Blog do Professor Márcio

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sexta-feira, 24 de julho de 2015

O Morro do Ouro na alma do poeta paracatuense

Morro do Nada
Adriles Ulhoa Filho

No começo Cruz das Minas; revelado Morro do Ouro; pois guardava em suas entranhas o cobiçado tesouro.
Encheu burras, enfeitou altares no tempo da escravidão até ser esgotado, exaurido... Sem servidão.
No abandono, descansa! Conserva a alcunha querida; dorme com suas dores, com o sangue de muitas vidas.
Hibernou dois longos séculos, sem luxo, sem vaidade, emoldurando o horizonte da pequena cidade.
Tornou-se um símbolo maior, orgulho... cartão postal: era seu Pão de Açúcar, sua Serra do Curral.
Já tem flores, já tem vida, volta a alegria ao lugar; nas águas que correm limpas nas pedras que formam altar!
Mas... chega o tal “progresso”. Chega a ganância matreira, para acabar com o que resta do velho morro do Fróis.
É sacudido, acordado da letárgica situação. Adeus para a boa vida, adeus para a solidão!
Chegam os homens! Vêm com máquinas, explosivos e ácidos fortes (será que estão querendo levar o morro à morte?)
Riscam e cavam o solo, usam até sondas modernas. Só haverá um vencedor no término desta baderna.
Fogem animais e pássaros. Fogem o arisco preá, o veado, a raposa e o gato, e até o lobo guará.
Fogem os homens calados, surdos... sem decisão! Incapazes de um gesto para deter a invasão.
Pecam por culpa ou omissão. Pecam, mesmo sem saber. Preferem ali construído mais um parque de lazer.
Não têm remédio nem pena, nada vai mesmo sobrar. Arrancam e estouram lajes, as pedras vão ser trituradas.

Morro do Ouro?  “Buraco Fundo de Alguns Trocados”
Que vai restar nestas plagas na grandiosa explosão? Qual Fènix renascerá das cinzas deste vulcão?
Barragens e tanques se formam. Constroem-se enormes represas. Tudo, só para conter resíduos da malvadeza.
Destroem-se grotas e grutas, derrubam casas e pontes, para guardar o que restou do outrora opulento monte.
A culpa, por certo, é dele, o Supremo Criador, que exagerou com a dose de ouro que o enfeitou.
O nome será mudado. Por certo será buraco: “Buraco Fundo de Alguns Trocados”.
Restarão, por fim, migalhas! Trocados, triste figura! Para quem tinha um morro (de ouro) compondo sua moldura.

Pobre Morro da Tristeza. Morro das Almas Penadas!
Pobre Morro do Ouro!
Pobre do... Morro do Nada!

Rezem Por Mim!

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Ministério Público faz novo acordo com a Kinross

Em 2011, o MPMG assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a Kinross Brasil Mineração, o qual, entre as medidas compensatórias assumidas, previa a realização de um "estudo epidemiológico e ambiental criterioso de arsênio (As) na região sob a influência do empreendimento, por meio de instituição que atenda aos critérios de imparcialidade e credibilidade técnica". Como se sabe, a mineradora não cumpriu o que foi estabelecido. Ao invés de cumprir o TAC, foi feito um "arranjo", com a interveniência da Prefeitura Municipal, que obteve verba pública federal para o feito, tendo contratado a FUNCATE, que atua na área de aviação, a qual repassou o contrato para o CETEM.

Com este arranjo, o estudo foi entregue a uma instituição que já prestou serviço à mineradora (quando ainda se chamava Rio Paracatu Mineração), cuja imparcialidade é suspeita e cuja credibilidade na área de estudo epidemiológico é duvidosa. Enfim, o estudo foi custeado pelo dinheiro público, passando por cima do princípio poluidor-pagador.

Como já denunciamos, o Relatório do CETEM mostra que as crianças e adultos ficaram fora do tal estudo, assim como os trabalhadores da mina, porque a mineradora não permitiu acesso a estes; ocorreram erros metodológicos grosseiros e as conclusões não têm suporte no estudo ambiental, que apontou bacias hidrográficas altamente contaminadas, e na avaliação de risco, que concluiu estarem os adultos abaixo de 40 anos e as crianças (que não foram examinados) sujeitos a efeitos cancerígenos. A conclusão do relatório pode ser sintetizada nas palavras do Promotor do Meio Ambiente de Paracatu: "A população pode agora dormir tranquila!".

