Blog do Professor Márcio

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segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Perfeito e Imperfeito

Neste dia de sua vida acredito que Deus quer que você saiba que existe algo “errado” em tudo.

Não importa o que você olhe, você encontrará algo errado nisso, algo imperfeito, algo que não está de acordo com você. Não se preocupe, se olhar bem de perto você irá encontrá-lo.

Há algo “certo” em tudo. Não importa o que você olhe, poderá encontrar algo certo nisso, algo perfeito.

Então, permanece uma questão: O que está procurando ver? O que você escolheu perceber? Qual a sua perspectiva? (Aposto que você já sabe que a perspectiva de Deus é...).


terça-feira, 29 de outubro de 2013

MPF/MG questiona Kinross sobre impactos resultantes da produção de ouro em Paracatu

 

Foto: Mina da Kinross Brasil Mineração SA, em Paracatu, MG. Foto Flickr / SkyTruth
Foto: Mina da Kinross Brasil Mineração SA, em Paracatu, MG. Foto Flickr / SkyTruth

Um dos objetivos é saber se a incidência de câncer no município estaria de fato relacionada com a liberação de substâncias tóxicas durante o processo de mineração

O Ministério Público Federal em Minas Gerais (MPF/MG) encaminhou à Kinross Brasil Mineração SA diversos questionamentos acerca do processo de extração de ouro e prata em seu complexo minerário instalado no município de Paracatu e das consequências para o meio ambiente e para a saúde da população da cidade. No total, mais de 37 quesitos – todos eles desdobrados em vários questionamentos – foram encaminhados à mineradora.
Em vistoria realizada nos dias 02 e 03 de outubro na mina e nas demais instalações da Kinross, o procurador da República José Ricardo Teixeira Alves e técnicos do MPF/MG detectaram que um dos problemas ambientais resultantes do processo de produção de ouro da mineradora é o uso de cianeto, substância que, segundo informações da própria empresa, é altamente perigosa. O cianeto, em contato com determinados ácidos, libera um gás tóxico que, se ingerido ou inalado, pode ser fatal.
De acordo com os peritos do MPF/MG, um dos critérios do Código Internacional de Gestão de Cianetos, do qual a empresa é participante, é não permitir que os níveis de cianetos dissociáveis por ácidos que saem da unidade de processamento para a área de armazenamento de rejeitos seja superior a 50 partes por milhão. “É preciso saber então de que maneira a empresa está destruindo o cianeto utilizado no processo de produção”, afirma o procurador José Ricardo Teixeira Alves.
Ele conta que, durante a vistoria, técnicos da empresa informaram que a solução contendo cianeto, que não é totalmente destruída após o processo de produção, vem sendo armazenada nas barragens de rejeitos, que são revestidas com lona PEAD e argila férrica, um material que encurta o tempo de vida da barragem e ocasiona pressão elevada sobre o solo ou maciço.
“A nossa preocupação é que, ao longo dos anos, essas barragens possam romper, e o vazamento do material tóxico contido nos tanques possa atingir o lençol freático através da percolação nas trincas e nas fraturas das rochas que se encontram abaixo da camada impermeável”, explica o procurador da República.
Por isso, a empresa deverá informar ao MPF/MG a quantidade de rejeitos e de material estéril produzida anualmente, o processo de descarte da água gerada no rejeito do beneficiamento e da hidrometalurgia, além de esclarecer quantas análises mensais, das águas superficiais e subterrâneas situadas na área de influência do empreendimento, são efetuadas, por quais parâmetros e quais os resultados obtidos até o momento.
Contaminação por metais pesados – Outro problema ambiental gerado pela produção de ouro da mineradora é a liberação de enorme quantidade de arsênio e de outros materiais tóxicos.
