Caros amigos,
Uma empresa de mineração canadense é dona de uma concessão para pôr em prática uma ideia tão insana que pode vir a ser um desastre para o planeta: a primeira estação de mineração no fundo do oceano.
Como todos nós sabemos, a mineração é uma atividade tóxica e devastadora para os ecossistemas terrestres. Imagine o que pode acontecer se as mineradoras começarem a cavar também o leito marinho em busca de minérios, sem nenhuma fiscalização? É a última coisa que nossos oceanos, já devastados, precisam!
A boa notícia é que a empresa em questão está enfrentando dificuldades para arrecadar os fundos necessários para a empreitada. Vamos gerar um oceano de reclamações contra este projeto, de forma a afastar possíveis investidores e assim garantir que esta nova ameaça, algo terrível para o nosso meio ambiente, seja passageira. Clique no link abaixo e assine a petição, que será amplamente divulgada e enviada a todos os investidores em potencial:
https://secure.avaaz.org/po/png_nautilus_loc/?tyXHgbb
O local escolhido para a mina fica bem perto de um dos maiores tesouros do mundo, um rico ecossistema na costa da Papua Nova Guiné que apresenta uma grande variedade de fauna e flora marinhas, desde recifes de coral até baleias cachalotes. É um sinal do desastre que está por vir, se esta nova indústria devastadora não for impedida.
A mineradora em questão nunca fez operações dessa amplitude e já apresenta problemas financeiros. O projeto é arriscado. Se mostrarmos que ele é ainda mais perigoso ao destacar as significativas incertezas econômicas, poderemos não só conseguir deter a mina quanto garantir que toda a indústria da mineração seja advertida contra o abuso de nossos oceanos!
Em todo o planeta, lutamos para manter um equilíbrio saudável entre os seres humanos e a natureza. Ele é necessário para um desenvolvimento sustentável e, segundo os cientistas, para a nossa própria sobrevivência, bem como a de inúmeras outras espécies. É uma luta entre a ganância e a sensatez. Vamos garantir que a alternativa certa vence:
https://secure.avaaz.org/po/png_nautilus_loc/?tyXHgbb
Os cientistas que estudam os ecossistemas contam como tudo é extremamente interdependente. Nós, seres humanos, dependemos bastante de criaturas como o plâncton e ouriços do mar, desde as menores até as maiores. Muitas vezes, os seres humanos podem ser considerados um vírus, predadores do próprio ecossistema do qual dependem. Mas a Avaaz é um movimento formado por pessoas que procuram ser protetoras da natureza, a fim de eventualmente viver em harmonia com ela.
A partir dessa perspectiva, esta campanha faz parte do nosso papel de guardiões do ecossistema, de nossa função de proteger e servir o planeta maravilhoso que é a nossa casa. Nós da equipe Avaaz somos muito gratos por desempenhar esse papel juntos com todos os membros deste movimento mágico.
Um abraço cheio de esperança,
Ricken, Nell, Christoph, Lisa, Luis, Risalat e toda a equipe da Avaaz
MAIS INFORMAÇÕES
Projeto de mineração submarina pode afundar antes de começar (O Globo)
http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/projeto-de-mineracao-submarina-pode-afundar-antes-de-comecar-11669460
Fontes hidrotermais nos oceanos são mais importantes do que se pensava (O Globo)
http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/fontes-hidrotermais-nos-oceanos-sao-mais-importantes-do-que-se-pensava-19409596
Mineração marinha: uma apropriação de terras invisível (National Geographic) (em inglês)
http://voices.nationalgeographic.com/2016/07/21/deep-sea-mining-an-invisible-land-grab/
Nautilus Minerals considera financiamento alternativo (Reuters) (em inglês)
http://www.reuters.com/article/idUSASC08VK8
O oceano pode ser a nova corrida do ouro (National Geographic) (em inglês)
http://news.nationalgeographic.com/2016/07/deep-sea-mining-five-facts/
Pequenas criaturas marinhas nos salvam do inferno na terra. Então por que as colocamos em risco? (Grist) (em inglês)
http://grist.org/science/tiny-sea-creatures-are-saving-us-from-hell-on-earth-so-why-are-we-endangering-them/
Blog do Professor Márcio
Seja bem vindo. Gosto de compartilhar ideias e sua visita é uma contribuição para isto. Volte sempre!
