Blog do Professor Márcio

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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Mariana - um ano de impunidade

Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) realiza agenda de atividades – Um ano de impunidade do crime da Samarco em Mariana (MG)


Estimados(as) parceiros(as) e amigos(as).
O Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB vem através deste, convidá- lo, bem como a sua entidade, a participar e ajudar a divulgar as atividades que serão realizadas na região de Mariana – MG (Bacia do Rio Doce) de 31 de outubro a 5 de novembro de 2016, marcando um ano do Crime da Samarco, dentro da “Jornada Continental pela Democracia e contra o Neoliberalismo”.
É conhecido por todos o crime ocorrido em 5 de novembro de 2015, com o rompimento da barragem de rejeitos da mineração da empresa Samarco (Vale – BHP, causando uma das maiores tragédias socioambientais da historia do Brasil. Destruindo comunidades inteiras, roubando vidas, interferindo no modo de produção tradicional da região, inviabilizando a pesca e tornando um rio totalmente morto. Se analisarmos a perspectiva de construção de relações entre homem e a natureza na promoção de um espaço harmônico ao desenvolvimento saudável e sustentável os impactos na dinâmica social e ambiental de toda Bacia do Rio Doce são graves e imensuráveis.
A luta pelo reconhecimento dos direitos dos atingidos por barragens é histórica, sendo ampliada com o aumento das barragens na Amazônia e com o crime na bacia do Rio Doce em Minas Gerais. Diante dessa situação, e do cenário de retrocesso de direitos do país, se coloca ao MAB a tarefa de construir ainda mais força e unidade nacional para denunciar as violações aos direitos humanos e defender os sujeitos históricos oprimidos para que sigam lutando para proteger seus direitos em defesa da vida.
Desde o primeiro momento após o rompimento da barragem, o MAB tem feito um grande esforço com o objetivo de denunciar o crime, cobrar dos responsáveis (empresas e governos) soluções e acima de tudo acreditar que só os atingidos organizados e em luta podem garantir seus direitos, mesmo que as condições entre atingidos(as) e empresas sejam desiguais. Passado quase um ano, nós não tivemos resoluções, segue a impunidade.
O MAB, juntamente com outras organizações, em um esforço grandioso, está organizando uma marcha, seguida por um encontro e um grande ato no marco do um ano do crime, com o objetivo de continuar denunciando e fortalecer a necessidade da luta e organização dos atingidos para garantir direitos e celebrar a memória dos mortos.
Programação das atividades:
1. MARCHA DE REGENCIA/ES A MARIANA/MG – Saída de Regência dia 31/10 chegada em Mariana dia 2/11. Percorrendo o caminho da lama ao contrário. O trajeto desta marcha tem por objetivo dialogar com a sociedade nos diversos municípios afetados, fazendo panfletagens, conversas com as pessoas, debates em escolas, audiências publicas sobre o crime e o momento atual.
2. ENCONTRO/SEMINÁRIO EM MARINA/MG – dias 3 e 4/11. Durante estes dois dias será feito um amplo debate sobre as verdadeiras causas do crime, a situação de tratamento aos atingidos, ouvindo especialistas, parceiros, apoiadores e os atingidos.
3. ATO PÚBLICO EM BENTO RODRIGUES/MG – (distrito de Mariana inteiramente destruído) no dia 5/11. Este dia será de protesto aberto para afirmar que: “Bento Rodrigues pertence aos moradores e não a Samarco”. Será o momento de fazer um grande ato em memória às vidas que foram roubadas pelo crime e reforçar a solidariedade da luta dos atingidos.
Frente à gravidade da situação, convidamos as pessoas e organizações para fortalecer laços de solidariedade em torno da luta por direitos e denunciar as empresas responsáveis. Portanto, é da máxima importância contar com sua participação, apoio em ajudar na divulgação e somar esforços em construir condições firmes de prosseguirmos com a luta e a organização.
As atividades serão organizadas de forma que os participantes possam acampar. Mais adiante forneceremos mais orientações sobre a infraestrutura e logística conforme formos recebendo confirmações, por ora, apontamos que para aqueles que desejam participar da Marcha, a melhor opção de chegada é no aeroporto de Vitoria/ES. Quem só vai ao encontro em Mariana e o retornar de lá, a melhor opção é o aeroporto de Belo Horizonte/MG.

Grande abraço
Coordenação Nacional do MAB
Mulheres, águas e energia, não são mercadorias!