Para o MPF/MG, o risco de essas substâncias contaminarem águas superficiais, como as águas de chuvas, por exemplo, e essas atingirem os córregos, brejos, cisternas e poços tubulares no entorno da mina, não pode ser ignorado.
Em 2012, pesquisadores do Laboratório Labiotec, de Uberlândia/MG, constataram a contaminação de um brejo abaixo da barragem e de uma cisterna na região do ribeirão Santa Rita por materiais pesados provenientes das águas da barragem de rejeitos da Kinross. A situação foi considerada extremamente grave, pois a contaminação por metais pesados provoca, entre outros, cegueira, destruição do sistema imunológico e do sistema nervoso central.
Na mesma linha, a investigação pretende detectar se realmente houve aumento da incidência de câncer na região e, em caso positivo, se haveria influência da mineração.
Estudos apontam para um alto número de pacientes com câncer em Paracatu, fora do padrão para cidades de mesmo porte [cerca de 90 mil habitantes]. Em novembro do ano passado, noticiou-se que mais de 400 paracatuenses encontravam-se em tratamento no Hospital do Câncer, em Barretos/SP, e, segundo os médicos, esse número vem aumentando.
O procurador da República diz que “é preciso investigar se essa incidência está condizente com a realidade ou se ela realmente discrepa do padrão, além das reais causas para o número de pacientes portadores de câncer, ou de outras doenças, resultantes ou não da contaminação por substâncias utilizadas ou geradas durante ou no final do processo de produção do ouro”.
Rios secando – “Há notícias ainda sobre a ocorrência de outros danos ambientais, como fontes de água – lagoas, açudes e poços artesianos – que estão secando”, lembra o procurador. “Esses relatos são preocupantes, porque é preciso saber se as frentes de lavra podem vir, no futuro, a afetar o abastecimento de água da cidade de Paracatu, que está situada a montante da mineração”.
Por sinal, uma das principais frentes de lavra da Kinross, instalada a cerca de 60 metros abaixo do nível do córrego Rico, provocou a diminuição na vazão desse córrego devido ao rebaixamento do lençol freático. “Nesse caso, a dúvida é se as nascentes serão totalmente bloqueadas pela lavra, com toda a água do córrego Rico sendo usada pelo empreendimento, ou se a empresa está tomando providências para normalizar a vazão de um curso d’água importante para a região”, afirma José Ricardo.
O complexo minerário da Kinross, localizado próximo à zona urbana, tem avançado em direção a alguns bairros de Paracatu, com notícias de demolição de casas, ruas com rede de água e luz e até de equipamentos públicos, para ampliação da lavra.
Por isso, segundo o MPF/MG, é preciso ter acesso a informações que comprovem o alcance efetivo do projeto, bem como analisar detidamente o próprio processo de licenciamento ambiental para saber se todos esses efeitos foram previstos, quais foram as medidas compensatórias planejadas e se elas vêm sendo cumpridas pela mineradora.
A Kinross Gold Corporation, que incorporou a antiga Rio Paracatu Mineração, é uma empresa global com sede no Canadá. A expansão da mina, situada a dois quilômetros ao norte da cidade de Paracatu, é um megaempreendimento que triplicou a produção anual de ouro da empresa.
Fonte: Ministério Público Federal em Minas Gerais

Tags: mineração, MP, saúde
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EcoDebate, 29/10/2013

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Mudanças climáticas radicais estão prestes a ocorrer, diz o estudo ‘The projected timing of climate departure from recent variability’

É o que diz o estudo ‘The projected timing of climate departure from recent variability’

A evolução da temperatura futura no cenário de maiores emissões (vermelho) e num cenário em que se consegue implantar com sucesso medidas de mitigação (azul) – o “mundo 4 graus mais quente” e o “mundo 2 graus mais quente”

