Blog do Professor Márcio

Seja bem vindo. Gosto de compartilhar ideias e sua visita é uma contribuição para isto. Volte sempre!

sábado, 31 de dezembro de 2016

Para Walderez

A UM AUSENTE
Carlos Drummond de Andrade 
[...]
Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.


segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Divulgado relatório sobre resíduos de agrotóxicos em alimentos

Programa de Análises de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, o PARA, avaliou mais de 12 mil amostras de alimentos ao longo de três anos. Pela primeira vez, o documento revela o risco dos resíduos para a saúde.
Quase 99% das amostras de alimentos analisadas pela Anvisa, entre o período de 2013 e 2015, estão livres de resíduos de agrotóxicos que representam risco agudo para a saúde. O dado faz parte do relatório do Programa de Análises de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, o PARA, divulgado pela Agência nesta sexta-feira (25/12), em Brasília. No total, foram 12.051 amostras monitoradas nos 27 estados do Brasil e no Distrito Federal.
Esta é a primeira vez que a Anvisa monitora o risco agudo para saúde, uma vez que, nas edições anteriores do PARA, as análises tinham o foco nas irregularidades observadas nos alimentos. O risco agudo está relacionado às intoxicações que podem ocorrer dentro de um período de 24 horas após o consumo do alimento que contenha resíduos. Este novo tipo de avaliação, que já vem sendo feito na Europa, Estados Unidos, Canadá etc., leva em consideração a quantidade de consumo de determinado alimento pelo brasileiro.
Foram avaliados cereais, leguminosas, frutas, hortaliças e raízes, totalizando 25 tipos de alimentos. O critério de escolha foi o fato de que estes itens representam mais de 70% dos alimentos de origem vegetal consumidos pela população brasileira, conforme detalhados na tabela a seguir.


O que foi encontrado?

Um dos alimentos com maior quantidade de amostras analisadas foi a laranja. Vigilâncias sanitárias de estados e municípios realizaram a coleta de 744 amostras em supermercados de todas as capitais do País. No montante avaliado, 684 amostras foram consideradas satisfatórias, sendo que, dessas, 141 não apresentaram resíduos.
Uma das situações de risco identificadas na laranja está relacionada ao agrotóxico carbofurano, que passa por processo de reavaliação na Anvisa. É a substância presente nas amostras que mais preocupa quanto ao risco agudo, sendo que 11% das amostras de laranja apresentaram situações de risco relativas ao carbofurano.
O agrotóxico carbendazim é outro que merece atenção quanto ao risco agudo. Os resultados do programa revelaram que em 5% das amostras de abacaxi há potencial de risco relacionado à substância.
Um aspecto importante é que as análises do programa sempre são feitas com o alimento inteiro, incluindo a casca, que, no caso da laranja e do abacaxi, não é comestível. Ou seja, com a eliminação da casca, a possibilidade de risco é diminuída. Isso porque alguns estudos trazem indícios de que a casca da laranja tem baixa permeabilidade aos principais agrotóxicos detectados, de modo que a possiblidade de contaminação da polpa é reduzida.
Já para os demais produtos, como a abobrinha, o pimentão, o tomate e o morango, o risco agudo calculado foi considerado aceitável em quantidade superior a 99% das amostras.
As irregularidades apontadas no relatório, apesar de não representarem risco apreciável à saúde do consumidor do ponto de vista agudo, podem aumentar os riscos ao agricultor, caso ele utilize agrotóxicos em desacordo com as recomendações de uso autorizadas pelos órgãos competentes.
As irregularidades também podem indicar uso excessivo do produto ou mesmo a colheita do alimento antes do período de carência descrito na bula do agrotóxico. As situações de contaminação por deriva, contaminação cruzada e solo, entre outros, também podem ocasionar a presença de resíduos irregulares nos alimentos, principalmente nos casos em que os resíduos são detectados em concentrações muito baixas.

O que é o PARA?

O PARA foi iniciado em 2001, com o objetivo de avaliar os níveis de resíduos de agrotóxicos nos alimentos de origem vegetal que chegam à mesa do consumidor. O programa é coordenado pela Anvisa, que atua em conjunto
com as vigilâncias sanitárias de estados e municípios e com os Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacens).
As vigilâncias sanitárias realizam os procedimentos de coleta dos alimentos disponíveis no mercado varejista e os enviam aos laboratórios para análise. O objetivo é verificar se os alimentos comercializados apresentam agrotóxicos autorizados em níveis de resíduos dentro dos Limites Máximos de Resíduos (LMR) estabelecidos pela Anvisa. Atualmente, o PARA acumula um total de mais de 30 mil amostras analisadas, distribuídas em 25 alimentos de origem vegetal.

Com os resultados, o que acontece?

