Blog do Professor Márcio

Seja bem vindo. Gosto de compartilhar ideias e sua visita é uma contribuição para isto. Volte sempre!

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Mudanças climáticas radicais estão prestes a ocorrer, diz o estudo ‘The projected timing of climate departure from recent variability’

É o que diz o estudo ‘The projected timing of climate departure from recent variability’

A evolução da temperatura futura no cenário de maiores emissões (vermelho) e num cenário em que se consegue implantar com sucesso medidas de mitigação (azul) – o “mundo 4 graus mais quente” e o “mundo 2 graus mais quente”

A evolução da temperatura futura no cenário de maiores emissões (vermelho) e num cenário em que se consegue implantar com sucesso medidas de mitigação (azul) – o “mundo 4 graus mais quente” e o “mundo 2 graus mais quente”.
A Terra pode experimentar um clima radicalmente diferente no prazo de 34 anos, mudando para sempre a vida como conhecemos e os trópicos devem ser afetados primeiro e de forma mais intensa, alerta um estudo [The projected timing of climate departure from recent variability] publicado esta quarta-feira, que visa reforçar os riscos do aquecimento global. Matéria daAFP, no Yahoo Notícias, com informações adicionais do EcoDebate.
Com as tendências atuais de emissões de gases de efeito estufa, 2047 será o ano em que o clima na maior parte das regiões da Terra mudará para além dos extremos documentados, destacou o estudo.
Este prazo se estenderá a 2069 em um cenário em que as emissões derivadas da queima de combustíveis fósseis se estabilizarão, destacou uma análise de projeções climáticas publicada na revista Nature.
“Os resultados nos chocaram”, afirmou a respeito das descobertas o principal autor do estudo, Camilo Mora, do departamento de geografia da Universidade do Havaí.
“Ao longo da minha geração, qualquer clima com o qual estejamos acostumados será coisa do passado”, acrescentou.
A maioria dos estudos climáticos prevê mudanças médias globais a partir de uma data aleatória, como 2100.
O novo estudo seguiu um curso diferente, ao distinguir entre diferentes regiões do planeta e tentar identificar o ano em que o clima cruzará o limite em que os eventos climáticos considerados extremos serão a norma.
Entre os efeitos analisados estão a temperatura superficial de ar e mar, padrão de chuva e acidez dos oceanos.
“Independentemente do cenário, as mudanças vão acontecer logo”, advertiu Mora, destacando que isto forçará as espécies a se adaptar ou mudar para não morrer.
“O trabalho demonstra que estamos empurrando os ecossistemas do planeta para fora do ambiente em que evoluíram e para dentro de condições totalmente novas que eles podem não conseguir suportar. As extinções são o resultado provável”, comentou Ken Caldeira, do departamento de ecologia global do Instituto Carnegie de Ciência.
Segundo o estudo, os trópicos serão afetados mais rápido e de forma mais intensa. Plantas e animais tropicais não estão habituados a variações no clima e por isso são mais vulneráveis mesmo às menores alterações.
“Os trópicos sustentam a maior diversidade do mundo em espécies marinhas e terrestres e experimentarão climas sem precedentes dez anos antes do que qualquer outra (região) da Terra”, destacou um comunicado.
Essas regiões também abrigam a maior parte da população mundial e contribuem significativamente para o abastecimento alimentar global.
“Em países predominantemente desenvolvidos, cerca de um bilhão de pessoas em um cenário otimista e cinco bilhões em um cenário ‘business-as-usual’ (n.r: mantidas as mesmas condições) vivem em regiões que irão experimentar climas extremos antes de 2050″, disse o co-autor do estudo, Ryan Longman.
“Isso faz aumentar a preocupação com mudanças no abastecimento de água e comida, saúde humana, a disseminação mais extensa de doenças infecciosas, estresse causado pelo calor, conflitos e desafios para as economias”, alertou.
“Nossos resultados sugerem que os países que serão impactados primeiro por climas sem precedentes serão aqueles com menos capacidade de responder”, prosseguiu.
Segundo um cenário de emissões ‘business-as-usual’, os cientistas previram que as datas da “partida climática” seriam por volta de 2020 em Manokwari (Indonésia), 2029 em Lagos (Nigéria), 2031 na Cidade do México, 2066 em Reykjavik (Islândia) e 2071 em Anchorage (Alasca).
