Blog do Professor Márcio

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quinta-feira, 10 de julho de 2014

Território e Poder em Paracatu - Parte IX

Estudando as relações entre a comunidade paracatuense e a mineradora RPM/Kinross
Márcio José dos Santos

Em 18 de março passado, fomos surpreendidos pela convocação de uma audiência pública para a apresentação de um estudo epidemiológico a respeito de contaminação por arsênio em Paracatu. Tomamos conhecimento dos resultados através da imprensa: não há contaminação ambiental em Paracatu e, muito menos, pessoas vitimizadas por ela. O jornal O Movimento foi o único a levantar questionamentos; de resto, a imprensa “chapa branca” deixou claro que a sociedade paracatuense pode ficar tranqüila, porque temos um meio ambiente saudável e puro, apesar de vivermos ao lado da maior mina de ouro a céu aberto do mundo.

Através de um vídeo que circula na Internet, temos os depoimentos de agentes públicos, que também asseguram a tranquilidade. O promotor de meio ambiente em Paracatu comentou: “Naquilo que estava a sociedade alarmada, com câncer, com arsênio causando câncer, isso a sociedade pode ficar tranqüila, porque nessa pesquisa não houve qualquer indicador que pudesse trazer preocupação.”

Quer dizer então, caro leitor, que foi tudo alarme falso? A confiarmos naquilo que foi apresentado, sim. Mas, siga comigo nos questionamentos seguintes.

A Prefeitura Municipal (administração anterior, 2010) contratou, para a realização do estudo epidemiológico a Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologia Espaciais (FUNCATE), instituição que não tem estrutura e nem quadros qualificados, e que jamais realizou tal tipo de trabalho. Por não ter competência para a realização de estudo epidemiológico, a FUNCATE fez parceria com o CETEM - Centro de Tecnologia Mineral – que também não tem competência nesta área, uma vez que sua especialidade são estudos de beneficiamento mineral. Daí, nosso primeiro questionamento: por que contratar empresas sem qualquer experiência documentada em estudos clínico-laboratoriais de intoxicação crônica de populações humanas por arsênio e outros contaminantes ambientais?

Entretanto, poderíamos relacionar dezenas de instituições brasileiras com experiência e competência em estudos epidemiológicos, em especial universidades públicas e a Fundação Osvaldo Cruz. Mas, a Prefeitura contratou, sem licitação e sem apresentação de orçamento detalhado, duas empresas sem competência nesta área. Uma delas, o CETEM, que desde o início da lavra na Mina Morro do Ouro em Paracatu até os dias atuais, tem prestado serviços como contratado da mineradora Rio Paracatu Mineração e sua sucessora Kinross. Essa relação histórica, direta, estreita, intensa e persistente entre Kinross e CETEM claramente o desqualifica para executar um estudo cujos resultados poderiam, em princípio, trazer enorme prejuízo à Kinross. O conflito de interesses aqui é evidente.

Pelo fato de contratar sem licitação, utilizando recursos do governo federal para a realização do estudo epidemiológico, o Ministério Público Federal abriu o Inquérito Civil Público número 1.22.006.000288/2010-20, ao qual responde a Prefeitura Municipal.

Nenhum de nós, cidadãos comuns de Paracatu, jamais teve acesso ao relatório do estudo epidemiológico. Esta é uma situação que fere um princípio da Ciência, porque qualquer trabalho que se pretenda científico tem que ser apresentado em fórum adequado para que seja analisado, contestado ou validado. Levado a uma “audiência de cartas marcadas” de um grupo disposto a acreditar, a “publicação” dos resultados e conclusões do estudo foi precipitada, ferindo a ética e o modus operandi da Ciência.

Também feriu o princípio da transparência da administração pública, pois o estudo foi contrato pela Prefeitura, usando recursos públicos, e, como tal, uma cópia de inteiro teor deveria ser disponibilizada ao público. Aí, então, poderíamos avaliá-lo, porque nesta questão do arsênio não somos apenas interessados, podemos também ser vítimas. Uma audiência pública com a presença de leigos, promotores desinformados e políticos sugestionados, sem documentos que possam ser analisados, não é fórum adequado para assunto desta relevância.

Pelo que pudemos saber a partir daquilo que foi divulgado, um dos procedimentos metodológicos da pesquisa – dosagens de arsênio em amostras de cabelo humano – não é confiável, porque estão sujeitas a erros sistemáticos e não permitem a reprodução das análises. Por isto, nenhum estudo epidemiológico clínico-laboratorial sério pode ser baseado em medições feitas a partir de amostras de cabelos, como se fez em Paracatu.