Os resultados obtidos no PARA contribuem para a segurança alimentar d a população. Quando são encontrados riscos para a saúde, uma das ações da Agência é verificar qual ingrediente ativo contribuiu decisivamente para o risco e, assim, proceder às ações mitigatórias, como fiscalização, fomento de ações educativas à cadeia produtiva, restrições ao uso do agrotóxico no campo e, até mesmo, incluir o ingrediente ativo em reavaliação toxicológica. Ou seja, reavaliar a anuência do registro do agrotóxico no país do ponto de vista da saúde.
A Anvisa não atua sozinha nesta questão. Para que os agrotóxicos sejam registrados, a Agência avalia essas substâncias do ponto de vista do risco para a saúde humana. Já o Ibama avalia a substância pela ótica da possiblidade de danos ao meio ambiente e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) avalia a eficiência do produto no campo e formaliza o registro com o aval dos três órgãos envolvidos.
O PARA ainda municia vigilâncias sanitárias com informações que podem auxiliar em programas estaduais de monitoramento. Também ajuda na identificação de culturas que possuem poucos agrotóxicos registrados em razão do baixo interesse das empresas em registrar produtos para essas culturas, denominadas minor crops ou Culturas de Suporte Fitossanitário Insuficiente (CSFI).
Nesses casos, há normas que simplificam o registro de produtos para essas culturas, melhorando de forma significativa a disponibilidade de
Ingredientes ativos autorizados para as CSFI nos últimos cinco anos. De 2011, quando a primeira norma para CSFI foi publicada, até hoje, mais de 900 novos LMRs de ingredientes ativos de relativa baixa toxicidade foram estabelecidos para as mais diversas culturas consideradas de baixo suporte fitossanitário no país.

Perspectivas para o futuro

Nos próximos anos, o PARA pretende aumentar o número de alimentos monitorados de 25 para 36, os quais terão abrangência de mais de 90% dos alimentos de origem vegetal consumidos pela população brasileira, segundo dados do IBGE. O número de amostras coletadas também se ajustará à realidade de consumo de cada alimento em cada estado.
Além disso, o programa ampliará o número de agrotóxicos pesquisados nas amostras, incluindo substâncias de elevada complexidade de análise, como glifosato e o 2,4-D, entre outras.
A Agência também está acompanhando o desenvolvimento de metodologias para avaliação do risco cumulativo, ou seja, quais são os riscos à saúde resultantes da ingestão de alimentos contendo resíduos de diferentes agrotóxicos com mesmo efeito tóxico.
A Europa, nos últimos anos, tem trabalhado no desenvolvimento de metodologia para avaliar esse tipo de risco e deve publicar no próximo ano os primeiros resultados dessa avaliação, segundo informações disponíveis no site da Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA).
Clique aqui e acesse o relatório do PARA na íntegra ou clique aqui e confira uma síntese do documento.
Fonte: Anvisa

in EcoDebate, 28/11/2016

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

A Nossa Guerra Assimétrica Contra A Natureza

danos ambientais
Artigo De Enzo Scandurra
by Redação - 9/11/2016
“Apenas se levantarmos o olhar para além dos anos que definem uma vida, entenderemos que a natureza não pode ser domesticada, tem os seus ritmos, a sua vida: chamaram-na de Gaia pensando-a como um gigantesco organismo vivo.”
A opinião é do engenheiro civil italiano Enzo Scandurra, professor de desenvolvimento sustentável para o ambiente e o território da Universidade de Roma “La Sapienza”, em artigo publicado no jornal Il Manifesto, 03-11-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
Estão em curso duas grandes guerras: a dos homens contra outros homens e a dos homens contra a natureza. Aparentemente diferentes, combatidas com armas diferentes, elas estão reunidas sob o mesmo objetivo: o domínio. A primeira guerra continua até hoje de modo totalmente semelhante ao passado; a diferença está nas armas utilizadas. Não mais apenas armas de fogo; agora, com armas financeiras mais poderosas, capazes de colocar povos inteiros de joelhos, fazê-los passar fome sem derramar sangue.
E há uma luta contra a natureza que tem data mais recente. Desde que o homem, tendo entrado na Modernidade, imaginou ter que ser o proprietário do planeta que o gerou: o Livro da Natureza está escrito nos símbolos da matemática, afirmava Galileu. Uma guerra, desta vez, “justificada” pela necessidade do Desenvolvimento e do Progresso: século soberbo e tolo, chamara Leopardi esta nova era de domínio do homem.
Agora, essas duas guerras se unificaram em uma única guerra: a guerra contra a vida ou contra a Criação (para quem tem fé), seja ela representada por humanos, seja por todas as formas de manifestação da natureza. As duas guerras se unificaram a tal ponto que é difícil distinguir uma da outra. Os migrantes são a prova disso: há muitos que defendem que eles são todos migrantes ambientais, ou seja, fogem de territórios que tornaram inóspitos por causa das mudanças climáticas, pela exploração excessiva de recursos por parte dos Conquistadores (raça especial de humanos), por falta de comida, água, por ditaduras odiosas.
A segunda dessas guerras terá um fim já marcado: a vitória da natureza, porque é uma guerra assimétrica, porque a criatura que destrói o ambiente destrói a si mesma; é como cortar o galho da árvore sobre o qual estamos sentados. Não temos outro planeta para emigrar: apenas este nos é dado. É ainda Bateson que nos lembra que vivemos em uma casa de vidro, e, em uma casa de vidro, antes de atirar pedras, é preciso pensar bem.
O “monstro” foi chamada aquela força obscura e poderosa que nasce das vísceras do planeta e atinge às cegas o solo onde a vida se desenvolve, sacudindo-o e contorcendo-o como se fosse papelão; redesenhando novas geografias, indiferente a tudo o que o homem produziu, incluindo as suas obras de arte. E só o fato de tê-lo definido como “monstro” nos faz parecer crianças assustadas.
Desde sempre, à natureza foi conferido um duplo nome: benigna, quando ela nos dá os seus frutos; maligna, e agora “monstro”, quando revela o seu rosto feroz. Estamos assistindo ao desaparecimento dos Apeninos, alguns profetizam. Mas, antigamente, os Apeninos não existiam. Apenas se levantarmos o olhar para além dos anos que definem uma vida, entenderemos que a natureza não pode ser domesticada, tem os seus ritmos, a sua vida: chamaram-na de Gaia pensando-a como um gigantesco organismo vivo.
Agora, é hora de luto e de silêncios. O domínio sobre a natureza nos parece ser totalmente fora de medida. E faz refletir aquele pastor, ou aquele idoso que não quer abandonar a própria casa. Há uma sabedoria, que nós, modernos, chamamos de inconsciência ou, pior, de ignorância: ele quer continuar convivendo com o “monstro”, como fizeram, antes dele, os seus antepassados. Porque perder a própria casa, o próprio teto e a própria terra é ficar órfãos para sempre, significa morrer órfãos. É preciso um idoso ou um pastor para reconhecer essa sensação, para se sentir em sintonia com a natureza, mesmo quando ela mostra o seu rosto impiedoso e indiferente, e é preciso um vilarejo para viver.
Conviver é o verbo certo; dominar, o errado. A Modernidade confundiu os verbos; a natureza nos restitui as coordenadas certas. Nestes dias, colado à televisão, muitas vezes tenho fiz a mesma pergunta: onde estão os animais naqueles territórios devastados: eles também migraram?