Os estudiosos denominaram de “partida climática” o ponto em que eventos extremos mensurados durante os últimos 150 anos – período durante o qual dados climáticos são considerados confiáveis – se tornam a norma.
“Se a avaliação estiver correta, atenção conservacionistas: a corrida das mudanças climáticas não só começou, mas está definida, com a linha de chegada da extinção se aproximando mais dos trópicos”, escreveu Eric Post, do departamento de biologia da Universidade do Estado da Pensilvânia, em um comentário sobre as descobertas.
O ano 2047 foi estabelecido em um cenário ‘business-as-usual’, segundo o qual os níveis de dióxido de carbono (CO2) atmosférico continuarão constantes.
Atualmente, estes níveis estão abaixo das 400 partes por milhão (ppm), mas podem alcançar 936 ppm em 2100, o que significaria uma elevação média na temperatura ao longo deste século de 3,7 graus Celsius.
O ano 2067 se baseia em um cenário de redução de emissões, que alcançaria as 538 ppm em 2100, provocando um aquecimento neste século de cerca de 1,8º C.
Mais 0,7º C precisa ser adicionado às temperaturas para incluir um aquecimento que aconteceu do início da Revolução Industrial até o ano 2000.
As Nações Unidas estabeleceram como meta limitar o aquecimento global a 2º C em comparação com níveis pré-industriais para evitar efeitos catastróficos decorrentes das mudanças climáticas.
Artigo:
The projected timing of climate departure from recent variability
Nature 502, 183–187 (10 October 2013) doi:10.1038/nature12540
http://www.nature.com/nature/journal/v502/n7470/full/nature12540.html
Referências:
  1. Reilly, J. & Schimmelpfennig, D. Irreversibility, Uncertainty, and Learning: Portraits of Adaptation to Long-term Climate Change (Springer, 2000)
  2. Alley, R. B. et al. Abrupt climate change. Science 299, 2005–2010 (2003)
  3. Williams, J. W. & Jackson, S. T. Novel climates, no-analog communities and ecological surprises. Front. Ecol. Environ 5, 475–482 (2007)
  4. Peterson, A. T., Soberon, J., Pearson, R. G. & Martinez-Meyer, E. Ecological Niches and Geographic Distributions (Monographs in Population Biology Vol. 49) (Princeton Univ. Press, 2011)
  5. Doney, S. C. et al. Climate change impacts on marine ecosystems. Annu. Rev. Mar. Sci. 4, 11–37 (2012)
  6. Parmesan, C. & Yohe, G. A globally coherent fingerprint of climate change impacts across natural systems. Nature 421, 37–42 (2003)
  7. Chen, I.-C., Hill, J. K., Ohlemüller, R., Roy, D. B. & Thomas, C. D. Rapid range shifts of species associated with high levels of climate warming. Science 333, 1024–1026 (2011)
  8. Parmesan, C. Ecological and evolutionary responses to recent climate change. Annu. Rev. Ecol. Evol. Syst. 37, 637–669 (2006)
  9. Thomas, C. D., Franco, A. M. A. & Hill, J. K. Range retractions and extinction in the face of climate warming. Trends Ecol. Evol. 21, 415–416 (2006)
  10. Crowley, T. J. & North, G. R. Abrupt climate change and extinction events in Earth history. Science 240, 996–1002 (1988)
  11. Mora, C. & Zapata, F. A. in The Balance of Nature and Human Impact (ed. K. Rohde) 239–257 (Cambridge Univ. Press, 2013)
  12. Berg, M. P. et al. Adapt or disperse: understanding species persistence in a changing world. Glob. Change Biol. 16, 587–598 (2010)
  13. Lobell, D. B. & Gourdji, S. M. The influence of climate change on global crop productivity. Plant Physiol. 160, 1686–1697 (2012)
  14. Zhang, X. & Cai, X. Climate change impacts on global agricultural water deficit. Geophys. Res. Lett. 40, 1111–1117 (2013)
  15. Taylor, R. G. et al. Ground water and climate change. Nature Clim. Change 3, 322–329 (2013)
  16. Patz, J. A. & Olson, S. H. Climate change and health: global to local influences on disease risk. Ann. Trop. Med. Parasitol. 100, 535–549 (2006)
  17. Epstein, P. R. Climate change and infectious disease: stormy weather ahead? Epidemiology 13, 373–375 (2002)
  18. Khasnis, A. A. & Nettleman, M. D. Global warming and infectious disease. Arch. Med. Res. 36, 689–696 (2005)
  19. Sherwood, S. C. & Huber, M. An adaptability limit to climate change due to heat stress. Proc. Natl Acad. Sci. USA 107, 9552–9555 (2010)
  20. Berry, H., Bowen, K. & Kjellstrom, T. Climate change and mental health: a causal pathways framework. Int. J. Public Health 55, 123–132 (2010)
  21. Díaz, S., Fargione, J., Chapin, F. S. & Tilman, D. Biodiversity loss threatens human well-being. PLoS Biol. 4, e277 (2006)