segunda-feira, 22 de agosto de 2016
quinta-feira, 4 de agosto de 2016
Carta Aberta da FEBRAGEO sobre a venda a participação da Petrobras na área de Carcará do Pré-Sal
Publicado em agosto 4, 2016 por Redação
Tags: políticas públicas, sociedade
VENDA DA PARTICIPAÇÃO DA PETROBRAS NA ÁREA DE CARCARÁ DO PRÉ-SAL: UM CRIME DE LESA-PÁTRIA
CARTA ABERTA AOS BRASILEIROS,
OS GEÓLOGOS BRASILEIROS, ATRAVÉS DE SUA FEDERAÇÃO – FEBRAGEO, DENUNCIAM O CRIME DE LESA-PÁTRIA COMETIDO PELO ATUAL GOVERNO E ATUAL PRESIDÊNCIA DA PETROBRAS AO VENDER, POR PREÇO ABSURDAMENTE AVILTADO, SUA PARTICIPAÇÃO INTEGRAL DE 66% NA ÁREA DE CARCARÁ, UMA DAS MAIS PROMISSORAS ÁREAS LOCALIZADAS NA BACIA DE SANTOS, PARA A EMPRESA ESTATAL NORUEGUESA, A STATOIL.
A FEBRAGEO PROCURARÁ BARRAR NA JUSTIÇA ESSE CRIME, AÇÃO PARA A QUAL PEDE O APOIO DE TODO O POVO BRASILEIRO E EM ESPECIAL DAS ASSOCIAÇÕES TÉCNICAS E TRABALHISTAS DIRETAMENTE LIGADAS À ÁREA GEOLÓGICA E PETROLÍFERA.
AJUDE-NOS A DIVULGAR A CARTA ABAIXO TRANSCRITA, EM QUE EXPLICAMOS OS DETALHES DA AÇÃO ANTIPATRIÓTICA COMETIDA PELA ATUAL PRESIDÊNCIA DA PETROBRAS.
Brasileiros,
A atual presidência da Petrobras findou por vender para a empresa estatal norueguesa Statoil sua participação integral de 66% na Área de Carcará, Bloco BM8, no Pré-Sal da Bacia de Santos, por 2,5 bilhões de dólares. Nesse bloco a Petrobras fez na Área de Carcará uma das melhores e maiores descobertas de hidrocarbonetos no Brasil, que está ainda precariamente delimitada, com apenas 3 poços perfurados.
É um excelente negócio para a estatal norueguesa Statoil e péssimo para a nossa estatal Petrobras, para o Brasil e nos mostra, claramente, a diferença como os governos tratam do patrimônio do seu povo.
Enquanto os noruegueses defendem os seus bens estratégicos mesmo os situados em terras estrangeiras, o atual governo brasileiro promove a desnacionalização do patrimônio de todos nós sob o pretexto de recapitalizar a Petrobras.
Em termos simplesmente comerciais pode-se dizer que o negócio realizado foi desastroso. Levando-se em conta as reservas declarados pelo comprador, entre 0, 7 e 1,2 bilhões de barris (bbl) e considerando o menor volume estimado pela Statoil, compradora, de 0,7 bilhões, a Petrobras receberá pela venda, a prazos longos, o total de U$ 3,57/bbl.
Pois bem, a própria Petrobras, em transação recente, pagou ao preço médio de U$ 8,51/bbl na aquisição onerosa das acumulações de Libra/Tupi. Ou seja, vai receber por Carcará aproximadamente 42% do valor que pagou, em local próximo, prolífico, adjacente e também não delimitado. Mesmo considerando a variação de preços de petróleo, a Statoil pagará menos que a Petrobras despendeu.