(EcoDebate, 09/11/2016) publicado pela IHU On-line, parceira editorial da revista eletrônica EcoDebate na socialização da informação.
[IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

sábado, 12 de novembro de 2016

REPÚDIO À CRIMINALIZAÇÃO E INTIMIDAÇÃO DE LIDERANÇAS COMUNITÁRIAS

ORGANIZAÇÕES DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS E MOVIMENTOS SOCIAIS MANIFESTAM REPÚDIO À CRIMINALIZAÇÃO E INTIMIDAÇÃO DE LIDERANÇAS COMUNITÁRIAS EM CONCEIÇÃO DO MATO DENTRO/MG

Entidades e atores ligados à defesa, à promoção e à efetivação dos direitos humanos e defensores das lutas por direitos denunciam e repudiam o cenário de violação, intimidação e criminalização das lideranças comunitárias em Conceição do Mato Dentro/MG que realizam o trabalho de mobilização, organização e luta pelos direitos dos atingidos frente ao projeto minerário Minas-Rio, atualmente desenvolvido pela mineradora Anglo American na região.

A situação de intimidação e grave ameaça que vem sofrendo o líder comunitário Elias de Souza denota o contexto de criminalização dos movimentos e lideranças comunitárias que realizam o trabalho crítico em relação à mineradora Anglo American e aos danos causados por sua atividade.
Elias de Souza vem denunciando várias ameaças, perseguições, desqualificação de seu discurso e intimidações desde o início de sua atuação junto às comunidades atingidas do entorno da mineração. Frente ao mais recente processo de licenciamento ambiental referente à Etapa 2 de Otimização da Mina do Sapo, Elias de Souza apontou o significativo agravamento e recorrência das ameaças, perseguições e intimidações, o que vem sendo estendido à sua família, por meio de abordagens, constrangimentos e vigilâncias realizados em seu domicílio.

“Eles ficam virando carro aqui na porta de casa de madrugada; tem marcas de freiada aqui na porta de casa. Já chegaram em minha casa sem avisar, perguntaram por mim, mas minha esposa não sabia quem era. Então resolvi denunciar. Eu tenho medo de que eles façam alguma coisa comigo e com minha família”. (Elias de Souza).

Além do mais, processos de interdito proibitório ajuizados pela mineradora Anglo American colocam como réus Elias de Souza e outras lideranças, com o claro intuito de criminalizar as manifestações e protestos das comunidades. Essa atuação seletiva por parte da mineradora conta com o apoio da força policial, que atua reprimindo o movimento e criminalizando as condutas daqueles que lutam pela efetividade de seus direitos.

Frente a essa situação, a liderança comunitária acionou o Programa de Proteção dos Defensores de Direitos Humanos, com a finalidade de debater sua situação de insegurança e solicitar auxílio. De maneira emergencial, foi promovida a saída de Elias de Souza e de sua família do território onde residem. Por motivos de segurança, o endereço atual não será revelado.

Ressalta-se que Elias de Souza compõe e representa uma parcela da população do município que é a mais afetada pelos danos socioambientais decorrentes da instalação e operação do empreendimento Minas-Rio, tendo em vista a proximidade de suas residências da mina e das estruturas acessórias da mineração, como o mineroduto.

O histórico de exclusão dessa parcela da população, colocada à margem dos processos de poder e sob constante invizibilização e desqualificação de suas demandas e reinvindicações, traz à lume uma série de violações de direitos humanos e fundamentais às quais as comunidades residentes no entorno do empreendimento são submetidas.

O sentimento de insegurança, temor e incerteza quanto ao futuro faz com que os moradores vivam um clima de extrema tensão que, aliado à degradação ambiental, impedem a fruição de direitos fundamentais como acesso à água potável e de qualidade, saúde, segurança, equilíbrio ambiental, dentre outros, o que compromete significativamente sua qualidade de vida.