Embora a população tivesse a garantia do Promotor de que poderia dormir tranquila, o Relatório não foi disponibilizado ao público, conforme preconiza a legislação brasileira. Ficou escondido, porque no seu bojo podem ser encontrados vários elementos que mostram que não se pode dormir tranquilo nesta cidade e nas imediações da mina. 

A divulgação do Relatório do CETEM só ocorreu porque a mineradora anexou uma cópia deste à Ação Civil Pública que a Fundação Acangaú move contra a RPM/Kinross e Prefeitura Municipal, desde 2009, por conta da suposta contaminação da cidade. Assim, tivemos acesso ao Relatório e passamos a analisá-lo. 

Tendo em conta os erros, omissões e conclusões falsas observados no Relatório do CETEM, os "biodesagradáveis" fizeram uma Réplica, tendo inclusive enviado cópia desta contestação ao Ministério Público Federal. O conteúdo principal da Réplica foi divulgado em entrevista que concedemos ao repórter Ed Guimarães, reproduzido no jornal O Movimento, além do site Alerta Paracatu e neste blog.

Desde que o público tomou conhecimento do conteúdo do Relatório do CETEM e da Réplica, o Ministério Público de Minas Gerais, que nos últimos anos tem se mantido calado e omisso frente à tragédia ambiental de Paracatu, vem agora assinar um "Aditamento de Termo de Compromisso" com a mineradora Kinross, para dar continuidade aos estudos epidemiológicos sobre arsênio.

Tudo bem, mas vejam a pérola: "O estudo será desenvolvido pelo Centro de Tecnologia Mineral (CETEM), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, em parceria com pesquisadores de universidades federais e internacionais." Por que exatamente o CETEM, que já deu mostra de incompetência para fazer um estudo sério e imparcial? A presença do CETEM terá sido uma exigência da mineradora para fazer o acordo?

Sou tentado a responder o seguinte: - A presença do CETEM é para que se chegue às mesmas conclusões! Será a minha resposta inconsistente? O tempo dirá.

Mas, para você que deseja ouvir outra opinião, deixo aqui o link de um artigo do Dr. Sérgio Dani. Clique em Alerta Paracatu

Se você quer também conhecer o novo acordo MPMG/Kinross, clique em  Aditamento

Boa leitura!


Água pura para a mineração e água suja para a população

É assim, GOVERNADOR, que se resolve a GRAVE CRISE HÍDRICA 
e a ESCASSEZ DE ÁGUA?





A Copasa faz obra no rio Paraopeba e vai levar água com esgoto para o reservatório de Rio Manso, para abastecer a população da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Enquanto isso, o governador de MG defende em público a mineração que destrói aquíferos e mananciais de água puríssima, essenciais aos rios das Velhas e Paraopeba. 

É assim, governador, que se resolve a grave crise hídrica e a escassez de água?


sexta-feira, 10 de julho de 2015

Secretário de Meio Ambiente de Minas Gerais não demonstra interesse em dialogar com a sociedade civil

No final do mês passado, o Fonasc, juntamente com outras entidades representantes do segmento da sociedade civil, participou de reunião com o secretário de Meio Ambiente de Minas Gerais, Sávio Souza Cruz, para tratar sobre as demandas da política ambiental no Estado. Participaram do encontro os ambientalistas: Antônio Eustáquio (Mover), Rogério Sepúlveda (Projeto Manuelzão/Guaicuy), Patrícia Generoso (Membro da REAJA e FONASC), Marcus Polignano (Projeto Manuelzão/Guaicuy), Gustavo Malacco (Angá) e Gisela Herrmann (Valor Natural).

O grupo foi unânime ao considerar que a reunião foi pouco produtiva e que apesar do secretário ter recebido os ambientalistas, ele não demonstrou interesse no diálogo com a sociedade civil e tão pouco reconhece as ONGs como parceiras de um projeto social em prol da conservação e na gestão da SEMAD.


De acordo com o grupo, o secretário foi enfático ao afirmar (e também lamentar) que a gestão passada teve muitos problemas e que a sociedade civil foi omissa (ponto que foi rechaçado pelo grupo durante a reunião).
Saiba quais foram as demandas e as respostas do secretário

Publicado por: INFORMATIVO FONASC.CBH XLIV - Ano II - Brasília/São Luís, 11 de julho de 2015.