A evolução da temperatura futura no cenário de maiores emissões (vermelho) e num cenário em que se consegue implantar com sucesso medidas de mitigação (azul) – o “mundo 4 graus mais quente” e o “mundo 2 graus mais quente”.
A Terra pode experimentar um clima radicalmente diferente no prazo de 34 anos, mudando para sempre a vida como conhecemos e os trópicos devem ser afetados primeiro e de forma mais intensa, alerta um estudo [The projected timing of climate departure from recent variability] publicado esta quarta-feira, que visa reforçar os riscos do aquecimento global. Matéria daAFP, no Yahoo Notícias, com informações adicionais do EcoDebate.
Com as tendências atuais de emissões de gases de efeito estufa, 2047 será o ano em que o clima na maior parte das regiões da Terra mudará para além dos extremos documentados, destacou o estudo.
Este prazo se estenderá a 2069 em um cenário em que as emissões derivadas da queima de combustíveis fósseis se estabilizarão, destacou uma análise de projeções climáticas publicada na revista Nature.
“Os resultados nos chocaram”, afirmou a respeito das descobertas o principal autor do estudo, Camilo Mora, do departamento de geografia da Universidade do Havaí.
“Ao longo da minha geração, qualquer clima com o qual estejamos acostumados será coisa do passado”, acrescentou.
A maioria dos estudos climáticos prevê mudanças médias globais a partir de uma data aleatória, como 2100.
O novo estudo seguiu um curso diferente, ao distinguir entre diferentes regiões do planeta e tentar identificar o ano em que o clima cruzará o limite em que os eventos climáticos considerados extremos serão a norma.
Entre os efeitos analisados estão a temperatura superficial de ar e mar, padrão de chuva e acidez dos oceanos.
“Independentemente do cenário, as mudanças vão acontecer logo”, advertiu Mora, destacando que isto forçará as espécies a se adaptar ou mudar para não morrer.
“O trabalho demonstra que estamos empurrando os ecossistemas do planeta para fora do ambiente em que evoluíram e para dentro de condições totalmente novas que eles podem não conseguir suportar. As extinções são o resultado provável”, comentou Ken Caldeira, do departamento de ecologia global do Instituto Carnegie de Ciência.
Segundo o estudo, os trópicos serão afetados mais rápido e de forma mais intensa. Plantas e animais tropicais não estão habituados a variações no clima e por isso são mais vulneráveis mesmo às menores alterações.
“Os trópicos sustentam a maior diversidade do mundo em espécies marinhas e terrestres e experimentarão climas sem precedentes dez anos antes do que qualquer outra (região) da Terra”, destacou um comunicado.
Essas regiões também abrigam a maior parte da população mundial e contribuem significativamente para o abastecimento alimentar global.
“Em países predominantemente desenvolvidos, cerca de um bilhão de pessoas em um cenário otimista e cinco bilhões em um cenário ‘business-as-usual’ (n.r: mantidas as mesmas condições) vivem em regiões que irão experimentar climas extremos antes de 2050″, disse o co-autor do estudo, Ryan Longman.
“Isso faz aumentar a preocupação com mudanças no abastecimento de água e comida, saúde humana, a disseminação mais extensa de doenças infecciosas, estresse causado pelo calor, conflitos e desafios para as economias”, alertou.
“Nossos resultados sugerem que os países que serão impactados primeiro por climas sem precedentes serão aqueles com menos capacidade de responder”, prosseguiu.
Segundo um cenário de emissões ‘business-as-usual’, os cientistas previram que as datas da “partida climática” seriam por volta de 2020 em Manokwari (Indonésia), 2029 em Lagos (Nigéria), 2031 na Cidade do México, 2066 em Reykjavik (Islândia) e 2071 em Anchorage (Alasca).
Os estudiosos denominaram de “partida climática” o ponto em que eventos extremos mensurados durante os últimos 150 anos – período durante o qual dados climáticos são considerados confiáveis – se tornam a norma.
“Se a avaliação estiver correta, atenção conservacionistas: a corrida das mudanças climáticas não só começou, mas está definida, com a linha de chegada da extinção se aproximando mais dos trópicos”, escreveu Eric Post, do departamento de biologia da Universidade do Estado da Pensilvânia, em um comentário sobre as descobertas.
O ano 2047 foi estabelecido em um cenário ‘business-as-usual’, segundo o qual os níveis de dióxido de carbono (CO2) atmosférico continuarão constantes.
Atualmente, estes níveis estão abaixo das 400 partes por milhão (ppm), mas podem alcançar 936 ppm em 2100, o que significaria uma elevação média na temperatura ao longo deste século de 3,7 graus Celsius.
O ano 2067 se baseia em um cenário de redução de emissões, que alcançaria as 538 ppm em 2100, provocando um aquecimento neste século de cerca de 1,8º C.
Mais 0,7º C precisa ser adicionado às temperaturas para incluir um aquecimento que aconteceu do início da Revolução Industrial até o ano 2000.
As Nações Unidas estabeleceram como meta limitar o aquecimento global a 2º C em comparação com níveis pré-industriais para evitar efeitos catastróficos decorrentes das mudanças climáticas.
Artigo:
The projected timing of climate departure from recent variability
Nature 502, 183–187 (10 October 2013) doi:10.1038/nature12540
http://www.nature.com/nature/journal/v502/n7470/full/nature12540.html
Referências:
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EcoDebate, 11/10/2013
Publicado em outubro 11, 2013 por 
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Trecho do discurso de José Mujica na ONU

