Mário José dos Santos
Nesta manhã recebi uma ligação de meu neto Joãozinho, de quatro
anos: - Alô, vovô! Parabéns pelo Dia dos Pais! Que alegria, é uma bênção
especial receber atenção de filhos e netos, reavivando nossas ligações
afetivas!
Desde que esteve em minha casa nas últimas férias de
julho, meu neto não se esquece de me cobrar um pedido que fizera: todos os dias
molhar duas sementes plantadas por ele, de abacate e de laranja. A lembrança
vem sempre com uma pergunta: - As plantinhas nasceram? Informo que ainda não
nasceram e noto que a voz dele muda, uma certa decepção, porque ele colocou
muita esperança e alegria na expectativa do nascimento daquelas plantas.
Entretanto, em uma das covas onde jogo lixo orgânico,
nasceu há poucos dias um pé de abacate. Tomei decisão: colocar a planta
recém-nascida no saquinho onde está a semente que meu neto plantou mas não
vingou. Enquanto assim fazia, discussões filosóficas passavam pela minha
cabeça, e eu não pude fugir à acusação de fraude. Certo ou errado? Todos os
argumentos de tudo o que edifiquei em espírito ao longo da vida foram colocados
à mesa...
Afinal, existem certo e errado? Se existem, o que é
certo, o que é errado? Algo pode ser certo e errado ao mesmo tempo? Vamos
entrar nessa discussão filosófica?
Uma constatação é que as pessoas vivem neste mundo
discutindo, brigando e até mesmo matando por causa de suas concepções de certo e
errado. Relacionamentos amorosos são desfeitos, famílias são desagregadas,
grupos entram conflito e guerras são declaradas porque sempre os opostos se
acham absolutamente certos. Então, para nós que vivemos em um mundo onde tudo é
relativo, certo e errado são conceitos que se concretizam nos modos de pensar,
fazer e agir..., mas só no mundo relativo. Quanta dor por causa desses
conceitos! Sem esta noção não existiriam as lutas de classes, os partidos
políticos, as religiões e quase tudo que norteia nossa vida no mundo em
permanente transformação. Como conceitos absolutos eles não existem, porque o
que eu acho certo, ele ou ela acha errado, e porque o mundo muda a cada
instante, nossos conceitos também mudam, de maneira que amanhã poderei achar
certo o que hoje julgo como errado. Então, certo e errado coexistem, como duas
faces de uma mesma moeda?
Diante disso, como vou me conduzir no mundo das coisas
relativas? Se desprezar esses conceitos, onde estaria a moralidade, essencial
para a sociedade e fundamental para a minha própria felicidade?
A moralidade está dentro do limite que não se pode
transpor sem prejudicar o direito e a liberdade do outro. Errado ou certo,
mentira ou verdade, imoral ou moral, fraude ou amor? São discussões
intermináveis, mas se atentarmos na simplicidade do Evangelho de Jesus (Mateus,
7:12), veremos que não é tão complicado: “Tudo o que quereis que os homens
vos façam, fazei-o vós a eles.”
Pois bem, depois que a semente de abacate que não quis
vingar foi substituída pela plantinha recém-nascida, tirei uma foto e enviei
para o meu neto. Que alegria! Como ficou maravilhado! Tenho certeza de que vai
mostrar para os amiguinhos e terei contribuído para muitos momentos de sua
felicidade. No Dia dos Pais, sua alegria foi o meu presente. Afinal, a Vida não
é mais que a verdade?
Fique você, leitor, com sua conclusão: certo ou errado? verdade
ou mentira? fraude ou amor? A cada dia - ou melhor, a cada momento - você terá
a chance de ser certo ou ser Amor. Sua escolha vai definir Quem Você É.
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