Blog do Professor Márcio

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quarta-feira, 22 de maio de 2019

ESPECIALISTA APONTA VULNERABILIDADES DAS BARRAGENS DO MORRO DO OURO


A Câmara de Vereadores de Paracatu sediou, em 11 de maio, o simpósio intitulado “Direitos Violados: Paracatu frente à mineração”, para discutir os temas ligados às barragens de rejeito, poluição ambiental e comunidades em defesa do território. O evento organizado por Cáritas Paracatu, CPT, rede Igrejas e Mineração, MAM, Justiça Global e Above Ground (Canadá) e contou com a presença de representantes de 19 organizações com atuação na área ambiental e de segurança de barragens, além de dois vereadores de Paracatu, um deputado federal e do bispo diocesano de Paracatu, Dom Jorge Alves Bezerra.
Dom Jorge deu sua bênção aos moradores de Paracatu. Disse que a Igreja não se opõe à mineração, mas manifestou sua preocupação pastoral para com os repetidos acidentes provocados pela mineração, a morosidade do poder público em garantir reparação integral aos atingidos e o fato que a mineração beneficia muito pouco o povo brasileiro.
A organização Justiça Global fez a apresentação pública do relatório “Mineração e Violações de Direitos: o caso da empesa Kinross em Paracatu (MG)”, resultado de uma pesquisa sobre os impactos sofridos pelas comunidades quilombolas a partir da expansão da mina Morro do Ouro. Uma versão em inglês dessa pesquisa foi entregue ao governo canadense pela organização Above Ground.
Todos os palestrantes destacaram a preocupação para com o futuro de Paracatu, o dano ambiental que a região está sofrendo e a fraqueza do poder público em monitorar as ações da mineração e prevenir os acidentes.
O Deputado Federal Rogério Correia, que foi presidente da comissão parlamentar que analisou os impactos do rompimento da barragem da Samarco, em Mariana, contextualizou os desafios ambientais no momento atual do governo do Brasil e suas linhas políticas. Criticou a ausência do Governo em relação à questão da mineração, com uma legislação que favorece até agora principalmente o lucro das empresas, e comprometeu-se para realizar uma inspeção local sobre os impactos da mineração em Paracatu.
A intervenção que trouxe maior preocupação aos presentes e intensos debates veio do cientista americano Steven Emerman, PhD em Geofísica pela Universidade Cornell, com 31 anos de experiência no ensino de hidrologia e geofísica e consultor na área de impactos ambientais da mineração. Para o Dr. Steven a segurança das barragens de rejeito não depende apenas do método de alteamento empregado, mas, de igual maneira, do método de disposição dos rejeitos dentro delas. Quanto a isso, os cuidados são com a inclinação do maciço das barragens e com a posição efluentes sólidos (praias de rejeito), que devem manter a água (lagoas) distante pelo menos 300 m do maciço.
O Dr. Steven apresentou casos clássicos de rompimento de barragens no mundo, sendo os mais comuns os de inundação, em que o excesso de água flui sobre o maciço da barragem; aqueles relacionados ao método de armazenamento, que podem provocar a erosão interna. As causas de erosão interna são excesso de água atrás da barragem e aterros excessivamente acentuados. No primeiro caso, especialmente na barragem do Eustáquio, quase não há praia para manter a água longe da barragem. Quanto à barragem do Santo Antônio, as muitas fissuras de erosão mostram que a água às vezes flui sobre a crista da barragem. Além disso, nas duas barragens os ângulos de aterro são muito acentuados, e se encontram muito abaixo das recomendações técnicas de segurança.
As conclusões do Dr. Steven, portanto, são de que as barragens de rejeito do Santos Antônio e do Eustáquio são vulneráveis ao rompimento por inundação e por erosão interna. Vinda de um cientista independente e com larga experiência no assunto, sua exposição teve forte impacto e marcou as discussões que encerraram o simpósio.