Presidente do Uruguai, José Mujica

Parece que nascemos apenas para consumir e consumir e, quando não podemos, nos enchemos de frustração, pobreza e até autoexclusão. O certo, hoje, é que, para gastar e enterrar os detritos nisso que a ciência chama de poeira de carbono, se aspirarmos nesta humanidade a consumir como um americano médio, seriam imprescindíveis três planetas para poder viver.

Nossa civilização montou um desafio mentiroso e, assim como vamos, não é possível satisfazer esse sentido de esbanjamento que se deu à vida. Isso se massifica como uma cultura de nossa época, sempre dirigida pela acumulação e pelo mercado.

Prometemos uma vida de esbanjamento, e, no fundo, constitui uma conta regressiva contra a natureza, contra a humanidade no futuro. Civilização contra a simplicidade, contra a sobriedade, contra todos os ciclos naturais.

O pior: civilização contra a liberdade que supõe ter tempo para viver as relações humanas, as únicas que transcendem: o amor, a amizade, aventura, solidariedade, família.
Civilização contra tempo livre que não é pago, que não se pode comprar, e que nos permite contemplar e esquadrinhar o cenário da natureza.


Arrasamos a selva, as selvas verdadeiras, e implantamos selvas anônimas de cimento. Enfrentamos o sedentarismo com esteiras, a insônia com comprimidos, a solidão com eletrônicos, porque somos felizes longe da convivência humana.


quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Não ao Marco Regulatório da Mineração


