Blog do Professor Márcio

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domingo, 16 de dezembro de 2018

MSF não pode mais realizar buscas e salvamentos no mar

Aquarius - Médicos Sem Fronteiras
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É com profundo pesar que comunico a você que MSF e SOS Mediterranée foram obrigadas a interromper as operações de busca e resgate realizadas pelo navio Aquarius. Essa era a última embarcação de ajuda humanitária que ainda fazia esse tipo de operação no mar Mediterrâneo. Desde 2015, ajudamos no resgate de aproximadamente 80.000 pessoas que estavam em perigo no mar. Com essa interrupção, não haverá mais nenhuma organização não-governamental que interceda por essas pessoas.
Nos últimos 18 meses, sofremos fortes ataques de países da União Europeia contra operações de busca e resgate. Apesar de trabalhar em total conformidade com as autoridades, o Aquarius teve seu registro retirado duas vezes no início deste ano e agora enfrenta alegações claramente absurdas de exercer atividades criminosas. A sabotagem ao Aquarius ignora o compromisso humanitário e legal mais básico: o de salvar vidas.
Hoje a presidente internacional de MSF, Joanne Liu, participou do encontro do Pacto Global para Migração, realizado em Marrocos. Em seu discurso falou das terríveis condições por que passam migrantes e refugiados retidos na Líbia.
“Eu testemunhei cenas angustiantes em centros de detenção na Líbia, no ano passado. Pessoas desesperadas, confinadas em cômodos imundos, destituídas de qualquer esperança [...] Eu vi crianças desacompanhadas e mulheres grávidas trancadas em porões, sem nenhum acesso a cuidados médicos. Seus olhos cheios de lágrimas imploravam por liberdade [...].
Independentemente do motivo pelo qual as pessoas deixaram seu local de origem, elas precisam de proteção contra a violência e a exploração. Em todo o mundo, dezenas de milhões de pessoas estão em movimento. Temos de encarar a realidade: políticas desumanas destinadas a impedir a migração não impedem as pessoas de se deslocarem”, defendeu Joanne Liu.
Mais do que uma estrutura de busca e resgate, o Aquarius era um sinal de que as vidas dessas pessoas importavam. Agora, esse sinal foi covardemente silenciado.
“Na semana passada, 15 pessoas presas em um barco na costa da Líbia morreram de sede e fome. Quantas mais podem estar morrendo ou se afogando, sem que ninguém saiba? Salvar vidas não é negociável. Salvar vidas é o que fazemos, é o motivo pelo qual continuaremos lutando e o que insistimos que vocês devem defender” enfatizou Joanne Liu ao se dirigir aos participantes, entre eles parceiros da Organização das Nações Unidas, representantes de governos, membros da sociedade civil e pesquisadores que acompanham movimentos migratórios.
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