Agora, considerando os volumes recuperáveis em 2,0 bilhões de barris, os mais próximos da realidade, o preço a ser pago pela Statoil será de U$ 1,25/bbl, ou seja, 31% do que foi pago pela Petrobras no bloco vizinho, mesmo considerando os preços e valores corrigidos e depreciados segundo os valores atuais do petróleo.
Segundo dados publicados, cada um dos seus poços produzirá mais de 40.000 bbl/dia, número compatível ao dos melhores poços produtores do mundo, e em ótimas condições econômicas e técnicas de extração. A espessura média de rochas preenchidas dor óleo é a maior do Pré- Sal, sendo superior a 350 m. Ou seja, é uma área com potencial de produção muito superior e das mais fáceis de serem produzidas do que que todas as das demais áreas produtoras das bacias de Campos, Santos e Espírito Santo, e como descrito com um óleo de excelente qualidade.
Alguns especialistas que já mapearam a Bacia de Santos, preveem volumes potenciais de 6 bilhões de barris, apenas na acumulação de Carcará. Isso, repetimos, só no bloco BM-S-8, negociado sob veementes e vigorosos protestos.
Destaca-se como estranha e imprópria a política atual da Petrobras de valorar seus ativos exploratórios usando a expectativa mínima de sucesso ou só com volumes provados. Este procedimento está em desacordo com a maioria das companhias do mundo, que utilizam nos seus cálculos também os volumes considerados prováveis e possíveis quando ofertam um prospecto, valorizando sobremaneira o que vendem. Assim, o Brasil está desvalorizando ao máximo o seu patrimônio, assemelhando-se a pessoas que vendem barato o que têm quando estão em estado desesperador. No mundo negocial, encontrar o valor real de uma oferta é tarefa de quem compra, segundo as regras vigentes no mundo de negócios. Estamos inventando a roda.
Tal tipo de venda de patrimônio do povo brasileiro revela a postura de dirigentes mal intencionados e descomprometidos com um projeto de construção nacional. Não dá para fazer outro juízo. Comportam-se como únicos vendedores que depreciam seus próprios e valorosos ativos. É como vender por um milhão uma casa que vale 15 milhões.
Não se rejeita a venda de alguns ativos da Petrobras, sabemos que estamos em um mundo de negócios, mas discordamos veementemente da venda de quaisquer que sejam esses ativos a preços aviltados, em um momento de preços internacionais artificialmente baixos e petrolíferas descapitalizadas; a venda a qualquer preço no momento atual revela na verdade uma política de liquidação da própria Petrobras, uma desconstrução até muito mais desastrosa quanto a feita pela roubalheira tão exposta na mídia, da maior e mais rica empresa brasileira. Apesar da nefasta desvalorização pelos desvios, pelos baixos valores em dólar de seus ativos e pelo baixo valor em real desvalorizado de sua produção, a Petrobras, com crescentes reservas e produção, constitui um espetacular patrimônio nacional construído por mais de sessenta anos pela resistência e esforço da sociedade brasileira, e conduzido pela reconhecida competência técnica e dedicação de seus trabalhadores. Dilapidar orientadamente este patrimônio é uma ação criminosa, um terrível crime de Lesa-Pátria!
FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE GEÓLOGOS – FEBRAGEO JOÃO CÉSAR DE FREITAS PINHEIRO
PRESIDENTE
PRESIDENTE
in EcoDebate, 04/08/2016
quarta-feira, 3 de agosto de 2016
Se correr o bicho pega. Se ficar o bicho come.
Quando discutíamos o problema da
contaminação ambiental de Paracatu pelo arsênio disseminado a partir da
mineração de ouro, uma amiga resumiu para mim o pensamento de uma boa parcela
da população de Paracatu: - “Não quero fazer exame de arsênio, porque se eu
estiver contaminada terei que me mudar da cidade. Como iria sobreviver com
minha família em outra cidade?”.