DIREITOS VIOLADOS: PARACATU FRENTE À MINERAÇÃO


Márcio José dos Santos

Expresso todo o apoio da Igreja e bendigo aos homens e mulheres que estão defendendo a vida frente aos desastres da mineração, expressou o bispo de Paracatu Dom Jorge Alves, ao inaugurar o encontro Direitos Violados: Paracatu frente à mineração, em 11/maio, na Câmara de Vereadores de Paracatu.

Esses homens e mulheres que estão aqui, preocupados com as condições de vida das pessoas, merecem o apoio e a bênção da Igreja, especialmente porque, já por duas vezes, em Mariana e em Brumadinho, sucederam desastres ambientais que realmente envergonham a todos que dirigem essas empresas de mineração, que deveriam ter tomado providências urgentes para resolver o problema.

Para o bispo de Paracatu, este encontro é muito importante para todo o Estado de Minas Gerais, onde se desenvolvem atividades de mineração, porque “se trata de defender a vida das pessoas e de promover uma vida em abundância, como nos ensinou Jesus de Nazaré”.
Imagem: Parte do público presente ao simpósio Direitos Violados.
Diversas organizações sociais e populares do município de Paracatu se reuniram para discutir seus direitos frente à contaminação que sofrem as comunidades e a água da região, onde se explora uma das maiores minas de ouro do mundo e também minas de chumbo e zinco. As responsabilidades da mineradora canadense Kinross, das autoridades, as obrigações que correspondem ao Estado brasileiro e as comunidades afetadas pela mineração foram analisadas a partir de uma rigorosa investigação conduzida pelas entidades Justiça Global e Above Ground (Canadá).

O encontro foi organizado por Cáritas Paracatu, CPT, rede Igrejas e Mineração, MAM, Justiça Global e Above Ground (Canadá) e contou com a presença de representantes de 19 organizações com atuação na área ambiental e de segurança de barragens, representantes de comunidades, além de dois vereadores de Paracatu.
Atualmente, o município de Paracatu abriga gigantescos resíduos tóxicos de arsênio, chumbo e outros metais pesados perigosos para todos os tipos de vida.
Porém, somos animados pela Esperança, e apesar de toda essa catástrofe ambiental que afeta não apenas os seres humanos, como também a biodiversidade, queremos caminhar, buscar saídas, buscar soluções, dialogar com a sociedade e realmente criar um espaço onde a vida possa crescer e manifestar-se com segurança”, finalizou Dom Jorge.

segunda-feira, 20 de maio de 2019

DESINFORMAÇÃO

Cinco coisas que todos nós precisamos saber sobre a desinformação


1.Ela se alimenta dos nossos medos e se espalha rapidamente. 
Seres humanos são programados para se lembrar mais de informações negativas do que das positivas. É assim que aprendemos. Disseminadores de desinformação sabem disso e jogam com emoções profundas como o medo e a raiva. Isso nos torna muito mais propensos a compartilhar produtos da desinformação nas redes sociais. E assim ela se espalha até seis vezes mais rápido do que as notícias verdadeiras! 

2.Ela cresce nas redes sociais e atinge bilhões. 
Quanto mais tempo gastamos nas redes sociais, mais dinheiro elas fazem. Elas sabem que conteúdos extremos e chocantes atraem mais a nossa atenção, e por isso programam seus websites para promovê-los, podendo fazê-los chegar a bilhões de pessoas. Os maiores jornais vendem alguns milhões de cópias, enquanto as notícias no Facebook chegam a mais de UM BILHÃO de pessoas por dia. 

