Redação |
São Paulo - 20/06/2016 - 12h43
De acordo com relatório da ONG Global Witness, em
2015, 185 ativistas foram assassinados; Amazônia vive ‘violência sem
precedentes’,
Um relatório divulgado nesta segunda-feira (20/06) pela
organização não governamental Global Witness indica que 185 ativistas em defesa
do meio ambiente foram assassinados em 2015, com o maior número de mortes
concentrado no Brasil (50). Este número representa um aumento de 59% em relação
ao ano anterior - o maior crescimento registrado pela ONG na história.
De acordo com o estudo "On Dangerous Ground" (“Em Terreno
Perigoso”), mais de três pessoas foram mortas por semana por defenderem “suas
terras, florestas e rios contra indústrias destrutivas”.
Quase 40% das vítimas de 2015 eram indígenas. Seus “fracos direitos
sobre a terra e o isolamento geográfico”, segundo a ONG, fazem deles
particularmente expostos à grilagem de terras e exploração de recursos
naturais”. O país mais letal para defensores do meio ambiente foi o Brasil
(50), seguido pelas Filipinas (33) e Colômbia (26).
Conflitos envolvendo atividades de mineração foram os que mais causaram
mortes em 2015 – 42, segundo a ONG. Outros setores que contribuíram para obitos
foram o agronegócio, hidrelétricas e madeireiras.
Assunto 'escapa da atenção'
Apesar da repercussão causada pela morte da ativista hondurenha Berta
Cáceres em março deste ano, a organização afirma que o “assunto está escapando
da atenção internacional”.
Segundo a entidade, os
números “chocantes” são uma evidência de que o meio ambiente emerge como “um
novo campo de batalha para os direitos humanos”. “Ao redor do mundo, a
indústria vai entrando mais fundo dentro de cada novo território, impulsionada
pela demanda de consumo de produtos como madeira, minerais e óleo de palma”,
diz a ONG em um comunicado.
O
texto também aponta que as comunidades locais “se encontram na linha de fogo de
companhias privadas de segurança, forças do Estado e um florescente mercado de
assassinos contratados”.
A
entidade diz que, devido à ocorrência de muitos conflitos em locais remotos e
de difícil acesso, é provável que o número de mortes seja ainda maior.
Violência 'sem
precedentes' na Amazônia
Ao
abordar a situação brasileira, responsável por 27% dos óbitos, a ONG afirma que
nos estados da Amazônia houve “violência sem precedentes em 2015, onde as
comunidades estão sendo usurpadas por fazendas e plantações agrícolas ou
quadrilhas de madeireiros ilegais”.
A
ONG cita o assassinato do líder rural Antônio Izídio Pereira, morto no Maranhão
em dezembro do ano passado. Segundo
a entidade, seus apelos para receber proteção foram “ignorados”, apesar de
ameaças de morte que vinha sofrendo. Além disso, a organização acusa a polícia
de nunca ter investigado a morte de Pereira, que denunciava atividade
madeireira ilegal no município de Vergel, a 50 quilômetros da cidade de Codó,
no interior do Maranhão, onde residia.
De
acordo com a Global Witness, 80% da madeira do Brasil é extraída de maneira
ilegal, a qual representa 25% da madeira ilegal existente no mercado mundial. Para
fazer frente à violência, a ONG pede que os governos dos países afetados
aumentem a proteção dos ativistas ameaçados, investiguem os crimes e
responsabilizem criminalmente os responsáveis pelas mortes.
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