Será que é assim que você também
pensa? Não teríamos outra alternativa, a não ser fechar olhos e ouvidos, fingir
que nada está acontecendo?
Tem gente buscando outras
alternativas, mesmo porque é difícil ficar quieto quando estão envolvidas as
vidas dos nossos filhos e somos nós que decidimos por eles. Tem gente que está
buscando reparação através de processos judiciais, mas aqui vamos apresentar um
caso de quem teve que se mudar de Paracatu, por conta do envenenamento por
arsênio, e resolveu entrar com uma ação judicial contra a mineradora.
Apresento a vocês um resumo do
caso referido no Processo 16.4097-3, que corre na comarca de Paracatu, de uma
moça de 19 anos que, durante a gestação, acabou parando na UTI e perdeu o feto.
Seus problemas, de acordo com o laudo médico, começaram com 8 semanas de
gravidez, quando foi atendida no Hospital Municipal de Paracatu, e percebeu
fraqueza leve nas pernas, ao caminhar. Com a piora progressiva do quadro
(vômitos e enjôos, perda de 30 kg, necessidade de cadeira de rodas, zumbido nos
ouvidos) foi encaminhada ao Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB).
A documentação demonstra que ela
passou 17 dias na UTI/HMIB de Brasília, diagnosticada com neuropatia hipocalêmica
(paralisia flácida), que evoluiu para abortamento com 22 semanas de gestação. Devido
a persistência de fraqueza em membros inferiores e superiores, além da
incapacidade em deambular, foi encaminhada ao Setor de Neurologia do HBDF para
investigação.
Não cansarei o leitor com todos
os males que afligiram esta pessoa. O importante é ressaltar o que
transcrevemos, a seguir, do laudo médico:
Durante a internação iniciado investigação, sendo realizado diversos
exames complementares (segue abaixo resultados de exames e exame físico da
paciente). Devido ao relato de residir próximo a mineradora, solicitado dosagem
de Chumbo e Arsênlo, sendo esta última elevada em relação aos valores de
referência. Caso discutido com equipe de Neurologia juntamente com o Centro de
Referência em Toxicologla, sendo aventada como principal hipótese diagnóstico
Polineuropatia secundária à intoxicação crônica por Arsênio. (...) Orientado à
paciente e à familiares necessidade de interrupção de exposição ao provável
agente tóxico.
Por recomendação médica, conforme
orientação acima, a paciente mudou-se de Paracatu. Este é um caso bem
documentado, porque a paciente foi tratada em Brasília, por médicos competentes
e conscientes do problema da contaminação
crônica pelo arsênio. Quantos casos semelhantes podemos ter em Paracatu e
dos quais jamais teremos ciência?
Em 22/março
deste ano realizou-se uma reunião, a portas fechadas, na Prefeitura de
Paracatu, para discutir um erro grosseiro do CETEM no levantamento sobre a
contaminação da população de Paracatu pelo arsênio. Os participantes foram
notificados (mas até agora escondem da população) que os níveis de arsênio são,
na verdade, quase cinco vezes o anunciado e que cerca de 1,4% da população está
contaminada em níveis agudos. Assim, hoje sabemos que há uma
probabilidade estatística da existirem cerca de 1.300 casos de contaminação aguda pelo arsênio em
Paracatu e um sem-número de contaminados crônicos. Este fato foi denunciado em
audiência pública na Câmara de Vereadores, mas nenhum jornal de Paracatu quis
noticiá-la. Por que?
Existem outras alternativas além
do “Se correr o bicho pega; se ficar o bicho come”. Nossa alternativa tem sido
“enfrentar o bicho”.
Ou vamos fingir que nada está
acontecendo...?