Uma situação intrigante é constatar que, enquanto a representante do CETEM na Audiência afirmou que “a população não está exposta a níveis de arsênio acima dos limites estabelecidos”, o prefeito municipal, entrevistado pela imprensa, disse que existem “áreas de contaminação a índices aceitáveis” e que “vamos começar a trabalhar para que esse índices comecem a baixar”. Ora, tem algo turvo nestas afirmações: o que seriam essas áreas de contaminação? Se estão contaminadas, isto seria aceitável?

Mas, as pérolas que reservamos para o final deste texto são os depoimentos de dois vereadores. Um deles afirmou: “Como comentei na Tribuna, são pessoas de má-fé que alarmam a nossa comunidade; nós, vereadores, estamos cobrando, e você em casa pode ficar tranqüilo, porque em relação ao arsênio nós estamos controlados”. Pois bem, senhor vereador, “pessoas de má-fé” são pessoas como eu, que exercem seu direito de cidadão de questionar o poder de mando que subjuga nossa cidade? Os vereadores estão cobrando – cobrando o quê? – se o senhor mais não faz que tentar ofender a quem cobra àqueles que contaminam para auferir lucros?

Outro vereador afirma, cheio de fé: “Hoje, aquele medo, aquele mito, foi de fato extinto, porque em pesquisa, com dados, a gente não questiona. Pesquisa a gente respeita e aceita.” A fé não comporta dúvida. Então, pesquisa é como um documento religioso, sagrado: não pode ser questionada e aceitá-la é um ato de fé.

Disciplina, obediência e dominação – são os aspectos do exercício do poder, de acordo com o sociólogo alemão Max Weber. Nada mais simbólico do poder da Kinross sobre a sociedade paracatuense do que a Audiência Pública de 18 de março.

Este texto foi publicado no jornal O Movimento, ed. 457, de 16 de maio a 20 de junho, pág. 2.

3 comentários:

Anônimo disse...

Diagnóstico

Arsénio pode ser medido no sangue ou urina para monitorar a exposição ambiental e ocupacional excessiva, confirmar um diagnóstico de envenenamento em vítimas hospitalizadas ou para ajudar na investigação forense em um caso de sobredosagem fatal. Algumas técnicas analíticas são capazes de distinguir orgânica de formas inorgânicas do elemento. Compostos de arsénio orgânicos tendem a ser eliminada na urina na forma inalterada, enquanto que as formas inorgânicas são em grande parte convertidos em compostos de arsénio orgânicos no corpo antes da excreção urinária. O índice de exposição biológica atual de trabalhadores norte-americanos de 35 ug / L arsênio urinário total pode facilmente ser ultrapassado por uma pessoa saudável de comer uma refeição de frutos do mar.

Os testes estão disponíveis para diagnosticar envenenamento por arsênico na medição de sangue, urina, cabelo e unhas. O exame de urina é o teste mais confiável para a exposição ao arsênico nos últimos dias. O exame de urina precisa ser feito dentro de 24-48 horas para uma análise precisa de uma exposição aguda. Testes em cabelos e unhas pode medir a exposição a altos níveis de arsênico nos últimos 6-12 meses. Estes testes podem determinar se um tiver sido expostos a níveis acima da média de arsênico. Eles não podem prever, no entanto, se os níveis de arsênico no corpo irá afetar a saúde. Arsénio exposição crónica pode permanecer nos sistemas do corpo por um longo período de tempo de um prazo mais curto ou mais isolados de exposição e pode ser detectada num período de tempo mais longo após a introdução do arsénio, importante na tentativa de determinar a fonte da exposição.