  22. Tol, R. S. Estimates of the damage costs of climate change. Part 1. Benchmark estimates. Environ. Resour. Econ. 21, 47–73 (2002)
  23. Kloor, K. The war against warming. Nature Rep. Clim. Change 3, 145–146,http://dx.doi.org/10.1038/climate.2009.120 (2009)
  24. Williams, J. W., Jackson, S. T. & Kutzbach, J. E. Projected distributions of novel and disappearing climates by 2100 AD. Proc. Natl Acad. Sci. USA 104, 5738–5742 (2007)
  25. Solomon, S. et al. (eds). Climate Change: The Physical Science Basis. Summary for Policymakers (Cambridge Univ. Press, 2007)
  26. Taylor, K. E., Stouffer, R. J. & Meehl, G. A. An overview of CMIP5 and the experiment design. Bull. Am. Meteorol. Soc. 93, 485–498 (2012)
  27. Vuuren, D. P. et al. The representative concentration pathways: an overview. Clim. Change 109, 5–31 (2011)
  28. Meinshausen, M. et al. The RCP greenhouse gas concentrations and their extensions from 1765 to 2300. Clim. Change 109, 213–241 (2011)
  29. van Vliet, J., den Elzen, M. G. & van Vuuren, D. P. Meeting radiative forcing targets under delayed participation. Energy Econ. 31, S152–S162 (2009)
  30. Raven, J. A. et al. (eds). Ocean Acidification due to Increasing Atmospheric Carbon Dioxide(Royal Society, 2005)
  31. Zeebe, R. E., Zachos, J. C., Caldeira, K. & Tyrrell, T. Carbon emissions and acidification. Science 321, 51–52 (2008)
  32. Rockstrom, J. et al. A safe operating space for humanity. Nature 461, 472–475 (2009)
  33. Gaston, K. J. Global patterns in biodiversity. Nature 405, 220–227 (2000)
  34. Deutsch, C. A. et al. Impacts of climate warming on terrestrial ectotherms across latitude. Proc. Natl Acad. Sci. USA 105, 6668–6672 (2008)
  35. Colwell, R. K., Brehm, G., Cardelús, C. L., Gilman, A. C. & Longino, J. T. Global warming, elevational range shifts, and lowland biotic attrition in the wet tropics. Science 322, 258–261 (2008)
  36. Hoegh-Guldberg, O. Climate change, coral bleaching and the future of the world’s coral reefs. Mar. Freshw. Res. 50, 839–866 (1999)
  37. Baker, A. C., Glynn, P. W. & Riegl, B. Climate change and coral reef bleaching: An ecological assessment of long-term impacts, recovery trends and future outlook. Estuar. Coast. Shelf Sci. 80, 435–471 (2008)
  38. Tittensor, D. P. et al. Global patterns and predictors of marine biodiversity across taxa. Nature 466, 1098–1101 (2010)
  39. Chown, S. L., Gaston, K. J. & Williams, P. H. Global patterns in species richness of pelagic seabirds: the Procellariiformes. Ecography 21, 342–350 (1998)
  40. La Sorte, F. A. & Jetz, W. Tracking of climatic niche boundaries under recent climate change. J. Anim. Ecol. 81, 914–925 (2012)
  41. Sorte, C. J. B. Predicting persistence in a changing climate: flow direction and limitations to redistribution. Oikos 122, 161–170 (2013)
  42. Devictor, V. et al. Differences in the climatic debts of birds and butterflies at a continental scale. Nature Clim. Change 2, 121–124 (2012)
  43. Zhu, K., Woodall, C. W. & Clark, J. S. Failure to migrate: lack of tree range expansion in response to climate change. Glob. Change Biol. 18, 1042–1052 (2012)
  44. Angert, A. L. et al. Do species’ traits predict recent shifts at expanding range edges? Ecol. Lett. 14, 677–689 (2011)
  45. Baird, A. & Maynard, J. A. Coral adaptation in the face of climate change. Science 320, 315–316 (2008)
  46. Pandolfi, J. M., Connolly, S. R., Marshall, D. J. & Cohen, A. L. Projecting coral reef futures under global warming and ocean acidification. Science 333, 418–422 (2011)
  47. Allen, C. D. et al. A global overview of drought and heat-induced tree mortality reveals emerging climate change risks for forests. For. Ecol. Manage. 259, 660–684 (2010)
  48. Carey, C. & Alexander, M. A. Climate change and amphibian declines: is there a link? Divers. Distrib. 9, 111–121 (2003)
  49. McKechnie, A. E. & Wolf, B. O. Climate change increases the likelihood of catastrophic avian mortality events during extreme heat waves. Biol. Lett. 6, 253–256 (2010)
  50. Mora, C. & Sale, P. Ongoing global biodiversity loss and the need to move beyond protected areas: a review of the technical and practical shortcomings of protected areas on land and sea. Mar. Ecol. Prog. Ser. 434, 251–266 (2011)
  51. Kier, G. et al. A global assessment of endemism and species richness across island and mainland regions. Proc. Natl Acad. Sci. USA 106, 9322–9327 (2009)
EcoDebate, 11/10/2013
Publicado em outubro 11, 2013 por 
 18
 5

 4

Nenhum comentário: