Blog do Professor Márcio

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segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

FUTUROS ALIMENTARES

O ambiente alimentar começou a mudar há dez anos com o advento das redes sociais, que passaram a criar redes de consumidores ávidos por informação e engajados com a ideia de vida mais saudável. A indústria de alimentos está passando pela maior transformação de toda a história. 
A reportagem é de Rosa Alegria, publicada por Diário do Comércio, 24-01-2017. 
São vários os fatores provocando abalos sísmicos no setor: a hiperconectividade que informa e intensifica a conscientização sobre o que é ou não saudável; os fenômenos globais como o aumento da população, a escassez de recursos naturais, as mudanças climáticas e a concentração econômica das megacorporações. 
O ambiente alimentar começou a mudar há dez anos com o advento das redes sociais, que passaram a criar redes de consumidores ávidos por informação e engajados com a ideia de vida mais saudável. 
28% dos brasileiros consideram que o valor nutricional é o mais importante na hora de consumir um produto e 22% das pessoas ouvidas em um levantamento disseram preferir alimentos naturais sem conservantes (Euromonitor). 

Uma nova revolução alimentar 

O conceito de segurança alimentar tem ido além das doenças provocadas por alimentos insalubres, mas também envolve o impacto dos seus ingredientes.
Os Noodles Maggi da Nestlé foram recolhidos das prateleiras durante seis meses nos Estados Unidos devido à presença excessiva de chumbo. Depois desse incidente, as vendas desse produto caíram 80% na Índia. 
Cadeias de fast-food estão ajustando seus menus, reduzindo a quantidade de substâncias químicas em seus pratos (Baum+Whiteman. Already, Chipotle Mexican Grill, Panera Bread, McDonald’s, Papa John’s e Subway, Wraps, Seletti, Go Fresh e Salad Creations). 
A Chipote, a primeira cadeia de fast-food saudável, é um exemplo mexicano. O próprio Mc donald's tem trabalhado nessa direção. 
Sem falar das inúmeras outras estratégias para atender essas novas realidades que pessoas bem informadas e vigilantes impõem às empresas, sejam fornecedoras, produtoras ou varejistas. 

A eliminação do glúten e do leite é outra revolução. Mesmo não precisando eliminá-los dos alimentos, muitos estão passando a descartá-los por prevenção de saúde, fazendo com que a indústria responda a essa exigência, lançando itens gluten-free ou sem lactose, e já são muitos nas prateleiras dos supermercados. 
A Dinamarca se lançou no mundo adotando desde há dois anos a agricultura 100% orgânica. Outros países a seguirão em breve. 

Alimento será moeda de troca? 
À medida que cresce a população mundial, aumenta a demanda de alimentos. A previsão para os próximos 15 anos é de um aumento de 35 % na produção. 
A escassez da água e as mudanças climáticas definem o destino das plantações e o aumento dos preços. 
Ano passado, a mídia chinesa relatou que o governo tinha comprado soja, milho, trigo e arroz dos agricultores e armazenado em silos por todo o país para uso em casos de emergência, para evitar flutuações excessivas de preços. 
O futurista-ambientalista Lester Brown, fundador do Worldwatch Institute, quando afirma algo, é ouvido por todo mundo. Pois então é preciso prestar atenção ao que ele agora sinaliza ao afirmar que “uma perigosa geopolítica” de escassez de alimentos está surgindo. 
Países agindo em seu próprio interesse, reforçando as tendências que ameaçam a segurança alimentar mundial. Quer dizer então que a base da economia mundial poderá estar no valor dos alimentos? Haverá moedas lastreadas na produção de arroz, carne e cereais? Por que não? 

Das mesas para as ruas 
A magnitude desse cenário tem influenciado o ativismo político: os alimentos estão cada vez mais presentes nas passeatas em praças públicas e têm sido pauta e movimentos sociais, a exemplo da revolução de 2011 no Egito. Daqui em diante mais e mais pessoas vão querer ter controle sobre a forma com que os alimentos são produzidos e consumidos. Continuarão também se indignando com paradoxos de um mundo em desequilíbrio e extremamente desigual: enquanto 795 milhões passam fome, 2,1 bilhões lutam contra a obesidade e um terço do que é produzido se perde ou vai para o lixo. 
O ativismo alimentar de entidades brasileiras como o IDEC e o Instituto Alana têm promovido campanhas com especial atenção para as crianças, já que 70% delas decidem os alimentos que querem que os pais lhes comprem. 

Na contramão das escolhas, os monopólios 
Na contramão do movimento cidadão capaz de mudar o rumo da indústria, aumenta a concentração das corporações aglomeradas por fusões e aquisições, segundo recente estudo lançado na Alemanha (Konzernatlas 2017), e isso fragiliza a amplitude de ação e de escolhas, incluindo a biodiversidade. Aumenta o número de espécies alimentícias em extinção como a batata roxa, a jabuticaba, o jenipapo, o umbu, a pitanga, o pinhão, o pequi e o babaçu. Quanto maior a concentração produtiva controlada pelas empresas, mais padronizada a alimentação. 

Que futuros irão nos alimentar? 
As crianças que estão nascendo hoje serão talvez adultos com vaga lembrança de ter convivido com a fome, de terem comido carne de animais abatidos, de embalagens de rápido descarte. As novas tecnologias prometem novos mundos na relação com os alimentos. 
A era pós-animal: quase um terço das terras férteis são utilizadas para criação de gado e o consumo de carne deve crescer 70% até 2050 (Economist). Mas o futuro já indica a possibilidade de consumirmos carne sem ter de devastar a natureza com pastagens. 
Essa aventura redentora já começou na Holanda, que já desenvolveu um hambúrguer feito de células do músculo de uma vaca, o que podemos chamar de carne in-vitro ou carne de laboratório. Uma única amostra de célula-tronco poderia produzir 20 mil toneladas de carne suficientes para preservar 440.000 cabeças de gado e, com isso, haveria uma redução de 45% na energia utilizada no ciclo produtivo.
Engenharia genética: a ideia de alimentos geneticamente desenhados ainda faz os ambientalistas torcerem o nariz. Trata-se da criação de novas cadeias alimentares (plantas e animais), melhor dizendo, da manipulação de semente. Apesar das controvérsias, muitos ainda advogam que essa será a saída para o combate da fome e poderá ser financeiramente viável nos próximos cinco anos. 
Nutrigenômica: teremos alimentos personalizados para cada necessidade nutricional e condições de saúde individualizada. Afinal, estamos na era da individualidade genômica.
Realidade aumentada: dietas com base na realidade aumentada já estão em operação em Tóquio e funcionam com aparelhos visuais que mostram a comida em tamanhos bem maiores que o real para criar ilusões de consumação. O sujeito pensa que está comendo um quilo de batatas fritas (pela imagem ampliada) mas de fato não ultrapassa 100 gramas. 
Alimentos 3D: o restaurante Food Ink é o primeiro do mundo a ter um cardápio impresso em 3D. O exército norte-americano pretende usar as impressoras 3D para customizar o alimento para cada soldado. A NASA está explorando a impressão 3D de comida no espaço. A tecnologia poderia até mesmo acabar com a fome em todo o mundo. A fabricante de chocolates Hershey já oferece produtos impressos e permite os consumidores fazerem sua própria impressão. 
Fazendas biológicas: poderão funcionar como fábricas biológicas para produção de moléculas de alto valor agregado em larga escala e com baixo custo. Plantas, animais e microrganismos geneticamente modificados para produção de medicamentos.
Um misto de sensações podemos sentir no contato com esses e outros futuros alimentares. Entre incertezas e encantamentos, é inegável que temos adiante uma das mais impressionantes jornadas a serem trilhadas na história da humanidade. 
Onde ela vai dar, tem muito a ver com o que juntos, bem informados, cidadãos conscientes e organizados em rede, iremos escolher. 


A matéria original foi publicada em
http://www.ihu.unisinos.br/564321-futuros-alimentares 

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

JOVENS ESTÃO APRENDENDO PROFISSÕES QUE SERÃO EXTINTAS

AI (Inteligencia Artificial) vai se apossar de mais de 60% das profissões mundiais em menos de 20 anos e os profissionais de TI não estão fora desta lista de profissões que serão jogadas no "limbo".
Como problema perceber a extinção de profissões não é exclusiva de trabalhos manuais. Existem previsões catastróficas no mercado de TI.
Tendo como fonte The Independent, a reportagem é de Pablo Roots, publicada por Suporte Ninja, 04-01-2017. 

De acordo com o relatório The New Work Order, divulgado pela Foundation for Young Australians (FYA), mais da metade dos estudantes do país estão atrás de profissões que se tornarão obsoletas pelos avanços tecnológicos e automação. Em um apontamento preocupante, a pesquisa mostra que 60% dos jovens entram no mercado de trabalho em profissões que serão “radicalmente afetados pela automação”, e que pode ocorrer dentro dos próximos 10 a 15 anos.

A CEO da FYA, Jan Owen, disse que enquanto a taxa de desemprego e subemprego para os jovens na Austrália já é de cerca de 30%, as chances de conseguir uma posição no mercado de trabalho vão continuar a encolher. “Nossa análise descobriu que 60% dos estudantes ocuparão empregos que terão um nível de automação de dois terços nas próximas décadas”, destacou.
Neste relatório recomenda que se dê mais ênfase às habilidades digitais e ao empreendedorismo para os jovens. Acrescenta também que a redução dos impostos para os trabalhadores de baixa renda e a concessão de mais direitos aos trabalhadores freelancers poderiam ajudar a preparar a economia e a sociedade da Austrália para o futuro.