Como forma de dar visibilidade a esse cenário de violações, intimidação e criminalização das lideranças comunitárias em Conceição do Mato Dentro, foi apresentada a proposta da elaboração da presente Nota Pública Coletiva. As instituições que a subscrevem representam parte de organizações relevantes e expressivas no processo de luta contra os abusos recorrentes em relação à negação e violação dos direitos dos atingidos pelo empreendimento de mineração Minas-Rio.  Dentre suas preocupações, apontam a enorme apreensão com os efeitos no curto e médio prazo sobre as populações atingidas e expostas. Nesse sentido, faz-se importante não perder de vista a dignidade de trabalhadores, comunidades e gerações futuras em defesa do meio ambiente equilibrado e dos direitos humanos.

Destaca-se que Elias de Souza, negro, pobre, atualmente desempregado, pai de dois filhos ainda crianças, é apenas um dos muitos moradores vitimados desse processo. A criminalização de suas condutas em defesa dos direitos humanos e dos direitos dos atingidos pelo empreendimento minerário Minas-Rio reforça a seletividade da atuação do Estado que, aliado ao capital, reprime, sob uma roupagem de legalidade e legitimidade, atos e ações que buscam dar visibilidade às violações de direitos sofridas pelas comunidades.

Assinam a presente nota:

Coletivo Margarida Alves
Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais – GESTA – UFMG
Rede de Articulação  e Justiça Ambiental dos Atingidos pelo Projeto
Minas-Rio da Anglo American – REAJA
Programa Polos de Cidadania – UFMG
Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos – PPDDH

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Analfabeto Político


O pior analfabeto é o analfabeto político...
O analfabeto político é tão burro
Que se orgulha e estufa o peito, dizendo que odeia a política
Não sabe o imbecil que da sua ignorância
Nasce a prostituta, o menor abandonado,
O assaltante e o pior de todos os bandidos
Que é o político vigarista, pilantra,
Corrupto, lacaio
Das empresas nacionais e multinacionais
Ele não ouve, não fala nem participa dos acontecimentos políticos.
                                                              

Bertolt Brecht

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Mariana - um ano de impunidade

Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) realiza agenda de atividades – Um ano de impunidade do crime da Samarco em Mariana (MG)


Estimados(as) parceiros(as) e amigos(as).
O Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB vem através deste, convidá- lo, bem como a sua entidade, a participar e ajudar a divulgar as atividades que serão realizadas na região de Mariana – MG (Bacia do Rio Doce) de 31 de outubro a 5 de novembro de 2016, marcando um ano do Crime da Samarco, dentro da “Jornada Continental pela Democracia e contra o Neoliberalismo”.
É conhecido por todos o crime ocorrido em 5 de novembro de 2015, com o rompimento da barragem de rejeitos da mineração da empresa Samarco (Vale – BHP, causando uma das maiores tragédias socioambientais da historia do Brasil. Destruindo comunidades inteiras, roubando vidas, interferindo no modo de produção tradicional da região, inviabilizando a pesca e tornando um rio totalmente morto. Se analisarmos a perspectiva de construção de relações entre homem e a natureza na promoção de um espaço harmônico ao desenvolvimento saudável e sustentável os impactos na dinâmica social e ambiental de toda Bacia do Rio Doce são graves e imensuráveis.
A luta pelo reconhecimento dos direitos dos atingidos por barragens é histórica, sendo ampliada com o aumento das barragens na Amazônia e com o crime na bacia do Rio Doce em Minas Gerais. Diante dessa situação, e do cenário de retrocesso de direitos do país, se coloca ao MAB a tarefa de construir ainda mais força e unidade nacional para denunciar as violações aos direitos humanos e defender os sujeitos históricos oprimidos para que sigam lutando para proteger seus direitos em defesa da vida.
Desde o primeiro momento após o rompimento da barragem, o MAB tem feito um grande esforço com o objetivo de denunciar o crime, cobrar dos responsáveis (empresas e governos) soluções e acima de tudo acreditar que só os atingidos organizados e em luta podem garantir seus direitos, mesmo que as condições entre atingidos(as) e empresas sejam desiguais. Passado quase um ano, nós não tivemos resoluções, segue a impunidade.
O MAB, juntamente com outras organizações, em um esforço grandioso, está organizando uma marcha, seguida por um encontro e um grande ato no marco do um ano do crime, com o objetivo de continuar denunciando e fortalecer a necessidade da luta e organização dos atingidos para garantir direitos e celebrar a memória dos mortos.
Programação das atividades:
1. MARCHA DE REGENCIA/ES A MARIANA/MG – Saída de Regência dia 31/10 chegada em Mariana dia 2/11. Percorrendo o caminho da lama ao contrário. O trajeto desta marcha tem por objetivo dialogar com a sociedade nos diversos municípios afetados, fazendo panfletagens, conversas com as pessoas, debates em escolas, audiências publicas sobre o crime e o momento atual.
2. ENCONTRO/SEMINÁRIO EM MARINA/MG – dias 3 e 4/11. Durante estes dois dias será feito um amplo debate sobre as verdadeiras causas do crime, a situação de tratamento aos atingidos, ouvindo especialistas, parceiros, apoiadores e os atingidos.
3. ATO PÚBLICO EM BENTO RODRIGUES/MG – (distrito de Mariana inteiramente destruído) no dia 5/11. Este dia será de protesto aberto para afirmar que: “Bento Rodrigues pertence aos moradores e não a Samarco”. Será o momento de fazer um grande ato em memória às vidas que foram roubadas pelo crime e reforçar a solidariedade da luta dos atingidos.
Frente à gravidade da situação, convidamos as pessoas e organizações para fortalecer laços de solidariedade em torno da luta por direitos e denunciar as empresas responsáveis. Portanto, é da máxima importância contar com sua participação, apoio em ajudar na divulgação e somar esforços em construir condições firmes de prosseguirmos com a luta e a organização.
As atividades serão organizadas de forma que os participantes possam acampar. Mais adiante forneceremos mais orientações sobre a infraestrutura e logística conforme formos recebendo confirmações, por ora, apontamos que para aqueles que desejam participar da Marcha, a melhor opção de chegada é no aeroporto de Vitoria/ES. Quem só vai ao encontro em Mariana e o retornar de lá, a melhor opção é o aeroporto de Belo Horizonte/MG.

