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Relatório denuncia violações de direitos cometidas pela Vale
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30 casos em três continentes são apresentados em documento da Articulação
Internacional dos Atingidos pela Vale
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Denúncias de violações de direitos humanos e ambientais, como trabalho escravo,
espionagem e licenciamentos irregulares, se acumulam
As
violações de direitos humanos e impactos ambientais cometidos pela Vale no
Brasil e em outros oito países da América, África e Ásia são denunciadas
no“Relatório de Insustentabilidade 2015” da empresa, cujo lançamento ocorreu dia
16, na sede do Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro.
Produzido
pela Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale, o relatório reúne
informações sobre mais de 30 casos de conflitos envolvendo toda a cadeia de
produção da Vale em diferentes países onde a empresa opera. Os casos mais
graves incluem episódios de espionagem e trabalho em condições análogas às
de escravo, que recentemente foram objeto de denúncias ao Ministério Público. A
publicação também apresenta casos de investimentos da Vale em projetos com
pendências legais, associadas ao descumprimento da legislação de proteção ao
meio ambiente, como o da fragmentação do licenciamento ambiental da duplicação
da Estrada de Ferro Carajás. Em 2012, a Vale recebeu o "Public Eye
Award", o prêmio de pior empresa do mundo.
O
lançamento do Relatório de Insustentabilidade Vale 2015 acontece na véspera da
assembleia de acionistas da empresa e em um contexto marcado pelo
enfraquecimento do perfil do risco financeiro da Vale, que em janeiro teve a
sua classificação rebaixada de "A -" para "BBB +” pela
Standard& Poor's. Pelo quinto ano consecutivo, representantes da
Articulação dos Atingidos pela Vale participarão da assembleia na qualidade de
acionistas críticos. Serão apresentados aos demais acionistas críticas sobre
como a atual estratégia comercial da Vale, de expansão da oferta do minério de
ferro e redução dos custos de produção, repercute no território: com maior e
mais agressiva pressão pela flexibilização da legislação ambiental e pela
agilização das licenças, intensificação da jornada de trabalho e o não
reconhecimento de direitos trabalhistas e a intensificação dos conflitos com
comunidades nos locais de operação.
O
lançamento acontece também em consonância com Semana de Mobilização Nacional
Indígena, a Jornada de Lutas pela Reforma Agrária e as mobilizações pela
manutenção dos direitos trabalhistas e contra as terceirizações.
Na
coletiva de lançamento do relatório estarão presentes representantes da
Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale, em especial os moradores de
comunidades afetadas diretamente pelos empreendimentos da mineradora nos
Estados do Maranhão, Pará, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio.
Veja
alguns exemplos das denúncias apresentadas:
Licenciamento
irregular: maior investimento da Vale no mundo,
a ampliação da produção em Carajás (PA) conta com a duplicação da Estrada de
Ferro Carajás (EFC), que está sendo feita com um licenciamento irregular, sem a
realização de audiências públicas e de consulta prévia.
Trabalho
escravo: Em Itabirito (MG), a Vale foi
responsabilizada por submeter 309 pessoas à condições análogas ao trabalho
escravo.
Destruição
de aquíferos: Em Itabira (MG), berço da empresa,
e no quadrilátero ferrífero (MG), onde a Vale tem mais de 20 minas de ferro, a
destruição de aquíferos por sua atividade coloca em risco a água de milhões de
pessoas. Apesar disso, a Vale persiste e articula para minerar a Serra do
Gandarela.
Desperdício
de água: três minerodutos que ligam Mariana
(MG) a Anchieta (ES) gastam 4.400m³ por hora, o que seria suficiente para
abastecer uma cidade de 586 mil pessoas por mês.
Remoções: Em Moçambique, mais de 1.300 famílias reassentadas pela
Vale vivem hoje com dificuldade de acesso à água, terra, energia, em terras
impróprias para a agricultura, e não receberam, até o momento, as indenizações
integrais a que têm direito.
Produção
de energia: Com a participação acionária da
Vale, o projeto Hidroelétrica de Belo Monte tem sido criticado por provocar
grande destruição social, ambiental e econômica. Ao menos 20 processos
judiciais são movidos pelo Ministério Público Federal do Pará.
Contaminação: No Canadá, onde a Vale produz Níquel na mina de Voisey's
Bay, o Lago Sandy foi convertido em uma bacia com mais de 400 mil toneladas de
dejetos, de acordo com denúncias de organizações locais.
Siderurgia: A TKCSA, da qual a Vale é acionista, elevou em 76% as
emissões de gás carbônico no Rio de Janeiro. Desde 2010, ela funciona sem
licenciamento ambiental.
Espionagem: Por meio de denúncias de um ex-funcionário da Vale, todo
um esquema de espionagem a movimentos sociais como o MST, a rede Justiça nos
Trilhos e o Movimento pelas Serras e Águas de Minas foi revelado. O caso já
levou a uma audiência pública no Congresso, mas a empresa, até agora, não foi
responsabilizada.
Fim
da pesca: Em São Luís (MA), Espírito Santo
(ES), Rio de Janeiro (RJ), Piura (Peru) e Perak (Malásia), pescadores locais
denunciam que os processos de embarque do minério e a contaminação das águas em
portos da Vale comprometem sua sobrevivência.
Para conhecimento e divulgação, segue o Relatório de Insustentabilidade da Vale 2015 lançado ontem no Rio de Janeiro pela Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale.
Clique em: Relatório de Insustentabilidade da Vale 2015
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