Desde 2009 o governo federal vem discutindo, internamente e com
as empresas do setor, uma proposta de novo marco legal para a mineração no
país, que deve substituir a legislação atual, de 1967. Durante todo o processo
de debates a proposta foi mantida em sigilo, depois de muita pressão, as
organizações sociais conseguiram uma reunião com a Casa Civil para apresentar
suas propostas, mas todas as sugestões foram simplesmente ignoradas pelo
governo. No dia 18 de junho, quando as ruas do país estavam sendo tomadas pelas
manifestações, o Planalto enviou a proposta ao Congresso Nacional, em regime de
urgência constitucional, que obriga que cada uma das casas legislativas tenha
apenas 45 dias para debater e votar a proposta.
Não é razoável que um tema dessa relevância, que tem influências
de diversos tipos sobre o conjunto da sociedade brasileira, seja debatido e
aprovado em prazo tão exíguo, sem que a sociedade tenha chance de apresentar
suas críticas, considerações e sugestões de melhoria. É impossível que em
apenas 45 dias os deputados ou senadores tenham tempo de fazer uma análise com
a profundidade que o assunto merece. O mais provável é que, a prevalecer esse
prazo, o texto venha a ser aprovado com alterações cosméticas, ou então
patrocinadas pelas empresas que já debatem o assunto há anos. Nesse caso,
assuntos como o direito das populações impactadas pelas atividades minerárias,
por exemplo, simplesmente não entrariam no texto, já que a proposta do Planalto
sequer cita o tema. É preciso construir um debate público e cidadão sobre o
tema.
Em um momento no qual as ruas lutam para serem ouvidas e
denunciam a distância com que os poderes constituídos tratam as demandas
populares, perguntamos: qual é a urgência em se alterar uma legislação de 1967?
Porque o Poder Executivo teve 4 anos para debater a proposta e agora quer que o
conjunto da sociedade a debata em 90 dias? A pressa para tratar do uso de bens
naturais não renováveis nos parece perversa. Necessitamos de debate público!
Pela retirada do regime de urgência para o Código da Mineração.
Assinam a nota:
Instituto Socioambiental - ISA
Instituto de Estudos Socioeconômicos – INESC
Ibase
Fase
Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra -
MST
Movimento Nacional pela Soberania Popular frente à Mineração -
MAM
FBOMS
Associação Alternativa Terra Azul
Levante Popular da Juventude
Rede Brasileira de Justiça Ambiental
Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de MG
Pastorais Sociais / CNBB
Articulação Antinuclear do Ceará
CEPASP – PA
Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA
Cáritas Diocesana de Sobral – CE
Consulta Popular
Conselho Indigenista Missionário - CIMI
Sindiquimica - PR
Movimento Xô Mineradoras
Articulação dos Povos Indígenas do Brasil - APIB
Movimento pelas Serras e Águas de Minas (MovSAM)
Movimento pela Preservação da Serra do Gandarela
Justiça nos Trilhos
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Simonésia - MG
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porteirinha - MG
Marcha Mundial de Mulheres
Articulação dos Atingidos pela Mineração do Norte de Minas - MG
Juventude Atingida pela Mineração - PA e MA
Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Ambiental
Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB
Coordenação Nacional das Comunidades Quilombolas - CONAQ
Pastoral da Juventude Rural - GO
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Canaã dos Carajás – PA
Sindicato Unificado da Orla Portuária - SUPORT ES
Associação Brasileira de Reforma Agrária
Campanha contra o Mineroduto da Ferrous
Associação de Proteção ao Meio Ambiente - APROMAC
Associação de Saúde Ambiental - TOXISPHERA
Associação de Defesa do Meio Ambiente de Araucária - AMAR
Nenhum comentário:
Postar um comentário