Em Paracatu, uma das formas da poeira tóxica é aquela que é levantada nas vias de tráfego de máquinas pesadas na área de lavra da Mina Morro do Ouro. A estupidez do gerenciamento ambiental da mina e os olhos vendados dos órgãos públicos ambientais permitem que essas vias sejam regadas com água retirada dos tanques de drenagem ácida e das barragens de rejeito, todas elas contendo carga tóxica de metais pesados, arsênio e ácido sulfúrico. Estas águas diminuem a poeira nas vias de tráfego, mas assim que ocorre o ressecamento do leito a poeira é levantada pelo tráfego das máquinas e pelo sopro do vento, intenso no período de junho a outubro, isto é, no período de estiagem. Como os ventos sopram no sentido da mina para a cidade, os habitantes de Paracatu ficam expostos a essa carga tóxica, exatamente quando são comuns os casos de problemas respiratórios, principalmente em crianças.
Na área industrial da mina, onde o minério é reduzido a pó, e até o final do seu processamento, a poeira gerada se mistura às emanações de cianeto e outras substâncias utilizadas para o tratamento químico do minério. Portanto, é uma outra forma de exalação de poeira, de toxidade distinta daquela gerada na área de lavra.
Porém, até agora não suspeitávamos da existência de um outro tipo de poeira, cuja toxidade supera aquelas que acabamos de descrever: a poeira gerada na barragem de rejeito. O leitor, por certo, vai questionar a existência dessa poeira, razão porque anexamos o vídeo abaixo. Portanto, é ver para crer!
Estamos falando, neste caso, da Barragem de Rejeito do Santo Antônio, onde milhões de toneladas de efluentes tóxicos foram depositados, contendo, além de metais pesados, como chumbo, cobre e ferro, mais de 500 mil toneladas de arsênio, em sua maior parte na forma de óxidos, a sua forma letal.
Como uma área de barragem de rejeito, onde foi depositada uma espessa camada de lama, pode gerar poeira? É que nesses tempos de escassez de água, estão sendo construídas barreiras dentro da barragem, isolando os locais onde existem nascentes, que então se transformam em espécie de piscinas, de onde a água decantada pode ser retirada para alimentar o circuito de beneficiamento de minério. Assim, a grande área central da barragem passa rapidamente por um processo de ressecamento, de maneira que o que era lama vira pó, facilmente levantado pelo vento.
As correntes de vento variam de intensidade durante o dia, mas, de maneira geral, mantêm o sentido de deslocamento de nordeste para sudoeste, ou as vezes rodopia sobre a barragem, porque não encontra obstáculos, provocando rodamoinhos de pó, conforme se vê na foto abaixo.
Quando desce sobre os solos, águas, plantas, animais e humanos, essa poeira dissemina sua carga tóxica, testemunho das ofensas que se faz ao Planeta e aos seus habitantes, para garantir o lucro e a ganância de um pequeno grupo de afortunados.
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