Comida não comida

Artigo de Efraim Rodrigues


desperdício de alimentos

[EcoDebate] Acaba de sair um relatório das Nações Unidas sobre o desperdício mundial de alimento (*).
Os números chocam até mesmo os que cresceram ouvindo que não pode deixar comida no prato porque as criancinhas da África não têm o que comer.
Anualmente, um bilhão de toneladas de alimento é jogado no lixo. Isto não é uma ofensa somente para os 900 milhões de pessoas que todo dia dormem com fome.
A produção de alimento consome recursos naturais, especialmente da maneira como é feita hoje. É água consumida para manter as plantas, são fertilizantes e agrotóxicos que degradam a qualidade de rios e lagos, combustíveis fósseis para tocar máquinas, manter estoques em silos, energia elétrica para refrigeração, tudo isto para no fim criar lixo, que muitas vezes nem é reaproveitado e irá ocupar espaço em lixões e aterros.
Apesar do discurso agrícola que a planta não consome água, que só a transferiria para a atmosfera, o fato é que água líquida serve para muito mais finalidades que o vapor de água. A água perdida para produzir estes alimentos desperdiçados equivale a cada ano, a um Rio Volga, que não é nenhum ribeirão, veja uma foto dele em meu blog http://bit.ly/T4rXVg
Os mais de 3 bi de toneladas de carbono emitidas a cada ano para produzir este alimento desperdiçado só ficam atrás da emissão de EUA e China.
Entre os muitos culpados deste problema, está justamente o barateamento do alimento relativo à renda das famílias, fundamental para reduzir a fome no mundo, mas que também estimula o desperdício. A urbanização também estimula o desperdício de alimento não só pelo afastamento dos pontos de produção e aumento de complexidade na estrutura de transporte, mas também porque na cidade mais pessoas vivem a plenitude do que o economista David Ricardo chamou de “vantagem comparativa” no século 18; as pessoas trabalham no que lhes dá mais lucro e terceirizam outras atividades, como a produção e preparo de alimento.
Se você regar um pé de tomate, quererá comer cada um deles. David Ricardo não percebeu, no mundo ainda infinito em que vivia, que um mundo de especialistas é também um mundo de desperdício.
Efraim Rodrigues, Ph.D. (efraim@efraim.com.br), Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor pela Universidade de Harvard, Professor Associado de Recursos Naturais da Universidade Estadual de Londrina, consultor do programa FODEPAL da FAO-ONU, autor dos livros Biologia da Conservação e Histórias Impublicáveis sobre trabalhos acadêmicos e seus autores. Também ajuda escolas do Vale do Paraíba-SP, Brasília-DF, Curitiba e Londrina-PR a transformar lixo de cozinha em adubo orgânico e a coletar água da chuva. É professor visitante da UFPR, PUC-PR, UNEB – Paulo Afonso e Duke – EUA. http://ambienteporinteiro-efraim.blogspot.com/
Publicado em outubro 3, 2013 por 

A gente entende do São Francisco

Carta da II Plenária da Articulação Popular São Francisco Vivo

A gente entende do São Francisco. Nós, 43 representantes dos Povos das Terras e das Águas do Velho Chico, passamos três dias reafirmando isso. Viemos das beiras dos rios dos cerrados, caatingas e veredas, das ilhas e barrancas, da roça e da cidade. Das Minas Gerais e da Bahia, de Pernambuco, de Sergipe e de Alagoas. Realizamos a II Plenária da Articulação Popular São Francisco Vivo, em Feira de Santana, na Bahia, de 27 a 29 de setembro de 2013. A memória saudosa do fotógrafo João Zinclar e do líder quilombola Elson Ribeiro Borges nos animou ao compromisso fiel.

Nos locais onde vivemos, todos os dias, enxergamos o nosso povo a entranhar-se neste Vale como água. Correndo para o grande rio, como o São Francisco corre para o mar, com esperança de vida. Como árvore, vai em busca das raízes, a nutrir identidade e frutificar.

O que as ciências têm dito da situação do rio nos deixa alarmados. Dizem que ele está condenado e em 30 anos passará a ser intermitente. Nossos olhos comprovam, vemos menos água e mais areia. Hoje são as “croas” que traçam o desenho do rio assoreado. Ele está cada dia mais raso, coado, fraco, agrotóxicos e metais pesados no lugar de peixes. A cada dia exige mais esforço da gente pra dar conta do viver dependente de sua natureza degradada. A cada dia também nos cobra mais determinação na luta em sua defesa, a dar o grito por ele.

Empreendimentos do capital se multiplicam, mais intensos em destruir bens naturais e humanos com todo tipo de impactos socioambientais. A mineração, antes mais em Minas Gerais, hoje se espalha por todo canto, a gerar fabulosos lucros de exportação e a deixar estragos irreparáveis. Os parques eólicos imensos - falsa “energia limpa” - estão sendo impostos sobre vastos territórios da Serra Geral, na Bahia, avassalando comunidades camponesas. As barragens, grandes ou pequenas, públicas e privadas, inúmeras, significam morte certa para os rios. Energia barata com alto custo natural e social, impagável.