Poeira tóxica em Paracatu
Quando se fala em poeira de mina e dos perigos que ela representa, poucos se dão conta das inúmeras formas em que ela se manifesta. E sempre existem aqueles pretensos cientistas, ratos de gabinete, que publicam trabalhos encomendados pela mineradora, para provarem que a poeira de mina não prejudica a saúde, é inofensiva. Só não chegam a propagar que ela é nutritiva - quem sabe possa alimentar as crianças pobres que vivem no entorno da mina...?
Em Paracatu, uma das formas da poeira tóxica é aquela que é levantada nas vias de tráfego de máquinas pesadas na área de lavra da Mina Morro do Ouro. A estupidez do gerenciamento ambiental da mina e os olhos vendados dos órgãos públicos ambientais permitem que essas vias sejam regadas com água retirada dos tanques de drenagem ácida e das barragens de rejeito, todas elas contendo carga tóxica de metais pesados, arsênio e ácido sulfúrico. Estas águas diminuem a poeira nas vias de tráfego, mas assim que ocorre o ressecamento do leito a poeira é levantada pelo tráfego das máquinas e pelo sopro do vento, intenso no período de junho a outubro, isto é, no período de estiagem. Como os ventos sopram no sentido da mina para a cidade, os habitantes de Paracatu ficam expostos a essa carga tóxica, exatamente quando são comuns os casos de problemas respiratórios, principalmente em crianças.
Na área industrial da mina, onde o minério é reduzido a pó, e até o final do seu processamento, a poeira gerada se mistura às emanações de cianeto e outras substâncias utilizadas para o tratamento químico do minério. Portanto, é uma outra forma de exalação de poeira, de toxidade distinta daquela gerada na área de lavra.
Porém, até agora não suspeitávamos da existência de um outro tipo de poeira, cuja toxidade supera aquelas que acabamos de descrever: a poeira gerada na barragem de rejeito. O leitor, por certo, vai questionar a existência dessa poeira, razão porque anexamos o vídeo abaixo. Portanto, é ver para crer!
Estamos falando, neste caso, da Barragem de Rejeito do Santo Antônio, onde milhões de toneladas de efluentes tóxicos foram depositados, contendo, além de metais pesados, como chumbo, cobre e ferro, mais de 500 mil toneladas de arsênio, em sua maior parte na forma de óxidos, a sua forma letal.
Como uma área de barragem de rejeito, onde foi depositada uma espessa camada de lama, pode gerar poeira? É que nesses tempos de escassez de água, estão sendo construídas barreiras dentro da barragem, isolando os locais onde existem nascentes, que então se transformam em espécie de piscinas, de onde a água decantada pode ser retirada para alimentar o circuito de beneficiamento de minério. Assim, a grande área central da barragem passa rapidamente por um processo de ressecamento, de maneira que o que era lama vira pó, facilmente levantado pelo vento.
As correntes de vento variam de intensidade durante o dia, mas, de maneira geral, mantêm o sentido de deslocamento de nordeste para sudoeste, ou as vezes rodopia sobre a barragem, porque não encontra obstáculos, provocando rodamoinhos de pó, conforme se vê na foto abaixo.
Quando desce sobre os solos, águas, plantas, animais e humanos, essa poeira dissemina sua carga tóxica, testemunho das ofensas que se faz ao Planeta e aos seus habitantes, para garantir o lucro e a ganância de um pequeno grupo de afortunados.
Em Paracatu, uma das formas da poeira tóxica é aquela que é levantada nas vias de tráfego de máquinas pesadas na área de lavra da Mina Morro do Ouro. A estupidez do gerenciamento ambiental da mina e os olhos vendados dos órgãos públicos ambientais permitem que essas vias sejam regadas com água retirada dos tanques de drenagem ácida e das barragens de rejeito, todas elas contendo carga tóxica de metais pesados, arsênio e ácido sulfúrico. Estas águas diminuem a poeira nas vias de tráfego, mas assim que ocorre o ressecamento do leito a poeira é levantada pelo tráfego das máquinas e pelo sopro do vento, intenso no período de junho a outubro, isto é, no período de estiagem. Como os ventos sopram no sentido da mina para a cidade, os habitantes de Paracatu ficam expostos a essa carga tóxica, exatamente quando são comuns os casos de problemas respiratórios, principalmente em crianças.
Na área industrial da mina, onde o minério é reduzido a pó, e até o final do seu processamento, a poeira gerada se mistura às emanações de cianeto e outras substâncias utilizadas para o tratamento químico do minério. Portanto, é uma outra forma de exalação de poeira, de toxidade distinta daquela gerada na área de lavra.
Porém, até agora não suspeitávamos da existência de um outro tipo de poeira, cuja toxidade supera aquelas que acabamos de descrever: a poeira gerada na barragem de rejeito. O leitor, por certo, vai questionar a existência dessa poeira, razão porque anexamos o vídeo abaixo. Portanto, é ver para crer!
Estamos falando, neste caso, da Barragem de Rejeito do Santo Antônio, onde milhões de toneladas de efluentes tóxicos foram depositados, contendo, além de metais pesados, como chumbo, cobre e ferro, mais de 500 mil toneladas de arsênio, em sua maior parte na forma de óxidos, a sua forma letal.
Como uma área de barragem de rejeito, onde foi depositada uma espessa camada de lama, pode gerar poeira? É que nesses tempos de escassez de água, estão sendo construídas barreiras dentro da barragem, isolando os locais onde existem nascentes, que então se transformam em espécie de piscinas, de onde a água decantada pode ser retirada para alimentar o circuito de beneficiamento de minério. Assim, a grande área central da barragem passa rapidamente por um processo de ressecamento, de maneira que o que era lama vira pó, facilmente levantado pelo vento.
As correntes de vento variam de intensidade durante o dia, mas, de maneira geral, mantêm o sentido de deslocamento de nordeste para sudoeste, ou as vezes rodopia sobre a barragem, porque não encontra obstáculos, provocando rodamoinhos de pó, conforme se vê na foto abaixo.
Quando desce sobre os solos, águas, plantas, animais e humanos, essa poeira dissemina sua carga tóxica, testemunho das ofensas que se faz ao Planeta e aos seus habitantes, para garantir o lucro e a ganância de um pequeno grupo de afortunados.
terça-feira, 2 de agosto de 2016
Acima de tudo, vamos perder beleza!
Por conta do aquecimento global, o mar avança sobre o litoral brasileiro. Em pouco tempo, o Atol das Rocas estará submerso. Outras ilhas e partes do litoral brasileiro também vão desaparecer em decorrência do avanço do mar e da força das ondas e das marés. Se o nível do mar continuar aumentando, no futuro, também o Arquipélago de São Pedro e São Paulo que está a quase mil quilômetros do Rio Grande do Norte, pode praticamente desaparecer. Praias como Ponta Negra em Natal estão fadadas a desaparecer em pouco tempo. Mesmo a famosa “princesinha do mar” pode desaparecer. No último fim de semana antes das Olim-piadas do Rio 2016, a ressaca em Copacabana jogou areia nas instalações olímpicas e na avenida Atlântica. Isto é só um sinal do que vem por aí no futuro.
O Brasil pode dar adeus a várias de suas maravilhas:
Adeus, Maravilhas Brasileiras
Adeus,
Canoa Quebrada, Ipanema e Princesinha do Mar,
Boa Viagem.
Vem o mar te engolir.
Adeus,
Canoa Quebrada, Ipanema e Princesinha do Mar,
Boa Viagem.
Vem o mar te engolir.
Adeus,
Tibau, praia de Iracema, coqueirais de Maceió,
Itapoã, Rio Vermelho, Farol da Barra.
Boa Viagem.
Vem o mar te engolir.
Tibau, praia de Iracema, coqueirais de Maceió,
Itapoã, Rio Vermelho, Farol da Barra.
Boa Viagem.
Vem o mar te engolir.
Adeus,
Foz do rio São Francisco,
Delta do Parnaíba,
Lençóis Maranhenses
Boa Viagem.