Fazendo coro, no ano passado, um relatório dos professores da Oxford, Carl Benedikt Frey e Michael Osborne, analisaram 702 profissões e estimaram suas chances de automatização nos próximos 20 anos. Neste ano a Foxconn substituiu 60.000 funcionários por robôs em uma fábrica na China este ano A empresa de eletrônicos que abastece a Apple, Samsung e dezenas de montadoras famosas reduziu o quadro de suas fábrica em Kunshan (China) de 110.000 a 50.000 empregados, de acordo com o jornal South China Morning Post.

A empresa explicou que os novos robôs terão tarefas mais mecânicas no processo de produção, mas que os seus centros continuarão a precisar de trabalhadores envolvidos em pesquisa e desenvolvimento.
Substituir trabalhadores por robôs na cidade de Kunshan na China não é apenas uma decisão isolada da Foxconn, sendo que 600 grandes empresas estabelecidas nesta cidade têm planos parecidos. Atualmente, a cidade de Kunshan é a mais importante do mundo em produção de laptops e eletrônicos e conta com mais de 4.800 empresas.
Como se percebe, o problema da extinção de profissões não é exclusiva de trabalhos manuais. Existem previsões catastróficas no mercado de TI. A maioria das pessoas pensava que a AI só poderia assumir trabalhos manuais, como o de motoristas de táxis, caminhões, ônibus, cobradores de ônibus, supermercado e etc... Isso com certeza torna as previsões surpreendentes até mesmo para o público de profissionais de TI, já que são obviamente bastante familiarizados com tendências de carreira no setor de TI.
Em uma Conferência, em San Francisco, o bilionário Vinod Khosla fundador da Sun Microsystems, afirmou que 80% dos empregos de TI poderiam ser substituídos por sistemas com AI em questão de décadas.
"Eu acho que isso é emocionante", acrescentou Khosla, fundador da Sun Microsystems e da empresa de risco Khosla Ventures em Silicon Valley. Isso, é claro, é uma afirmação estranha a fazer sobre a perda de emprego de talvez milhões de pessoas no mundo.
Falando a uma plateia formada basicamente por CEOs e outros grandes executivos da tecnologia do Vale do Silício, Khosla apoiou sua declaração citando exemplos de empresas que estão desenvolvendo tecnologia que automatizaria a indústria de TI.
Ele menciona a Nutanix, uma empresa onde a Khosla Ventures vem investindo pesado em novas tecnologias para automatizar a maior parte do trabalho de infraestrutura da computação, automatizando a configuração, manutenção, administração e planejamento de redes, tudo através da nuvem. Ele também menciona startups de software empresarial como a Mesosphere, que simplificam muito o trabalho de instalação e manutenção de software em servidores.
Khosla tentou acalmar seu público de grandes executivos do Vale do Silicio, dizendo-lhes para não se preocupar porque "estamos todos nos outros 20%, não os 80% que são funções automatizáveis."
Ele garantiu que CEOs e grandes executivos de tecnologia não precisam se preocupar, garantindo que para eles ainda há um futuro promissor nas carreiras do alto escalão da Tecnologia da Informação.
Mas o bilionário do Vale do Silício não está sozinho em ver um futuro de IA nas indústrias de colarinho branco, talvez como médicos, advogados e contadores. E agora, como eles.
Mas para ser justo, talvez Khosla esteja certo ao dizer que é "excitante", pelo menos até certo ponto. Afinal, ver máquinas fazendo o que os seres humanos podem fazer tem uma "certa vantagem". Sendo que com a automatização dos processos ficará mais rápida, produtiva e mais barata. Isso pode garantir preços mais baixos e proporcionará benefícios para a sociedade comum através de tecnologias mais acessíveis.
A forma como trabalhamos mudará – mais automação, globalização e carreiras mais colaborativas poderiam ajudar a diminuir as barreiras do trabalho e tornar nossa vida mais flexível e menos regulamentada e com isso a qualidade de vida da população aumentaria.
No entanto, essas mudanças também podem levar a aumentos de desemprego, desigualdade social incalculável, além de total insegurança nos empregos. Nas melhores perspectivas, acredita-se que esta mudança "possa ser contornada" através do empreendedorismo e startups. Mas mesmo assim, a perda de empregos em larga escala que está prestes a acontecer não pode ser ignorada. É importante que os decisores políticos e os líderes da indústria apresentem soluções que possam ajudar o trabalhador e o ser humano e, ao mesmo tempo, permitir que o progresso tecnológico siga o seu curso. E "oremos à Matrix Quântica" para que os exércitos de máquinas e nanomáquinas tragam grandes melhoras a qualidade de vida da maioria ao invés de trazer lucros gigantescos para tão poucas corporações em contraponto ao caos mundial, com a população perdida entre a miséria e o apogeu de um consumismo exacerbado. (Embora isso seja quase impossível).
Acesse AQUI a lista de profissões a serem extintas.
Matéria obtida em: Revista IHU On-Line - Instituto Humanitas UNISINOS