Blog do Professor Márcio

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domingo, 4 de julho de 2010

Harmonia


Há uma superstição de que o mês de agosto é aziago. A voz popular diz: “Agosto, mês do desgosto”. Mas a minha vida não anda ajustada a esse calendário de frustrações, pois tive um mês de junho nada feliz, a começar por uma dengue que assolou a cidade e me atingiu jogando-me num buraco. Daí, as coisas se sucedem de graça: depois que um problema se instala outros brotam do nada, como por geração espontânea. É como a Hidra de Lerna, aquele monstro mitológico de nove cabeças: a cada cabeça cortada surge pelo menos mais uma no lugar.

Foi com esse sentimento de desgosto que apareci no meu escritório, neste início de julho, uma manhã fria, seca e empoeirada que parecia arrastar consigo meus problemas.

A novidade é que tenho uma vizinha que se mudou há pouco tempo, vinda de Patos de Minas, senhora de uns 60 anos, casada com um mestre-de-obras. A gente se cumprimenta, mas ainda não paramos para conversar. O pouco que sei dela deduzi dos sons que vêm do outro lado do muro: todas as manhãs ela acompanha missa pela televisão, seguindo a celebração com as cantorias da Igreja; noutros momentos do dia, ela canta com voz vibrante cantos religiosos e em algumas noites ouço vozes de um grupo de novena. É apenas isto que sei dela, uma pessoa religiosa dedicada a louvar a Deus.

Nunca prestei muita atenção a esses sons que saltam para o lado de cá, apenas registrava-os mentalmente. Hoje, porém, aconteceu diferente. Enquanto dava conta de meus afazeres, a cantoria do lado de lá me provocou outro tipo de vibração. Sem que me apercebesse, em um plano não mental ela foi crescendo em mim, envolvendo-me o espírito com um sentimento prazeroso, de segurança e confiança, eliminando as baixas vibrações que eu acumulara e deixando-me em estado de leveza e paz. Como por um encanto, os problemas se esfumaram e senti a plenitude de estar vivo, satisfeito e capaz de superar todas as coisas que me magoaram.

Não sigo a religião da minha vizinha; então, como isto se sucedeu?

Tudo está interligado e assim eu e ela e todos nós fazemos parte de um todo; nossas influências são mútuas e nossos seres captam vibrações de toda ordem. Uma pessoa desequilibrada, com pensamentos de animosidade, rancor, ódio, inveja e cobiça produz sensações de violência, conflitos, agressividade e desrespeito. Geralmente, nos envolvemos com pessoas assim, captamos seus fluidos deletérios; é muito fácil prestar atenção nelas, porque são ostensivas e agressivas.

Por outro lado, uma pessoa em equilíbrio, como aquela que liga seus pensamentos a Deus, difunde ao seu redor vibrações de harmonia, alegria, felicidade, prosperidade, paz e amor. São assim capazes de produzir sensações elevadas e consoladoras.

Antes de retomar o trabalho, cerro os olhos e faço uma prece silenciosa, agradecendo a Deus por minha boa vizinha do outro lado do muro, seus cantos de louvor que irradiam a paz que me consola.