Vem o mar te engolir.
Foz do rio São Francisco,
Delta do Parnaíba,
Lençóis Maranhenses
Boa Viagem.
Vem o mar te engolir.
Adeus,
Manguezais,
Restingas,
Lençóis freáticos do litoral.
Boa Viagem.
Vem o mar te engolir.
Manguezais,
Restingas,
Lençóis freáticos do litoral.
Boa Viagem.
Vem o mar te engolir.
Adeus,
Recife, cidade baixa de Salvador,
Lagoa dos Patos,
Balneário Camboriú,
Boa Viagem.
Vem o mar te engolir.
Recife, cidade baixa de Salvador,
Lagoa dos Patos,
Balneário Camboriú,
Boa Viagem.
Vem o mar te engolir.
Adeus,
Praias de Noronha,
Ilha do Marajó,
Atol das Rocas,
Boa Viagem.
Vem o mar te engolir.
Praias de Noronha,
Ilha do Marajó,
Atol das Rocas,
Boa Viagem.
Vem o mar te engolir.
Adeus,
Comunidades de Diogo Lopes e Barreirinho,
– Vocês que deram a vida pela reserva extrativista –
Marisqueiras do Recôncavo,
Pescadores da Bahia de todos os santos,
Nem com todos os santos.
Boa Viagem.
Vem o mar te engolir.
Comunidades de Diogo Lopes e Barreirinho,
– Vocês que deram a vida pela reserva extrativista –
Marisqueiras do Recôncavo,
Pescadores da Bahia de todos os santos,
Nem com todos os santos.
Boa Viagem.
Vem o mar te engolir.
Adeus,
Litoral brasileiro,
Onde as crianças brincavam,
Os turistas pasmavam-se,
Onde tomávamos sol,
Jogávamos futebol
E as garotas de Ipanema
Desfilavam sua beleza.
Boa Viagem.
Vem o mar te engolir.
Litoral brasileiro,
Onde as crianças brincavam,
Os turistas pasmavam-se,
Onde tomávamos sol,
Jogávamos futebol
E as garotas de Ipanema
Desfilavam sua beleza.
Boa Viagem.
Vem o mar te engolir.
Adeus,
Sertão nordestino,
Ser tão bonito,
Ser tão musical,
Ser tão feliz.
Vem o deserto te engolir.
Boa Viagem.
Sertão nordestino,
Ser tão bonito,
Ser tão musical,
Ser tão feliz.
Vem o deserto te engolir.
Boa Viagem.
Adeus,
Floresta amazônica,
Paraíso onde o espírito pairava sobre as águas,
E os espíritos habitavam as árvores,
Onde Deus descansava do seu longo trabalho criador.
Vem a savana te engolir.
Boa Viagem.
Floresta amazônica,
Paraíso onde o espírito pairava sobre as águas,
E os espíritos habitavam as árvores,
Onde Deus descansava do seu longo trabalho criador.
Vem a savana te engolir.
Boa Viagem.
Adeus,
Maravilhas brasileiras,
Perdemos para a razão irracional.
Ficareis guardadas nas fotos dependuradas nas paredes,
Armazenadas em discos rígidos de computadores,
Na música de Tom Jobim
E nos poemas de Drummond.
Guardaremos a memória dessa infinita tristeza,
Da perda irresgatável da infinita beleza.
Boa Viagem.
Maravilhas brasileiras,
Perdemos para a razão irracional.
Ficareis guardadas nas fotos dependuradas nas paredes,
Armazenadas em discos rígidos de computadores,
Na música de Tom Jobim
E nos poemas de Drummond.
Guardaremos a memória dessa infinita tristeza,
Da perda irresgatável da infinita beleza.
Boa Viagem.
Extraído (e modificado) do artigo O naufrágio do Atol das Rocas, de José Eustáquio Diniz Alves, publicado em https://www.ecodebate.com.br/2016/08/02/o-naufragio-do-atol-das-rocas-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
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