O MOVIMENTO PELAS SERRAS E ÁGUAS DE MINAS apresentará a seguinte programação:

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Aos meus alunos!

Quero lhes dizer algumas palavras, tomadas da minha experiência de vida. Todos nós construímos nossas experiências, e nenhuma é melhor do que a nossa. Sei que a experiência de cada um de vocês será melhor do que a minha ou de qualquer outro, simplesmente porque ela é de vocês, construída com alegrias e dores, sonhos e desilusões, que somente a gente entende. Entretanto, gostaria de compartilhar alguma coisa que possam refletir sobre ela. É sobre o Amor... sobre o amor a uma profissão.

Parece uma coisa simples, mas é tão complicada que muitos andam à procura e não a encontram. Há um tanto de gente desiludida com a profissão, mesmo as que são melhor remuneradas.

Acontece que ao escolher a profissão a gente não se consulta, para saber aquilo que alegra a nossa alma. Ao invés disso, consultamos o mercado, o “deus mercado”,  para saber as possibilidades de ganho financeiro. Daí, tudo fica complicado, porque ao abraçarmos uma profissão pegamos um pacote de coisas que gostamos e de que não gostamos. Então, é preciso que neste pacote existam em grande quantidade coisas que gostamos, para justificar poucas coisas que não gostamos. Só a nossa alma tem a resposta!

Ora, seria bom que a gente soubesse de antemão o que existe nesse pacote. Temos prazo de alguns anos, durante a graduação, para tomar conhecimento de um pouco do conteúdo, mas tomar conhecimento não é o mesmo que vivenciar. E a escola oferece pouca vivência dos conteúdos profissionais, não é mesmo? Assim, é fundamental, durante a graduação, fazer um estágio em uma empresa ou repartição pública que atua na área que escolhemos, e fazer que esse estágio seja mesmo profissional-acadêmico, e não apenas ficar tirando xerox para o chefe. E também aproveitar os raros trabalhos práticos e trabalhos de campo, para a gente avaliar o nosso grau de prazer dessa vivência.

Porém, amar uma profissão não é coisa que acontece da noite pro dia, pode levar anos. Assim como amar realmente uma pessoa leva anos: no princípio, é só paixão, que se desvanece com os anos, com os atritos, com as adversidades. O amor, se realmente for Amor com A maiúsculo, funciona ao contrário: ele cresce com os anos, com os atritos, com as adversidades. Mas, é difícil fazer que ocorra assim, é preciso ter paciência, tolerância, perdão e não ficar com expectativas, porque as expectativas geralmente trazem trustração. Ao invés de esperar, criar expectativas, a gente se doa; quando a gente doa, recebe de volta. Quanto mais você se doar a uma profissão, mais vai amá-la!


Você está apaixonado pela profissão que escolheu? Se não estiver, não é problema. Um dia poderá amá-la. Mas é uma coisa maravilhosa quando o amor começa com a Paixão para se transformar em Amor. Desejo-lhes isto na profissão que escolheram... e também na vida.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Quem está se importando com a tragédia humana na Síria?

Aleppo, Síria: “A cidade está sendo devastada diante dos nossos olhos”

11/10/2016
Coordenador de MSF para a Síria, Carlos Francisco descreve uma destruição nunca antes vista 
na cidade e fala das necessidades urgentes da população local.


“Eles foram abandonados pelo mundo – o mundo inteiro está assistindo à destruição da cidade, mas ninguém está fazendo nada para acabar com isso”, diz o coordenador para a Síria da organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF), Carlos Francisco.

Francisco coordena os projetos de MSF na Síria desde janeiro de 2015. Ele testemunhou como a guerra na Síria se deteriorou, com a destruição chegando a uma escala nunca vista antes, especialmente durante as últimas três semanas, na área leste de Aleppo. Desde que o cessar-fogo foi rompido em setembro, a intensidade dos ataques aéreos realizados por forças sírias e russas ameaça destruir totalmente a área sitiada da cidade.

