A cidade grande sempre exerce um fascínio sobre a gente do interior. De lá vêm as novidades, as tendências da moda e do consumo, são tantas as opções para todos os tipos de gosto. Confesso que não sou imune a esse fascínio, frequentemente me pego pensando nas opções culturais, turnês de artistas famosos, lançamentos de filmes premiados, concertos musicais, teatros etc.
Quando viajo, meus destinos são, quase sempre, Belo Horizonte ou Brasília, onde morei vários anos e ainda tenho lá a maior parte dos familiares. O fascínio logo se desmancha quando chego a essas cidades, tudo lá é difícil, caro, concorrido e estressante. Desabituado como estou, depois de tantos anos nesta “pequena” Paracatu, fogem da minha cabeça todos os planos de lazer naquele emaranhado de gente, prédios e automóveis. No caminho de volta sinto o alívio do retorno à vida mais simples, rotineira e previsível deste lugar.
Porém, sempre que tenho oportunidade de receber a visita de alguém vindo da cidade grande, observo uma genuína satisfação com Paracatu. São referências elogiosas em relação às pessoas, à estrutura e à dinâmica desta cidade que guarda, de um lado, aspectos e costumes da vida de pequenas comunidades e, de outro, atrativos e oportunidades comuns aos grandes centros.
Se você acha que estou exagerando reafirmo que são opiniões de meus visitantes, que talvez possam estar enganados. Mas, deixando de lado nossas opiniões já formadas, vou desafiá-lo com algumas observações, que o levarão a admitir que há um lado encantador em Paracatu.
Por aqui eu preciso andar de cabeça erguida para cumprimentar a maioria das pessoas que passam por mim, pois sou identificado e as pessoas se mostram contentes se eu também as identifico e cumprimento. Estou certo de que elas me achariam grosseiro se eu passasse sem um aceno ou sorriso. Portanto, aqui somos gente, não um simples anônimo na multidão.
Não sou natural de Paracatu, mas fui recebido como tal. A única vez em que me lembraram que sou de fora foi para me homenagearem, quando a Câmara Municipal me outorgou o título de “Cidadão Paracatuense”. Não é lindo?
E quanta gente “arrumou” a vida em Paracatu, não é? Ficaram bem de vida, fixaram raízes, geraram filhos, montaram negócio e se misturaram, sem conflitos, sem discriminação. Isto não acontece em todo lugar!
Veja os bailes no Jóquei, as baladas no Arena, as festas universitárias, as multidões que passeiam nas praças: é uma mistura fina, indistinta, pessoas que se aproximam por afinidades, sem separatismos baseados em preconceitos. E eu lhe pergunto: em quantos lugares as pessoas podem viver assim, sair às ruas com a família, as mulheres passeando livres e despreocupadas, os jovens vivendo suas festas sem medo?
E quanto à vida cultural? Garanto-lhe que aqui freqüento mais eventos culturais que meus conhecidos das metrópoles, que vivem de casa pro trabalho. Em Paracatu são freqüentes as apresentações artísticas de músicos, pintores, grupos de dança, shows de bandas, vários eventos preparados pela Casa da Cultura e bailes. Agora mesmo está vindo mais um Festival de Música.
E mais: muitos eventos culturais são de acesso livre ao público, como a recente apresentação do pianista Arthur Moreira Lima. Eu jamais esperei ver esse virtuose do piano, mas ele aportou em frente ao Chafariz da Traiana com seu Caminhão Teatro e fez uma apresentação magistral de música clássica temperada com a música popular brasileira. E, para orgulho de todos nós, no mesmo show apresentaram-se a Banda Lyra Paracatuense e o violonista Didi (Adailton).
Pois é, cheguei aqui há 22 anos, esperava não ficar mais de seis meses. Mas fui tomado pela cidade, este é meu pouso. Aqui me sinto bem.
Eu amo Paracatu! Reclamações, quem não as tem?
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