Dizem que é o progresso chegando, agora com o nome de “crescimento”. Já ouvimos esta pregação outras vezes e, de novo, é mentira. Promessas de emprego e renda, dinheiro e impostos. E demos com a cara em grandes plantios de eucaliptos, desmatamento, nascentes e rios destruídos. Em perímetros públicos de irrigação para empresas privadas endividadas e sustentadas pelas facilidades governamentais. Agora anunciam desastrosa exploração de gás de xisto no Norte de Minas, no Oeste da Bahia e na foz e funesta usina nuclear em Itacuruba, Pernambuco.

A transposição das águas do São Francisco para o Nordeste Setentrional é aquilo mesmo que dizíamos: ralo de dinheiro público e atrativo de votos em toda eleição, as últimas e as que virão. Canais rachados, túnel caído, empregos desfeitos, quase 9 bilhões de reais consumidos e esperanças vãs alimentadas. Comprovada também, nesta seca prolongada, que o que salva o povo sertanejo, os rebanhos e as caatingas são as iniciativas populares de Convivência com o Semiárido. A revitalização do rio, barganhada pela transposição, não vai além do programa Água para Todos e do esgotamento sanitário limitado, inconcluso e superfaturado.

A tristeza de ver o rio caminhando para morte, sob a irresponsabilidade geral, não nos desanima. As dez experiências de luta trazidas para a Plenária - por territórios tradicionais, no enfrentamento dos projetos degradantes e na busca por revitalização da Bacia do São Francisco - revelaram que a esperança de vida do rio e de sua gente está na resistência e nas iniciativas do povo organizado, mobilizado e articulado. A revitalização do rio é obra para todas as mãos, mas interessa primeiro aos pobres que visceralmente dele dependem e por ele se levantam. Neste rumo vão as decisões de ação da São Francisco Vivo para os próximos anos: lutas territoriais, enfrentamento dos projetos capitalistas, recuperação de microbacias, saneamento ambiental e consolidação da Articulação. Convocamos a se juntarem a nós os que põem a vida acima do dinheiro. São Francisco Vivo: Terra, Água, Rio e Povo!

Feira de Santana, 29 de setembro de 2013.
Articulação Popular São Francisco Vivo.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Novo Código de Mineração: retrocesso ambiental



Ambientalistas afirmam que projeto de novo Código de Mineração (PL 37/11 e apensados) é um retrocesso do ponto de vista socioambiental. Representantes de ONGs, Ibama e Ministério Público debateram o tema nesta quarta-feira, em audiência da comissão especial que analisa a proposta. Todos concordaram que o novo Código se concentrou em questões econômicas da exploração mineral, deixando de lado o aspecto ambiental, como sintetiza o procurador da República Darlan Dias.
“Na nossa percepção, o projeto do governo pretendeu a neutralidade, dizendo assim: ‘não cabe ao Código de Mineração tratar das questões ambientais’. Na nossa visão, isso representa um retrocesso em relação ao Código de Mineração de 1967 que, já naquela época, tinha preocupações ambientais expressas.”

O Ministério Público apresentou várias sugestões de alteração na proposta para garantir, entre outros pontos, maior rigor na fiscalização ambiental da exploração de minérios e, sobretudo, a exigência de regularidade ambiental das concessionárias responsáveis pelas lavras.

Em busca de uma exploração mineral sustentável, o especialista em políticas públicas do WWF Brasil, Aldem Bourscheit, propôs o zoneamento socioambiental do país e a criação de um selo de sustentabilidade na mineração, a fim de preservar os recursos hídricos, as unidades de conservação e os territórios de comunidades tradicionais.