3.Ela está sendo usada como uma arma contra nós. 
Líderes autoritários do Brasil à China estão usando a desinformação como uma nova arma na sua antiga cartilha de estratégias para dividir e conquistar. Mas é a Rússia que lidera o grupo com as chamadas "fazendas de trolls", enormes legiões de pessoas empregadas pelo governo para criar milhares de contas falsas e espalhar desinformação. O canal RT, veículo de propaganda russo, é um dos canais de notícias mais vistos do YouTube com uma estimativa de 2 bilhões de visualizações

4.Ela está matando pessoas e envenenando a democracia. 
A desinformação estimulou linchamentos violentos na Índia e no Brasil, e fomentou uma limpeza étnica brutal em Mianmar. E também influencia nossa política. Notícias falsas impulsionaram o Brexit, Bolsonaro e Trump. Isso está destruindo também a confiança na grande mídia, nas instituições democráticas e nos líderes políticos, criando o terreno fértil perfeito para que populistas anti-sistema tomem o poder. Por causa da desinformação, as redes sociais agora são uma ameaça à democracia

5.Ninguém está imune. 
Pessoas em todo o espectro político estão virando alvos como parte de uma estratégia para polarizar e corroer as nossas sociedades. Nos Estados Unidos, o exército de trolls da Rússia criou uma página falsa para o movimento ativista negro norte-americano que atraiu mais seguidores do que as páginas oficiais do Black Lives Matter! Achamos que nunca cairíamos nessa, mas estudos mostram que mesmo os mais instruídos tendem a acreditar em notícias falsas, e pessoas acima de 65 anos são ainda mais propensas a compartilhá-las
A desinformação espalha desconfiança, medo e mentiras. Mas quanto mais sabemos sobre ela, mais podemos evitar que continue se disseminando. Compartilhe esse briefing com amigos e familiares para orientá-los sobre a ameaça da desinformação.
Cinco maneiras de se proteger da desinformação

1.Se você vir algo, diga algo! 
Não acredite em tudo que você lê na Internet. Viu um post aleatório no Facebook com informações chocantes sobre um candidato? Não acredite de primeira! Verifique os fatos com fontes confiáveis ​​e, se achar que encontrou uma desinformação, denuncie imediatamente para a plataforma. 

2.Continue acompanhando a grande mídia. 
A grande mídia tem que obedecer leis e parâmetros éticos básicos que a tornam muito mais confiável do que um cara aleatório na Internet. Ela não é perfeita, mas checa seus fatos e pode ser responsabilizada! Assinar um jornal de alta qualidade, com jornalismo de verdade, é uma das ações mais poderosas que um cidadão pode fazer hoje. 

3.Junte-se à campanha para limpar as redes sociais. 
A Avaaz tem um plano simples e eficaz para pressionar os gigantes da tecnologia para curar a epidemia de desinformação nas redes sociais mostrando correções factuais verificadas independentemente para notícias falsas. Junte-se à campanha

4.Não desista da democracia! 
O objetivo dessas "milícias digitais" é criar um clima de desconfiança para que os cidadãos comuns abandonem a democracia. Quando isso acontece, extremistas fanáticos podem dominá-la. Devemos continuar presentes e votando, encorajando nossos amigos e familiares a fazerem o mesmo e responsabilizando os nossos representantes eleitos. 

5.Escolha a esperança na humanidade. 
A desinformação se alimenta dos nossos medos mais profundos, apelando para a nossa tendência natural ao pessimismo e revelando o nosso lado mais raivoso e cínico. Mas, se aprendermos a ouvir e considerar sinceramente os argumentos de pessoas que não pensam como nós, com empatia e sabedoria, podemos nos conectar através das nossas diferenças. Temos mais em comum do que nossos medos nos fazem acreditar. Se confiarmos nisso, coisas incríveis podem acontecer.
Nossa civilização é a mais bem sucedida na história da humanidade em muitos aspectos, dos direitos humanos à democracia. Podemos acabar com a pobreza dentro de uma geração, e estamos próximos a colocar todas as crianças na escola. É muito óbvio que a democracia, os grandes jornalistas, os líderes políticos responsáveis e cidadãos como nós nos trouxeram até aqui. Mas as forças que promovem a desinformação são poderosas e ameaçam destruir tudo isso. Não vamos deixar que elas vençam porque abandonamos a esperança!
Com esperança e confiança,
Ricken com Iain, Nell, Sarah, Risalat, e toda equipe da Avaaz.

