Blog do Professor Márcio

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terça-feira, 14 de maio de 2019

A GLORIOSA LUTA EM TEMPOS DIFÍCEIS

Márcio José dos Santos


Não sei se um dia tivemos um tempo de paz social, mas reconheço que já vivemos períodos de muita esperança e otimismo que nos levavam a falar do futuro com uma certa alegria. Não sou daqueles que sempre acham mais difíceis os momentos de agora e lembram com nostalgia um passado fantasioso em que tudo era maravilhoso e as pessoas eram melhores e mais confiáveis. Também não coaduno com os hipócritas que cruzam os braços e lançam sobre os outros a culpa de tudo que nos aflige. Cada um, por ação ou omissão, tem sua responsabilidade.
(Ainda sobre isso, veja só a resposta que recebi de um agente público na semana passada. Quando me dirigi a essa pessoa para fazer, pela terceira vez, a mesma reclamação, numa situação em que estava sendo violado meu direito de cidadão, recebi a seguinte resposta: - “Vai reclamar com o Governador!”)
Acho que todo momento é especial e único em suas complexidades, porque resultam basicamente dos acontecimentos e das pessoas que os fizeram acontecer, suas escolhas e experiências. A despeito de qualquer coisa, seguimos sempre “tocando em frente”, vivendo, experimentando, moldando e, acima de tudo, mostrando Quem Realmente Somos.
É neste sentido que quero reverenciar aqui uma pessoa fantástica, que assumiu uma tarefa enorme, a qual ela supunha ir além de sua capacidade. Trata-se de Júnia Mesquita Miranda, funcionária de carreira do Instituto Estadual de Florestas – IEF. Júnia está há 33 anos no IEF – como estagiária durante dois anos e depois como agente administrativo concursado.
Conforme Júnia nos relatou, ela foi aprendendo pelo trabalho, ao lado de seu mestre, o analista ambiental Neivaldo Luís Monteiro, de modo que em outubro de 2015 ascendeu ao posto de Gerente do Parque Estadual de Paracatu. A coragem venceu o medo para que ela aceitasse gerenciar esta grande e importante unidade de conservação: viajar todos os dias 50 km ida e volta ao Parque, ficar exposta em local distante ao lado de uma rodovia, transformar uma área degradada em algo digno de se ver, trabalhar com recursos escassos...
O Parque Estadual de Paracatu tem agora um Plano de Manejo, o principal instrumento para uma boa gestão, no cumprimento de seus objetivos. Entretanto, os tempos estão muito difíceis, quase não existem recursos. Júnia conta com apenas uma funcionária local para realizar a gestão de uma área de 6.500 hectares. As chuvas terminaram, daqui a alguns dias virá a ameaça de incêndios, que anos atrás devastaram quase a metade da área do Parque. Quem vai preveni-los? Quem poderá combatê-los a tempo?
Aquele que visita, nesta época do ano, a área do Parque pode se surpreender, porque tudo parece bem cuidado, espécies naturais do cerrado cobrem extensas áreas que antes estavam degradadas e há uma atmosfera de paz que contagia os visitantes. Estes, foram muitos no ano que passou, principalmente escolares que ali receberam educação ambiental. Tudo pelas mãos de Júnia!
Na última reunião do Conselho do Parque Estadual, os conselheiros foram unânimes em elogios à atuação de Júnia, pelo amor que dedica ao trabalho, cuidando do local como se fosse a sua casa. Foi aí que resolvi escrever este texto como uma pequena homenagem a essa mulher que demonstra todos os dias Quem Realmente É: uma guerreira, corajosa e persistente, que faz da sua gloriosa luta em tempos difíceis um legado de esperança para todos e constrói um mundo melhor e mais bonito.
Estamos assistindo à dilapidação de nosso meio ambiente, especialmente das áreas protegidas do território brasileiro. Não deixe de conhecer o Parque Estadual de Paracatu, porque é uma reserva do nosso patrimônio natural que precisamos proteger!

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