esperando. É o que lhe desejo: FELIZ 2011!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Mensagem de Final de Ano


Recebi um belo texto, enviado pelo meu amigo José Emiliano Lopes, inspirado em publicação de uma comunidade na internet. Publico-o como mensagem para os visitantes do meu blog, desejando que todos nos esforcemos para sempre praticar o ensinamento ali contido.

"Sidarta Gautama, o Buda, teve um discípulo de nome Hantaka que se tornou famoso pela prática do budismo, mas não por sua pregação. Eis sua história:

Hantaka tinha dificuldade de aprender os ensinamentos budistas. Apesar de Buda ter designado, por três anos, orientadores para treiná-lo, Hantaka quase nada aprendeu dos conceitos ensinados. Então, Buda resolveu ele mesmo orientá-lo e o chamou para uma conversa entre mestre e discípulo. Nessa ocasião, Buda lhe disse:

-Olha, Hantaka, você não prescisa aprender muitas coisas.

Os olhos de Hantaka brilharam com muito interesse, e o mestre continuou:

- Eu quero que você aprenda somente uma coisa: jamais usar palavras negativas.

Hantaka se esforçou na aplicação desse ensinamento por toda a vida e um dia tornou-se um grande mestre."

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O arco-íris pousou sobre a minha casa

Sol com chuva, casamento da viúva! Era assim que nos tempos de criança a gente corria alegre pelas ruas, esperando que o casamento acabasse num lindo arco-íris. Uma pintura de cor no céu era como um sorriso no rosto, capaz de espalhar a felicidade, pois tudo é possível imaginar quando se tem a alma sonhadora:
arco-da-aliança,
arco-da-chuva,
arco-da-velha,
arco-da-viúva...
o céu festejando a vida.

Vermelho, lá vai violeta! Foi assim que a professorinha nos ensinou guardar a sequência das cores: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, índigo e violeta. A cartilha escolar queria nos convencer que arco-íris era apenas um fenômeno óptico e metereológico, uma difração do espectro da luz solar, nada mais que uma ilusão.

O que contava, porém, eram as histórias do pote de ouro, um pote encantado, enterrado bem ao pé do arco-íris, que fugia do lugar quando a gente ia buscá-lo. Os mais velhos nos garantiam que quem se atrevesse a cortar o arco, separar as listras ou passar por baixo dele, se mulher, ia virar homem; se homem, ia virar mulher... e isto ninguém queria. Então, a gente ficava entre o sonho do pote de ouro e o medo de se arriscar.


Mas hoje o dia seguiu quente e cansado do sol de verão, com um fim de tarde ameaçando chover lá pras bandas do leste. Como mineiro lhe garanto que “num tô me queixano sô, purque sem só-quente o fejão num bageia e o milhará num amareleia”. Mas não é que o arco-íris só tem quando chuvisca? Foi aí que eu me vi criança, pois o 'casamento da viúva' foi festejado com um lindo arco-íris, uma ponta pousada sobre o telhado da minha casa. Se você duvida, veja a foto. Eu não tive dúvida: exatamente ali ele escondeu um resplandecente pote de ouro puro... ou será um pote de melado... ou um pote de farinha... ou um pote d’água bem friinha?...

Marcadores: arco-iris; crônica; folclore.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Manifesto dos ambientalistas ao Governador de Minas

Amig@s,

Um grupo de ambientalistas mineiros enviou um manifesto dirigido ao Governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, indicando princípios previamente debatidos e compartilhados por pessoas com diferentes visões sobre a questão ambiental em Minas Gerais.

Um dos líderes desse movimento, Gustavo Gazzinelli, membro do "Movimento pelas Serras e Águas de Minas", distribuiu uma mensagem afirmando que o manifesto “expressa um bom começo para sairmos dessa lama que se tornou o licenciamento ambiental em Minas Gerais - totalmente subsidiário dos setores econômicos que estão fazendo a política de terra arrasada.”

Se você se preocupa com o avanço da degradação ambiental em nosso País, onde se destaca a atividade agressiva e nefasta das mineradoras, clique AQUI para ler. Mais: aproveite também para assinar o Manifesto por uma nova política ambiental em Minas Gerais.

Estamos empenhados em uma campanha aberta de adesões ao manifesto. Portanto, se você concordar com o conteúdo, assine-o e replique-o para a sua rede de contatos. Neste momento de mudanças na gestão político-administrativa do Estado é muito importante fazer soar a nossa voz em defesa do patrimônio natural de Minas Gerais.

Marcadores:ambientalismo; manifesto; minas gerais.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A Prosperidade do Vício

"Dos tempos mais antigos à derrocada do sistema hipotecário americano, a humanidade percorre um caminho de altos e baixos na qualidade de valores que orientam a vida econômica."
Olga de Mello

Publicada em 1801, a novela "Juliette ou as Prosperidades do Vício", de Donatien Alphonse François, o Marquês de Sade, conta a história de uma jovem que despreza os valores morais vigentes e passa a viver para satisfazer seus próprios desejos, sem qualquer consideração pelos que a cercam. Por "Juliette" e outro livro, "Justine e os Infortúnios da Virtude", Sade foi encarcerado durante seus últimos 13 anos de vida em um hospício. A personagem Juliette, no entanto, não sofreu as mesmas sanções que o autor, pois, filha de um banqueiro, obteve a complacência da Justiça. A metáfora para a ganância de uma sociedade que adapta seus padrões éticos de acordo com os ganhos financeiros está em "A Prosperidade do Vício - Uma Viagem (Inquieta) pela Economia", do economista francês Daniel Cohen.

"O título de Sade, para os economistas, remete a Malthus, para quem a prosperidade é alcançada através do controle populacional. Guerras, epidemias e outros males seriam, então, benéficos para a sociedade", diz Cohen, que traça a história da economia ocidental, enquanto reflete sobre a relação do dinheiro com a satisfação.

"Depois que se ultrapassa um certo patamar, a riqueza não altera os níveis de frustração. A pressão social faz as pessoas sempre desejarem ter mais dinheiro que os vizinhos", afirmou Cohen, em entrevista ao Valor Econômico.

O dinheiro que compra a conivência com a transgressão também modificou conceitos morais, mas nem sempre visando apenas o bem-estar de pequenos grupos, observa Cohen.

"No século XVIII, na Europa, houve uma modificação do status moral da ganância, que passou a não ser mais considerada um mal, um vício, já que traria prosperidade e paz", diz o economista. Entretanto, a história mostra que paz e prosperidade nem sempre caminham juntas, lembra Cohen - tanto que justamente durante uma época de "prosperidade partilhada" eclodiu a Primeira Guerra Mundial. Se a Europa hoje se apresenta como o continente da paz e da prosperidade, diz Cohen, "é ao preço de uma formidável amnésia de seu passado recente". Para o economista, o maior risco no século XXI é a repetição, em nível planetário, da história do Ocidente, que, em quatro séculos de proeminência europeia sobre outros povos, terminou na barbárie da Segunda Guerra Mundial.

Vice-presidente da École d'Économie de Paris e professor da École Normale Supérieure, Cohen alterna observações históricas e esclarecimentos de economia em linguagem acessível a leigos. Um exemplo está nas páginas em que ilustra o perigo do consumismo desenfreado, que considera uma droga com milhões de dependentes e poder suficiente para "destruir nossa civilização".

Cohen sugere aos leitores que imaginem as consequências para a Terra se os chineses que utilizam bicicletas decidissem trocá-las por automóveis:

"O planeta não consegue absorver tantos consumidores sem uma radical reorientação das normas em que se baseiam nossos padrões de crescimento. Hoje, na nova era do vício, para obter relevância social é preciso crescer financeiramente, ou seja, enriquecer ou perecer".

O economista responsabiliza a avidez por consumo das famílias americanas por seu "formidável endividamento" e pela derrocada do sistema hipotecário, que resultou na crise financeira global.

O pessimismo de Cohen quanto ao futuro de um planeta exaurido pela ocupação predatória dos povos é compensado por sua confiança nos propósitos conservacionistas das novas gerações, ainda que faça ressalvas a formas de uso da internet, onde "florescem tanto os laços entre amantes de música quanto redes de pedófilos". Cohen ressalta que nada tem contra a rede, cuja criação considera tão importante quanto a invenção da máquina a vapor e da eletricidade, há 200 anos.

Para Cohen,
"Os novos recursos sociais que a internet proporciona são, no mínimo, ambíguos. Os jovens estão ansiosos para usufruir de seus 15 minutos de fama, enquanto prostituição e dinheiro se apresentam como valores em qualquer canto da rede. É o mesmo velho mundo, com uma nova roupagem. O que anima é que esses mesmos jovens acreditam na necessidade da proteção ambiental. Isso faz parte da cultura deles, exatamente como acontece com a internet."

Embora se mostre descrente, Cohen tem esperanças de que haja cooperação entre os povos para reduzir as agressões ao ambiente. "Em tempos de crise, alinhar-se é uma regra difícil, pois significa fazer concessões para o bem público. A cooperação é a principal questão problemática no mundo atual. (...)

Texto extraído de: A riqueza material espelhada na perda dos sentimentos morais, de Olga de Mello para Valor On Line, 7/12/2010.

DANIEL COHEN. A Prosperidade do Vício - Uma Viagem (Inquieta) pela Economia. Tradução de Wandyr Hagge. Zahar. 200 págs., R$ 34,00

Marcadores: meio ambiente; desenvolvimento; sustentabilidae;riqueza.