Os ambientalistas admitem o papel economicamente estratégico da mineração, mas ressaltam que seu impacto socioambiental precisa ser efetivamente mitigado. A representante da ONG FASE, Juliana Malerba, apresentou os sete pontos consensuais que a Rede Brasileira de Justiça Ambiental quer incorporar ao novo código.

“O primeiro é democracia e transparência na construção e na aplicação da política mineral; definição de áreas livres de mineração; direito a consulta e vetos das comunidades afetadas; plano de fechamento de minas; definição de taxas e ritmos de exploração; respeito e proteção aos direitos dos trabalhadores, e que a mineração em terras indígenas respeite a Convenção 169 (da OIT) e esteja subordinada à aprovação do Estatuto dos Povos Indígenas.”

O relator do novo código, deputado Leonardo Quintão, do PMDB mineiro, disse estar disposto a debater esses temas, mas vê dificuldade em incluir todos eles no texto. “É uma lei [código] para regular o processo mineral. Nós temos, no país, leis trabalhistas, leis diversas do meio ambiente, leis que protegem a água e o solo. Eu vejo dificuldade em se colocar leis ambientais e trabalhistas em um projeto como este. Mas nós estamos, sim, abertos ao debate.”

O novo Código de Mineração tramita em regime de urgência e tranca a pauta de votação do Plenário da Câmara. O presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves, vai se reunir com o vice-presidente da República, Michel Temer, ainda nesta semana, para pedir a retirada da urgência, com o compromisso de votá-la em Plenário até 15 de outubro. O argumento é que o tema é complexo e precisa de mais debates.

Matéria de José Carlos Oliveira, na Agência Câmara de Notícias, publicada pelo EcoDebate, 05/09/2013

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Junte-se contra a repressão brutal

Em tempo, trago notícias sobre minha visão. Quinta, 25 de julho não foi um dia bom. Finalmente chegou a notícia do corpo médico de que nunca mais vou recuperar a visão do meu olho esquerdo
Mas o pior mesmo é olhar para o tempo e ver que os abusos por parte da polícia nas manifestações não tem fim. Desde que eu, vários jornalistas e manifestantes paulistas fomos feridos por balas de borracha e bombas de gás, ficamos sabendo de outros casos no Rio de Janeiro de pessoas que também perderam a visão ou se machucaram gravemente.Definitivamente, isso não pode continuar! 
Apesar de ser politicamente engajado, eu nunca fui porta-voz de uma causa, mas as circunstâncias pelas quais passei me colocaram literalmente nesta posição, de uma vez por todas. Agora vou até o fim. E ressalto que é um grande incentivo para mim saber que tenho o apoio de outras 43613 pessoas como você.
Quero compartilhar este vídeo com você, para continuarmos mobilizando o maior número de pessoas conscientes contra o uso de armas não-letais.
Clique para compartilhar
É importantíssimo também continuarmos divulgando nosso abaixo-assinado. Compartilhe no seu mural nas redes sociais, poste no feed de seus amigos, tuíte os links, peça para todos assinarem, envie para sua lista de emails pessoais e se puder, para a lista de emails do trabalho.
No Rio, a situação é ainda pior, por isso estou em contato com as outras pessoas que também foram atingidas naquele estado, e trabalhando com entidades e coletivos para conseguir abrir diálogos com o poder público visando a melhoria de processos relacionados a segurança da população em manifestações. 
Mais uma vez eu quero dizer muito obrigado. Mais do que somente assinar um abaixo-assinado, o seu apoio e de minha família são fatores que me mantém forte e esperançoso para seguir em frente, colocar a prótese no lugar do olho perdido, e voltar a trabalhar.
Não posso deixar que essa situação seja esquecida.
Sérgio Silva
Fotógrafo Futura Press

Esta mensagem foi enviada pela Change.org 
Endereço para correspondência: Change.org · 216 W 104th St., #130 · New York, NY 10025