"Segundo o Grupo Beira Rio, responsável pelo transporte do material, as 18 bombonas, cada uma com cerca de uma tonelada, saíram do Rio de Janeiro e iriam ao Noroeste de Minas, para uma mineradora cujo nome não foi informado.
Segundo a SEMAD (Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado de Minas Gerais) o produto em questão é identificado como Aero 3473 Promoter, um produto que normalmente é usado na mineração de ouro. Ele é um floculante que age para separar o ouro do minério moído. As notas do produto fornecidas pela PRF mostram o sinônimo ácido fosfórico condenado para o produto em questão.
De acordo com a Via-040, empresa que é responsável pelo trecho em questão, e o Grupo Beira Rio, companhia responsável pelo transporte da carga, o serviço de limpeza já foi iniciado, com o destombamento do veículo pesado e a retirada das bombonas que ficaram vazias com o vazamento. Porém, ainda é necessário realizar duas atividades, que é sucção do produto que vazou e o transbordo da parte do ácido que ficou intacta dentro dos tambores, o que ainda não começou. Por isso, ainda não há previsão de liberação da pista.
O Corpo de Bombeiros informou que três equipes especializadas trabalham na contenção do produto químico. Os militares são do Batalhão Especializado em Desastres e Emergências Ambientais e do Pelotão de Produtos Perigosos. O líquido é queimante, pode reagir com água, gerando gases e até explodir."
Agora, vamos prestar atenção na veiculação da notícia por parte do órgão ambiental do Estado de Minas Gerais. O que é isso de não revelar o nome da mineradora para a qual o produto estava sendo transportado? Onde fica a transparência que deve nortear as instituições públicas? A transportadora talvez tenha necessidade de preservar o nome do seu cliente, mas os órgãos públicos têm o dever de garantir o direito do cidadão brasileiro a ser bem informado, ainda mais neste caso, em que o meio ambiente foi degradado em função de um atividade de interesse privado.
Você, leitor, por acaso saberia dizer que mineradora é essa, que extrai ouro no Noroeste de Minas? Existe outra mineração de ouro no Noroeste de Minas que não seja a Kinross Brasil Mineração? Percebe a que ponto chegou a submissão dos órgãos públicos ao colocar o interesse da Kinross acima do interesse coletivo? Percebe que os impactos de uma mineradora podem se estender a muitos quilômetros de distância, e que nõs, paracatuenses, vivemos na beira da cratera?
2 comentários:
Professor, só um comentário sobre as informações da notícia.
"Ele é um floculante que age para separar o ouro do minério moído...", floculantes servem para promover a agregação das partículas minerais na etapa de espessamento e fazer o adensamento da polpa para processos metalúrgicos.
O 3473 é um coletor, responsável pela separação das partículas de interesse no minério.
Somente o termo floculante está inadequado para a informação, deveria ser utilizado o termo coletor.
Forte abraço professor Márcio.
Contribuição técnica de grande valor, de quem conhece o assunto. Obrigado Estevão e um forte abraço.
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