O cabelo é um bioindicador potencial de exposição ao arsênico, devido à sua capacidade de armazenar elementos traço de sangue. Elementos incorporados manter a sua posição durante o crescimento do cabelo. Assim, para uma estimativa temporal da exposição, um doseamento da composição do cabelo tem de ser efectuada com um único fio de cabelo, que não é possível com as técnicas mais antigas que requerem homogeneização e dissolução de vários fios de cabelo. Este tipo de biomonitoramento foi atingido com mais recentes técnicas de microanálise como X baseado espectroscopia de fluorescência de raios radiação síncrotron e emissão de raios X Microparticle induzida .O feixes altamente focadas e intensas estudar pequenas manchas de amostras biológicas que permitem analisar a nível micro, juntamente com a especiação química. Num estudo, este método tem sido utilizado para seguir nível de arsénio antes, durante e após o tratamento com óxido de arsénio em pacientes com leucemia promielocítica aguda.
Tratamento
Quelação

Os métodos químicos e sintéticos são utilizados para tratar o envenenamento. Dimercaprol e ácido dimercaptossuccínico são agentes que sequestram o arsénio distância a partir de proteínas de sangue e são utilizados no tratamento de envenenamento agudo arsénio quelantes. O efeito colateral mais importante é a hipertensão. Dimercaprol é consideravelmente mais tóxico do que o succimer. Monoésteres DMSA, e.g. MiADMSA, são antídotos promissoras para o envenenamento por arsênico. Edetato de sódio e cálcio também é utilizada.

Unknown disse...

Diagnóstico

Arsénio pode ser medido no sangue ou urina para monitorar a exposição ambiental e ocupacional excessiva, confirmar um diagnóstico de envenenamento em vítimas hospitalizadas ou para ajudar na investigação forense em um caso de sobredosagem fatal. Algumas técnicas analíticas são capazes de distinguir orgânica de formas inorgânicas do elemento. Compostos de arsénio orgânicos tendem a ser eliminada na urina na forma inalterada, enquanto que as formas inorgânicas são em grande parte convertidos em compostos de arsénio orgânicos no corpo antes da excreção urinária. O índice de exposição biológica atual de trabalhadores norte-americanos de 35 ug / L arsênio urinário total pode facilmente ser ultrapassado por uma pessoa saudável de comer uma refeição de frutos do mar.

Os testes estão disponíveis para diagnosticar envenenamento por arsênico na medição de sangue, urina, cabelo e unhas. O exame de urina é o teste mais confiável para a exposição ao arsênico nos últimos dias. O exame de urina precisa ser feito dentro de 24-48 horas para uma análise precisa de uma exposição aguda. Testes em cabelos e unhas pode medir a exposição a altos níveis de arsênico nos últimos 6-12 meses. Estes testes podem determinar se um tiver sido expostos a níveis acima da média de arsênico. Eles não podem prever, no entanto, se os níveis de arsênico no corpo irá afetar a saúde. Arsénio exposição crónica pode permanecer nos sistemas do corpo por um longo período de tempo de um prazo mais curto ou mais isolados de exposição e pode ser detectada num período de tempo mais longo após a introdução do arsénio, importante na tentativa de determinar a fonte da exposição.

O cabelo é um bioindicador potencial de exposição ao arsênico, devido à sua capacidade de armazenar elementos traço de sangue. Elementos incorporados manter a sua posição durante o crescimento do cabelo. Assim, para uma estimativa temporal da exposição, um doseamento da composição do cabelo tem de ser efectuada com um único fio de cabelo, que não é possível com as técnicas mais antigas que requerem homogeneização e dissolução de vários fios de cabelo. Este tipo de biomonitoramento foi atingido com mais recentes técnicas de microanálise como X baseado espectroscopia de fluorescência de raios radiação síncrotron e emissão de raios X Microparticle induzida .O feixes altamente focadas e intensas estudar pequenas manchas de amostras biológicas que permitem analisar a nível micro, juntamente com a especiação química. Num estudo, este método tem sido utilizado para seguir nível de arsénio antes, durante e após o tratamento com óxido de arsénio em pacientes com leucemia promielocítica aguda.
Tratamento
Quelação

Os métodos químicos e sintéticos são utilizados para tratar o envenenamento. Dimercaprol e ácido dimercaptossuccínico são agentes que sequestram o arsénio distância a partir de proteínas de sangue e são utilizados no tratamento de envenenamento agudo arsénio quelantes. O efeito colateral mais importante é a hipertensão. Dimercaprol é consideravelmente mais tóxico do que o succimer. Monoésteres DMSA, e.g. MiADMSA, são antídotos promissoras para o envenenamento por arsênico. Edetato de sódio e cálcio também é utilizada.

http://finslab.com/enciclopedia/letra-e/envenenamento-por-arsenico.php

Márcio José dos Santos disse...

Grato, Galeno, pelo comentário esclarecedor. Você, com seus conhecimentos do assunto, poderia indicar aos leitores algum laboratório, em MG, bem qualificado para realização de exames de As e metais pesados?