terça-feira, 14 de maio de 2019

A GLORIOSA LUTA EM TEMPOS DIFÍCEIS

Márcio José dos Santos


Não sei se um dia tivemos um tempo de paz social, mas reconheço que já vivemos períodos de muita esperança e otimismo que nos levavam a falar do futuro com uma certa alegria. Não sou daqueles que sempre acham mais difíceis os momentos de agora e lembram com nostalgia um passado fantasioso em que tudo era maravilhoso e as pessoas eram melhores e mais confiáveis. Também não coaduno com os hipócritas que cruzam os braços e lançam sobre os outros a culpa de tudo que nos aflige. Cada um, por ação ou omissão, tem sua responsabilidade.
(Ainda sobre isso, veja só a resposta que recebi de um agente público na semana passada. Quando me dirigi a essa pessoa para fazer, pela terceira vez, a mesma reclamação, numa situação em que estava sendo violado meu direito de cidadão, recebi a seguinte resposta: - “Vai reclamar com o Governador!”)
Acho que todo momento é especial e único em suas complexidades, porque resultam basicamente dos acontecimentos e das pessoas que os fizeram acontecer, suas escolhas e experiências. A despeito de qualquer coisa, seguimos sempre “tocando em frente”, vivendo, experimentando, moldando e, acima de tudo, mostrando Quem Realmente Somos.
É neste sentido que quero reverenciar aqui uma pessoa fantástica, que assumiu uma tarefa enorme, a qual ela supunha ir além de sua capacidade. Trata-se de Júnia Mesquita Miranda, funcionária de carreira do Instituto Estadual de Florestas – IEF. Júnia está há 33 anos no IEF – como estagiária durante dois anos e depois como agente administrativo concursado.
Conforme Júnia nos relatou, ela foi aprendendo pelo trabalho, ao lado de seu mestre, o analista ambiental Neivaldo Luís Monteiro, de modo que em outubro de 2015 ascendeu ao posto de Gerente do Parque Estadual de Paracatu. A coragem venceu o medo para que ela aceitasse gerenciar esta grande e importante unidade de conservação: viajar todos os dias 50 km ida e volta ao Parque, ficar exposta em local distante ao lado de uma rodovia, transformar uma área degradada em algo digno de se ver, trabalhar com recursos escassos...
O Parque Estadual de Paracatu tem agora um Plano de Manejo, o principal instrumento para uma boa gestão, no cumprimento de seus objetivos. Entretanto, os tempos estão muito difíceis, quase não existem recursos. Júnia conta com apenas uma funcionária local para realizar a gestão de uma área de 6.500 hectares. As chuvas terminaram, daqui a alguns dias virá a ameaça de incêndios, que anos atrás devastaram quase a metade da área do Parque. Quem vai preveni-los? Quem poderá combatê-los a tempo?
Aquele que visita, nesta época do ano, a área do Parque pode se surpreender, porque tudo parece bem cuidado, espécies naturais do cerrado cobrem extensas áreas que antes estavam degradadas e há uma atmosfera de paz que contagia os visitantes. Estes, foram muitos no ano que passou, principalmente escolares que ali receberam educação ambiental. Tudo pelas mãos de Júnia!
Na última reunião do Conselho do Parque Estadual, os conselheiros foram unânimes em elogios à atuação de Júnia, pelo amor que dedica ao trabalho, cuidando do local como se fosse a sua casa. Foi aí que resolvi escrever este texto como uma pequena homenagem a essa mulher que demonstra todos os dias Quem Realmente É: uma guerreira, corajosa e persistente, que faz da sua gloriosa luta em tempos difíceis um legado de esperança para todos e constrói um mundo melhor e mais bonito.
Estamos assistindo à dilapidação de nosso meio ambiente, especialmente das áreas protegidas do território brasileiro. Não deixe de conhecer o Parque Estadual de Paracatu, porque é uma reserva do nosso patrimônio natural que precisamos proteger!

quinta-feira, 2 de maio de 2019