“Cerca de 250 mil pessoas estão sob sítio, sem possibilidade de receber ajuda ou escapar”, diz Francisco. “Primeiro, os arredores foram atingidos, depois as estradas que levam à cidade, e então hospitais, reservatórios de água, bairros residenciais, equipamentos de resgate. Estamos falando de uma cidade exausta depois de cinco anos de guerra, que não recebe nenhuma ajuda desde julho, quando o sítio começou – uma cidade que está sendo devastada, arrasada, diante de nossos olhos. ”

Francisco fala do sul da Turquia. Sua equipe está em contato regular com os oito hospitais apoiados por MSF no leste de Aleppo. “Antes de o sítio começar, mandávamos suprimentos a cada três meses”, diz Francisco, “mas ainda não era o suficiente para suprir suas necessidades, nem mesmo com a ajuda de outros parceiros. Quando hospitais são danificados por ataques aéreos – e somente nos últimos quatro meses houve 23 ataques a hospitais –, ficamos em contato diário para saber como foram afetados e como podemos ajudar. Agora, eles precisam de tudo. Nos dizem: ‘Mandem qualquer coisa que tenham – gaze estéril ou não estéril – aceitamos tudo, precisamos de tudo’. Mas, nas atuais circunstâncias, estamos impotentes para ajudá-los.”

O leste da cidade está sob cerco total desde julho, logo depois do fim do mês do Ramadã. Alguns médicos aproveitaram aquela oportunidade para acompanhar suas famílias em viagens à Turquia durante o Ramadã, e depois se viram sem ter como voltar a Aleppo. “Ficar aqui no sul da Turquia e é muito difícil para eles”, diz Francisco. “Eles sofrem por não poder retornar para ajudar – se sentem frustrados e impotentes. Muitos médicos poderiam ter fugido da guerra há muito tempo para se estabelecer na Turquia ou na Europa, mas eles decidiram não fazer isso. Seu nível de comprometimento – com as pessoas, com seu trabalho, com seus hospitais, com Aleppo – é admirável, especialmente se considerarmos que eles e suas famílias estão face a face com a morte diariamente.”


Equipes de MSF estão impossibilitadas de viajar até Aleppo e visitar os hospitais apoiados por MSF há mais de um ano. “O que fica claro é que perdemos nossa capacidade de ajudar de forma considerável”, diz Francisco. MSF não foi autorizado a trabalhar em áreas controladas pelo governo desde o início da guerra, mas pôde atuar em áreas sob controle da oposição, inclusive em áreas rurais ao norte e a leste de Aleppo: Maskan, entre Aleppo e a fronteira turca, e Al Salamah, onde mantém um hospital que oferece cuidados primários e secundários de saúde.

MSF também prestou ajuda a pessoas deslocadas pela guerra. Cerca de 100 mil pessoas tiveram que deixar suas casas na direção de Azaz, empurradas a oeste pelo Estado Islâmico e a norte pelas forças do governo. Desde que o exército sírio tomou a cidade de Maskan e seu hospital foi danificado por disparos de artilharia, a área de atuação de MSF ficou ainda mais limitada. “Pessoas nos arredores de Maskan também foram deslocadas e perdemos o acesso a elas”, diz Francisco. “É difícil saber quantas pessoas deslocadas estão ali. Alguns foram para Idlib, que tem mais acampamentos para pessoas deslocadas, mas muitas pessoas estão vivendo ao relento e dormindo debaixo de árvores.”

Os residentes do leste de Aleppo não têm nem a opção de se tornarem deslocados. Em vez disso, se encontram presos em uma cidade que resume os horrores da guerra na Síria, onde todo tipo de armamento mortal é usado. “Ao mesmo tempo, estamos cientes de relatos da oposição atacando o oeste de Aleppo”, diz Francisco, “mas a capacidade de destruição é tão diferente que simplesmente não há como comparar.”

MSF faz um apelo pelo fim dos bombardeios aéreos indiscriminados contra o leste de Aleppo, pela evacuação médica dos feridos e doentes, pela autorização da entrada de ajuda humanitária e pela garantia do direito das populações civis de fugir de áreas críticas durante conflitos.  


Os 35 médicos que restam no leste de Aleppo, entre eles sete cirurgiões, estão trabalhando no máximo de turnos possíveis nos oito hospitais remanescentes na região, já que sabem que suas habilidades são urgentemente necessárias em todos eles. “Os médicos que não podem retornar a Aleppo, nossas próprias equipes daqui, falam das equipes médicas e da população do leste de Aleppo com a mesma dor”, diz Francisco. "Eles dizem: ‘Eles sofrem lá, nós choramos aqui.’”

MSF apoia oito hospitais na cidade de Aleppo e mantém seis instalações médicas no norte da Síria, além de apoiar mais de 150 centros de saúde e hospitais no resto do país, muitos deles em áreas sitiadas.