Grande abraço
Coordenação Nacional do MAB
Mulheres, águas e energia, não são mercadorias!

O MOVIMENTO PELAS SERRAS E ÁGUAS DE MINAS apresentará a seguinte programação:

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Aos meus alunos!

Quero lhes dizer algumas palavras, tomadas da minha experiência de vida. Todos nós construímos nossas experiências, e nenhuma é melhor do que a nossa. Sei que a experiência de cada um de vocês será melhor do que a minha ou de qualquer outro, simplesmente porque ela é de vocês, construída com alegrias e dores, sonhos e desilusões, que somente a gente entende. Entretanto, gostaria de compartilhar alguma coisa que possam refletir sobre ela. É sobre o Amor... sobre o amor a uma profissão.

Parece uma coisa simples, mas é tão complicada que muitos andam à procura e não a encontram. Há um tanto de gente desiludida com a profissão, mesmo as que são melhor remuneradas.

Acontece que ao escolher a profissão a gente não se consulta, para saber aquilo que alegra a nossa alma. Ao invés disso, consultamos o mercado, o “deus mercado”,  para saber as possibilidades de ganho financeiro. Daí, tudo fica complicado, porque ao abraçarmos uma profissão pegamos um pacote de coisas que gostamos e de que não gostamos. Então, é preciso que neste pacote existam em grande quantidade coisas que gostamos, para justificar poucas coisas que não gostamos. Só a nossa alma tem a resposta!

Ora, seria bom que a gente soubesse de antemão o que existe nesse pacote. Temos prazo de alguns anos, durante a graduação, para tomar conhecimento de um pouco do conteúdo, mas tomar conhecimento não é o mesmo que vivenciar. E a escola oferece pouca vivência dos conteúdos profissionais, não é mesmo? Assim, é fundamental, durante a graduação, fazer um estágio em uma empresa ou repartição pública que atua na área que escolhemos, e fazer que esse estágio seja mesmo profissional-acadêmico, e não apenas ficar tirando xerox para o chefe. E também aproveitar os raros trabalhos práticos e trabalhos de campo, para a gente avaliar o nosso grau de prazer dessa vivência.

Porém, amar uma profissão não é coisa que acontece da noite pro dia, pode levar anos. Assim como amar realmente uma pessoa leva anos: no princípio, é só paixão, que se desvanece com os anos, com os atritos, com as adversidades. O amor, se realmente for Amor com A maiúsculo, funciona ao contrário: ele cresce com os anos, com os atritos, com as adversidades. Mas, é difícil fazer que ocorra assim, é preciso ter paciência, tolerância, perdão e não ficar com expectativas, porque as expectativas geralmente trazem trustração. Ao invés de esperar, criar expectativas, a gente se doa; quando a gente doa, recebe de volta. Quanto mais você se doar a uma profissão, mais vai amá-la!


Você está apaixonado pela profissão que escolheu? Se não estiver, não é problema. Um dia poderá amá-la. Mas é uma coisa maravilhosa quando o amor começa com a Paixão para se transformar em Amor. Desejo-lhes isto na profissão que escolheram... e também na vida.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Quem está se importando com a tragédia humana na Síria?

Aleppo, Síria: “A cidade está sendo devastada diante dos nossos olhos”

11/10/2016
Coordenador de MSF para a Síria, Carlos Francisco descreve uma destruição nunca antes vista 
na cidade e fala das necessidades urgentes da população local.


“Eles foram abandonados pelo mundo – o mundo inteiro está assistindo à destruição da cidade, mas ninguém está fazendo nada para acabar com isso”, diz o coordenador para a Síria da organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF), Carlos Francisco.

Francisco coordena os projetos de MSF na Síria desde janeiro de 2015. Ele testemunhou como a guerra na Síria se deteriorou, com a destruição chegando a uma escala nunca vista antes, especialmente durante as últimas três semanas, na área leste de Aleppo. Desde que o cessar-fogo foi rompido em setembro, a intensidade dos ataques aéreos realizados por forças sírias e russas ameaça destruir totalmente a área sitiada da cidade.

