Blog do Professor Márcio

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quarta-feira, 21 de abril de 2010

21 de Abril

Data cívica, hoje em dia, é apenas um feriado, descanso da labuta ou oportunidade de lazer. Mas, quis JK que a inauguração de sua grande obra – Brasília – coincidisse com a memória cívica de Tiradentes, mineiro como ele. Então, no meio de uma quarta-feira sem grandes opções, passo os olhos no noticiário da Internet, onde as discussões sobre a nossa capital se destacam sobre minguados artigos a respeito do herói da pátria.

Entre um e outro, acho que cabe fazer paralelo: de um lado, Brasília, uma cidade moderna, atolada na corrupção política e cercada de pobreza e sofrimento; de outro, Tiradentes, um mestiço, pobre, idealista, cercado de figuras da casta privilegiada, mas endividada, que tramou uma insurreição, mas não hesitou em entregá-lo como bode expiatório.

A gente não consegue separar Brasília de suas cidades satélites, de maneira que ao falar dela estou me referindo à metrópole que a gente chama de Plano Piloto, Taguatinga, Ceilândia, Gama etc. e todas as outras cidades que compõem o entorno.

Inclui, portanto, todo o espectro que vai do luxo à miséria, de bairros holliwoodianos à favelas mal disfarçadas. (Imagem ao lado: Samambaia e, ao fundo, Taguatinga)

Brasília provoca sentimentos antagônicos – amor ou ódio -, ninguém fica neutro. O primeiro contato é, quase sempre, de aversão; mas, na medida em que a gente se entrosa com as pessoas de lá, acaba se apaixonando. Morei em Brasília durante 13 anos, e foi assim. Detestava-a, a princípio, mas quando saí de lá foi como se tivesse perdido minhas raízes. Não é o lugar, nada tem a ver com seu projeto urbanístico, não é o belo e nem o feio: são as pessoas. Em nenhuma cidade as pessoas estão abertas à amizade como os brasilienses!

A imagem ruim que hoje temos de Brasília está muito distante da vida, do trabalho e do comportamento da imensa maioria dos seus habitantes. A cidade nasceu como fruto da vontade brasileira de uma nova sociedade, sob a égide do desenvolvimentismo e do liberalismo político de JK; atraiu uma elite intelectual que deixou marca na história da educação; seus estudantes tiveram coragem de enfrentar a ditadura na casa dela, e suas organizações civis atuaram decididamente para o restabelecimento da democracia.

Porém, sem que o País e a própria população brasiliense se apercebessem, após o retorno democrático o poder não mudou de mãos, e a elite que governou junto com os militares teceu suas teias, sufocando a sociedade na malha de corrupção. Hoje, Brasília é o retrato do Brasil, de um Brasil que não queremos.

E Tiradentes? O homem foi mesmo um herói! Durante seu julgamento, o advogado de defesa, nomeado pelo governo colonial, qualificou Tiradentes de insano e libertino, acusando-o de ter influenciado os demais conspiradores, para os quais pediu clemência.
Entretanto, mesmo diante da covardia de seus companheiros, Tiradentes reafirmou, em todas as situações, sua crença nos ideais da Inconfidência. Por isto, foi o único a receber a pena de morte, tendo o seu corpo esquartejado exposto nos caminhos de Minas. (A imagem ao lado é do quadro "Despojos de Tiradentes, de Cândido Portinari)

Acho que não foi por acaso que JK, cujo amor pelo Brasil sempre foi manifestado em sua vida política, fez que coincidissem os aniversários da inauguração de Brasília e da morte de Tiradentes. Talvez ele pressentisse que a cidade um dia precisasse da figura de nosso herói – humilde, corajoso, idealista -. para resgatar a imagem poderosa de um novo Brasil, o Brasil que queremos.

Artigo publicado no jornal O Movimento, Ano XXI, n. 373, 11-31 de maio de 2010.

domingo, 4 de abril de 2010

A cultura do consumo

“As pessoas usam dinheiro que não têm,
para comprar coisas de que não necessitam,
para impressionar
pessoas que não conhecem.”
(Oystein Dahle)

“A Terra tem o suficiente para as necessidades de todos,
mas não para a gula de todos.”
(Mahatma Gandhi)

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Caminho

"Qualquer caminho é apenas um caminho e não constitui insulto algum - para si mesmo ou para os outros - abandoná-lo quando assim ordena o seu coração. (...) Olhe cada caminho com cuidado e atenção. Tente-o tantas vezes quantas julgar necessárias... Então, faça a si mesmo e apenas a si mesmo uma pergunta: possui esse caminho um coração? Em caso afirmativo, o caminho é bom. Caso contrário, esse caminho não possui importância alguma."

Carlos Castañeda: Os Ensinamentos de Dom Juan, citado por Fritjof Capra em "O Tao da Física".