Márcio José dos Santos
Não sei se um dia tivemos um tempo de paz social, mas
reconheço que já vivemos períodos de muita esperança e otimismo que nos levavam
a falar do futuro com uma certa alegria. Não sou daqueles que sempre acham mais
difíceis os momentos de agora e lembram com nostalgia um passado fantasioso em
que tudo era maravilhoso e as pessoas eram melhores e mais confiáveis. Também
não coaduno com os hipócritas que cruzam os braços e lançam sobre os outros a
culpa de tudo que nos aflige. Cada um, por ação ou omissão, tem sua
responsabilidade.
(Ainda sobre isso, veja só a resposta que recebi de um
agente público na semana passada. Quando me dirigi a essa pessoa para fazer,
pela terceira vez, a mesma reclamação, numa situação em que estava sendo
violado meu direito de cidadão, recebi a seguinte resposta: - “Vai reclamar com
o Governador!”)
Acho que todo momento é especial e único em suas
complexidades, porque resultam basicamente dos acontecimentos e das pessoas que
os fizeram acontecer, suas escolhas e experiências. A despeito de qualquer
coisa, seguimos sempre “tocando em frente”, vivendo, experimentando, moldando
e, acima de tudo, mostrando Quem Realmente Somos.
É neste sentido que quero reverenciar aqui uma pessoa
fantástica, que assumiu uma tarefa enorme, a qual ela supunha ir além de sua
capacidade. Trata-se de Júnia Mesquita Miranda, funcionária de carreira do
Instituto Estadual de Florestas – IEF. Júnia está há 33 anos no IEF – como estagiária
durante dois anos e depois como agente administrativo concursado.
Conforme Júnia nos relatou, ela foi aprendendo pelo
trabalho, ao lado de seu mestre, o analista ambiental Neivaldo Luís Monteiro, de
modo que em outubro de 2015 ascendeu ao posto de Gerente do Parque Estadual de
Paracatu. A coragem venceu o medo para que ela aceitasse gerenciar esta grande
e importante unidade de conservação: viajar todos os dias 50 km ida e volta ao
Parque, ficar exposta em local distante ao lado de uma rodovia, transformar uma
área degradada em algo digno de se ver, trabalhar com recursos escassos...
O Parque Estadual de Paracatu tem agora um Plano de
Manejo, o principal instrumento para uma boa gestão, no cumprimento de seus
objetivos. Entretanto, os tempos estão muito difíceis, quase não existem
recursos. Júnia conta com apenas uma funcionária local para realizar a gestão
de uma área de 6.500 hectares. As chuvas terminaram, daqui a alguns dias virá a
ameaça de incêndios, que anos atrás devastaram quase a metade da área do
Parque. Quem vai preveni-los? Quem poderá combatê-los a tempo?
Aquele que visita, nesta época do ano, a área do Parque
pode se surpreender, porque tudo parece bem cuidado, espécies naturais do
cerrado cobrem extensas áreas que antes estavam degradadas e há uma atmosfera
de paz que contagia os visitantes. Estes, foram muitos no ano que passou,
principalmente escolares que ali receberam educação ambiental. Tudo pelas mãos
de Júnia!
Na última reunião do Conselho do Parque Estadual, os
conselheiros foram unânimes em elogios à atuação de Júnia, pelo amor que dedica
ao trabalho, cuidando do local como se fosse a sua casa. Foi aí que resolvi
escrever este texto como uma pequena homenagem a essa mulher que demonstra
todos os dias Quem Realmente É: uma guerreira,
corajosa e persistente, que faz da sua gloriosa luta em tempos difíceis um
legado de esperança para todos e constrói um mundo melhor e mais bonito.
Estamos assistindo à dilapidação de nosso meio ambiente,
especialmente das áreas protegidas do território brasileiro. Não deixe de
conhecer o Parque Estadual de Paracatu, porque é uma reserva do nosso
patrimônio natural que precisamos proteger!
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