“Cerca de 250 mil pessoas estão sob sítio, sem possibilidade de receber ajuda ou escapar”, diz Francisco. “Primeiro, os arredores foram atingidos, depois as estradas que levam à cidade, e então hospitais, reservatórios de água, bairros residenciais, equipamentos de resgate. Estamos falando de uma cidade exausta depois de cinco anos de guerra, que não recebe nenhuma ajuda desde julho, quando o sítio começou – uma cidade que está sendo devastada, arrasada, diante de nossos olhos. ”

Francisco fala do sul da Turquia. Sua equipe está em contato regular com os oito hospitais apoiados por MSF no leste de Aleppo. “Antes de o sítio começar, mandávamos suprimentos a cada três meses”, diz Francisco, “mas ainda não era o suficiente para suprir suas necessidades, nem mesmo com a ajuda de outros parceiros. Quando hospitais são danificados por ataques aéreos – e somente nos últimos quatro meses houve 23 ataques a hospitais –, ficamos em contato diário para saber como foram afetados e como podemos ajudar. Agora, eles precisam de tudo. Nos dizem: ‘Mandem qualquer coisa que tenham – gaze estéril ou não estéril – aceitamos tudo, precisamos de tudo’. Mas, nas atuais circunstâncias, estamos impotentes para ajudá-los.”

O leste da cidade está sob cerco total desde julho, logo depois do fim do mês do Ramadã. Alguns médicos aproveitaram aquela oportunidade para acompanhar suas famílias em viagens à Turquia durante o Ramadã, e depois se viram sem ter como voltar a Aleppo. “Ficar aqui no sul da Turquia e é muito difícil para eles”, diz Francisco. “Eles sofrem por não poder retornar para ajudar – se sentem frustrados e impotentes. Muitos médicos poderiam ter fugido da guerra há muito tempo para se estabelecer na Turquia ou na Europa, mas eles decidiram não fazer isso. Seu nível de comprometimento – com as pessoas, com seu trabalho, com seus hospitais, com Aleppo – é admirável, especialmente se considerarmos que eles e suas famílias estão face a face com a morte diariamente.”


Equipes de MSF estão impossibilitadas de viajar até Aleppo e visitar os hospitais apoiados por MSF há mais de um ano. “O que fica claro é que perdemos nossa capacidade de ajudar de forma considerável”, diz Francisco. MSF não foi autorizado a trabalhar em áreas controladas pelo governo desde o início da guerra, mas pôde atuar em áreas sob controle da oposição, inclusive em áreas rurais ao norte e a leste de Aleppo: Maskan, entre Aleppo e a fronteira turca, e Al Salamah, onde mantém um hospital que oferece cuidados primários e secundários de saúde.

MSF também prestou ajuda a pessoas deslocadas pela guerra. Cerca de 100 mil pessoas tiveram que deixar suas casas na direção de Azaz, empurradas a oeste pelo Estado Islâmico e a norte pelas forças do governo. Desde que o exército sírio tomou a cidade de Maskan e seu hospital foi danificado por disparos de artilharia, a área de atuação de MSF ficou ainda mais limitada. “Pessoas nos arredores de Maskan também foram deslocadas e perdemos o acesso a elas”, diz Francisco. “É difícil saber quantas pessoas deslocadas estão ali. Alguns foram para Idlib, que tem mais acampamentos para pessoas deslocadas, mas muitas pessoas estão vivendo ao relento e dormindo debaixo de árvores.”

Os residentes do leste de Aleppo não têm nem a opção de se tornarem deslocados. Em vez disso, se encontram presos em uma cidade que resume os horrores da guerra na Síria, onde todo tipo de armamento mortal é usado. “Ao mesmo tempo, estamos cientes de relatos da oposição atacando o oeste de Aleppo”, diz Francisco, “mas a capacidade de destruição é tão diferente que simplesmente não há como comparar.”

MSF faz um apelo pelo fim dos bombardeios aéreos indiscriminados contra o leste de Aleppo, pela evacuação médica dos feridos e doentes, pela autorização da entrada de ajuda humanitária e pela garantia do direito das populações civis de fugir de áreas críticas durante conflitos.  


Os 35 médicos que restam no leste de Aleppo, entre eles sete cirurgiões, estão trabalhando no máximo de turnos possíveis nos oito hospitais remanescentes na região, já que sabem que suas habilidades são urgentemente necessárias em todos eles. “Os médicos que não podem retornar a Aleppo, nossas próprias equipes daqui, falam das equipes médicas e da população do leste de Aleppo com a mesma dor”, diz Francisco. "Eles dizem: ‘Eles sofrem lá, nós choramos aqui.’”

MSF apoia oito hospitais na cidade de Aleppo e mantém seis instalações médicas no norte da Síria, além de apoiar mais de 150 centros de saúde e hospitais no resto do país, muitos deles em áreas sitiadas.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Uma ideia insana

Caros amigos,

Uma empresa de mineração canadense é dona de uma concessão para pôr em prática uma ideia tão insana que pode vir a ser um desastre para o planeta: a primeira estação de mineração no fundo do oceano. 

Como todos nós sabemos, a mineração é uma atividade tóxica e devastadora para os ecossistemas terrestres. Imagine o que pode acontecer se as mineradoras começarem a cavar também o leito marinho em busca de minérios, sem nenhuma fiscalização? É a última coisa que nossos oceanos, já devastados, precisam! 

A boa notícia é que a empresa em questão está enfrentando dificuldades para arrecadar os fundos necessários para a empreitada. Vamos gerar um oceano de reclamações contra este projeto, de forma a afastar possíveis investidores e assim garantir que esta nova ameaça, algo terrível para o nosso meio ambiente, seja passageira. Clique no link abaixo e assine a petição, que será amplamente divulgada e enviada a todos os investidores em potencial:

https://secure.avaaz.org/po/png_nautilus_loc/?tyXHgbb

O local escolhido para a mina fica bem perto de um dos maiores tesouros do mundo, um rico ecossistema na costa da Papua Nova Guiné que apresenta uma grande variedade de fauna e flora marinhas, desde recifes de coral até baleias cachalotes. É um sinal do desastre que está por vir, se esta nova indústria devastadora não for impedida.

A mineradora em questão nunca fez operações dessa amplitude e já apresenta problemas financeiros. O projeto é arriscado. Se mostrarmos que ele é ainda mais perigoso ao destacar as significativas incertezas econômicas, poderemos não só conseguir deter a mina quanto garantir que toda a indústria da mineração seja advertida contra o abuso de nossos oceanos!

Em todo o planeta, lutamos para manter um equilíbrio saudável entre os seres humanos e a natureza. Ele é necessário para um desenvolvimento sustentável e, segundo os cientistas, para a nossa própria sobrevivência, bem como a de inúmeras outras espécies. É uma luta entre a ganância e a sensatez. Vamos garantir que a alternativa certa vence:

https://secure.avaaz.org/po/png_nautilus_loc/?tyXHgbb

Os cientistas que estudam os ecossistemas contam como tudo é extremamente interdependente. Nós, seres humanos, dependemos bastante de criaturas como o plâncton e ouriços do mar, desde as menores até as maiores. Muitas vezes, os seres humanos podem ser considerados um vírus, predadores do próprio ecossistema do qual dependem. Mas a Avaaz é um movimento formado por pessoas que procuram ser protetoras da natureza, a fim de eventualmente viver em harmonia com ela.

A partir dessa perspectiva, esta campanha faz parte do nosso papel de guardiões do ecossistema, de nossa função de proteger e servir o planeta maravilhoso que é a nossa casa. Nós da equipe Avaaz somos muito gratos por desempenhar esse papel juntos com todos os membros deste movimento mágico.

Um abraço cheio de esperança,

Ricken, Nell, Christoph, Lisa, Luis, Risalat e toda a equipe da Avaaz

MAIS INFORMAÇÕES 

Projeto de mineração submarina pode afundar antes de começar (O Globo) 
http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/projeto-de-mineracao-submarina-pode-afundar-antes-de-comecar-11669460 

Fontes hidrotermais nos oceanos são mais importantes do que se pensava (O Globo) 
http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/fontes-hidrotermais-nos-oceanos-sao-mais-importantes-do-que-se-pensava-19409596 

Mineração marinha: uma apropriação de terras invisível (National Geographic) (em inglês) 
http://voices.nationalgeographic.com/2016/07/21/deep-sea-mining-an-invisible-land-grab/ 

Nautilus Minerals considera financiamento alternativo (Reuters) (em inglês) 
http://www.reuters.com/article/idUSASC08VK8 

O oceano pode ser a nova corrida do ouro (National Geographic) (em inglês) 
http://news.nationalgeographic.com/2016/07/deep-sea-mining-five-facts/ 

Pequenas criaturas marinhas nos salvam do inferno na terra. Então por que as colocamos em risco? (Grist) (em inglês)
http://grist.org/science/tiny-sea-creatures-are-saving-us-from-hell-on-earth-so-why-are-we-endangering-them/

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Carta Aberta da FEBRAGEO sobre a venda a participação da Petrobras na área de Carcará do Pré-Sal

Publicado em agosto 4, 2016 por 

nota pública

VENDA DA PARTICIPAÇÃO DA PETROBRAS NA ÁREA DE CARCARÁ DO PRÉ-SAL: UM CRIME DE LESA-PÁTRIA
CARTA ABERTA AOS BRASILEIROS,
OS GEÓLOGOS BRASILEIROS, ATRAVÉS DE SUA FEDERAÇÃO – FEBRAGEO, DENUNCIAM O CRIME DE LESA-PÁTRIA COMETIDO PELO ATUAL GOVERNO E ATUAL PRESIDÊNCIA DA PETROBRAS AO VENDER, POR PREÇO ABSURDAMENTE AVILTADO, SUA PARTICIPAÇÃO INTEGRAL DE 66% NA ÁREA DE CARCARÁ, UMA DAS MAIS PROMISSORAS ÁREAS LOCALIZADAS NA BACIA DE SANTOS, PARA A EMPRESA ESTATAL NORUEGUESA, A STATOIL.
A FEBRAGEO PROCURARÁ BARRAR NA JUSTIÇA ESSE CRIME, AÇÃO PARA A QUAL PEDE O APOIO DE TODO O POVO BRASILEIRO E EM ESPECIAL DAS ASSOCIAÇÕES TÉCNICAS E TRABALHISTAS DIRETAMENTE LIGADAS À ÁREA GEOLÓGICA E PETROLÍFERA.
AJUDE-NOS A DIVULGAR A CARTA ABAIXO TRANSCRITA, EM QUE EXPLICAMOS OS DETALHES DA AÇÃO ANTIPATRIÓTICA COMETIDA PELA ATUAL PRESIDÊNCIA DA PETROBRAS.
Brasileiros,
A atual presidência da Petrobras findou por vender para a empresa estatal norueguesa Statoil sua participação integral de 66% na Área de Carcará, Bloco BM8, no Pré-Sal da Bacia de Santos, por 2,5 bilhões de dólares. Nesse bloco a Petrobras fez na Área de Carcará uma das melhores e maiores descobertas de hidrocarbonetos no Brasil, que está ainda precariamente delimitada, com apenas 3 poços perfurados.
É um excelente negócio para a estatal norueguesa Statoil e péssimo para a nossa estatal Petrobras, para o Brasil e nos mostra, claramente, a diferença como os governos tratam do patrimônio do seu povo.
Enquanto os noruegueses defendem os seus bens estratégicos mesmo os situados em terras estrangeiras, o atual governo brasileiro promove a desnacionalização do patrimônio de todos nós sob o pretexto de recapitalizar a Petrobras.
Em termos simplesmente comerciais pode-se dizer que o negócio realizado foi desastroso. Levando-se em conta as reservas declarados pelo comprador, entre 0, 7 e 1,2 bilhões de barris (bbl) e considerando o menor volume estimado pela Statoil, compradora, de 0,7 bilhões, a Petrobras receberá pela venda, a prazos longos, o total de U$ 3,57/bbl.
Pois bem, a própria Petrobras, em transação recente, pagou ao preço médio de U$ 8,51/bbl na aquisição onerosa das acumulações de Libra/Tupi. Ou seja, vai receber por Carcará aproximadamente 42% do valor que pagou, em local próximo, prolífico, adjacente e também não delimitado. Mesmo considerando a variação de preços de petróleo, a Statoil pagará menos que a Petrobras despendeu.
Agora, considerando os volumes recuperáveis em 2,0 bilhões de barris, os mais próximos da realidade, o preço a ser pago pela Statoil será de U$ 1,25/bbl, ou seja, 31% do que foi pago pela Petrobras no bloco vizinho, mesmo considerando os preços e valores corrigidos e depreciados segundo os valores atuais do petróleo.
Segundo dados publicados, cada um dos seus poços produzirá mais de 40.000 bbl/dia, número compatível ao dos melhores poços produtores do mundo, e em ótimas condições econômicas e técnicas de extração. A espessura média de rochas preenchidas dor óleo é a maior do Pré- Sal, sendo superior a 350 m. Ou seja, é uma área com potencial de produção muito superior e das mais fáceis de serem produzidas do que que todas as das demais áreas produtoras das bacias de Campos, Santos e Espírito Santo, e como descrito com um óleo de excelente qualidade.
Alguns especialistas que já mapearam a Bacia de Santos, preveem volumes potenciais de 6 bilhões de barris, apenas na acumulação de Carcará. Isso, repetimos, só no bloco BM-S-8, negociado sob veementes e vigorosos protestos.
Destaca-se como estranha e imprópria a política atual da Petrobras de valorar seus ativos exploratórios usando a expectativa mínima de sucesso ou só com volumes provados. Este procedimento está em desacordo com a maioria das companhias do mundo, que utilizam nos seus cálculos também os volumes considerados prováveis e possíveis quando ofertam um prospecto, valorizando sobremaneira o que vendem. Assim, o Brasil está desvalorizando ao máximo o seu patrimônio, assemelhando-se a pessoas que vendem barato o que têm quando estão em estado desesperador. No mundo negocial, encontrar o valor real de uma oferta é tarefa de quem compra, segundo as regras vigentes no mundo de negócios. Estamos inventando a roda.
Tal tipo de venda de patrimônio do povo brasileiro revela a postura de dirigentes mal intencionados e descomprometidos com um projeto de construção nacional. Não dá para fazer outro juízo. Comportam-se como únicos vendedores que depreciam seus próprios e valorosos ativos. É como vender por um milhão uma casa que vale 15 milhões.
Não se rejeita a venda de alguns ativos da Petrobras, sabemos que estamos em um mundo de negócios, mas discordamos veementemente da venda de quaisquer que sejam esses ativos a preços aviltados, em um momento de preços internacionais artificialmente baixos e petrolíferas descapitalizadas; a venda a qualquer preço no momento atual revela na verdade uma política de liquidação da própria Petrobras, uma desconstrução até muito mais desastrosa quanto a feita pela roubalheira tão exposta na mídia, da maior e mais rica empresa brasileira. Apesar da nefasta desvalorização pelos desvios, pelos baixos valores em dólar de seus ativos e pelo baixo valor em real desvalorizado de sua produção, a Petrobras, com crescentes reservas e produção, constitui um espetacular patrimônio nacional construído por mais de sessenta anos pela resistência e esforço da sociedade brasileira, e conduzido pela reconhecida competência técnica e dedicação de seus trabalhadores. Dilapidar orientadamente este patrimônio é uma ação criminosa, um terrível crime de Lesa-Pátria!
FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE GEÓLOGOS – FEBRAGEO JOÃO CÉSAR DE FREITAS PINHEIRO
PRESIDENTE

in EcoDebate, 04/08/2016